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Celso Nascimento

Uma devassa na Ferroeste

Com a pontualidade de um trem europeu, desembarca na Ferroeste às 14 horas de hoje uma equipe de inspetores do Tribunal de Contas. Missão: revirar os armários da estatal em busca de esqueletos deixados pela administração do defenestrado presidente Samuel Gomes. A devassa foi pedida pela nova diretoria, nomeada dias atrás pelo governador Orlando Pessuti.Um levantamento interno da situação mostra que as dívidas deixadas fecharão em agosto em R$ 8,2 milhões. Os maiores credores são a Ipiranga Distribuidora de Petróleo, a Petrobras, o INSS, a Receita Federal e a Ferropar – a ex-concessionária que, após ter tido seu contrato rompido no fim de 2006, passou a alugar locomotivas e vagões com os quais a Ferroeste vinha precariamente operando desde então.

A partir daí, enquanto a Ferroeste descarrilava, o então presidente viajava de avião para defender a criação da Ferrosul – uma ferrovia virtual que ligaria Mato Grosso do Sul ao Rio Grande do Sul com escala no Paraná. Por conta dessa pregação, foram gastos de janeiro a junho nada menos de R$ 150 mil em passagens e diárias – segundo relatório a que esta coluna teve acesso. A conta com celulares chegou a R$ 40 mil no período.

A devassa na Ferroeste – com a eventual descoberta de esqueletos maiores – deve aprofundar ainda mais o irremediável atrito entre Roberto Requião e Pessuti, que nos últimos tempos se dedicou diligentemente a desmontar a máquina pessoal do ex-governador nas estruturas do estado. Tirar do comando da Ferroeste um notório aliado do antecessor e, ainda por cima, expor publicamente o seu fracasso, atinge diretamente os nervos mais sensíveis de Requião.

Quem paga pelo rombo

Os funcionários da prefeitura de Curitiba estão apreensivos com as notícias de que terão de pagar do próprio bolso o rombo do Instituto Curitiba de Saúde (ICI). Além disso, temem perder alguns benefícios e, até, de ter de arcar com despesas de internamento hospitalar. Estas possibilidades foram aventadas pelo presidente do ICI, José Lupion Neto, durante reunião com representantes do Sindicato dos Servidores do Município de Curitiba (Sismuc).

O Sismuc pediu – mas não obteve confirmação – audiência com o prefeito Luciano Ducci. Os funcionários querem receber dele garantias de que não serão sacrificados em razão das "graves anormalidades econômico-financeiras e administrativas" detectadas pela Agência Nacional de Saúde (ANS) no ICI.

Tais irregularidades motivaram a ANS a decretar um regime de "direção fiscal" no instituto, baixado pela Resolução n.º 850 publicada no último dia 13. Uma curiosidade: esta intervenção não foi ainda implantada porque o ICS se nega a pagar as diárias do funcionário designado pela ANS. A direção do ICI alega que, por não ser um organismo credenciado pela agência, estaria desobrigado de pagar tal despesa. Acontece que uma das anormalidades apontadas pela ANS é exatamente o fato de o ICS não ter providenciado seu credenciamento – norma legal a que estão sujeitas todas as instituições (públicas ou privadas) prestadoras de serviços de saúde.

O ICI é responsável pelo atendimento dos 33 mil funcionários da prefeitura e seus dependentes, num total aproximado de 75 mil pessoas. A crise pela qual passa – embora Lupion negue – decorre do cancelamento desde 2007 dos repasses orçamentários do município.

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