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Celso Nascimento

O secretariado de Fruet

O prefeito eleito Gustavo Fruet anunciou ontem parte do seu secretariado. As reações, públicas ou privadas, positivas ou negativas, não tardaram a surgir. É natural. De positivo, o cumprimento da promessa de que daria prioridade à composição eminentemente técnica de sua equipe – o que, de fato, pode ser comprovado pela análise do currículo da maioria dos indicados, quase todos bem formados em prestigiosas instituições nacionais e internacionais nas áreas que lhes caberão na futura administração.

Como havia anunciado desde a campanha, preferiu não ceder às pressões político-partidárias. Claro, estão presentes na equipe nomes oriundos das legendas que lhe deram sustentação na eleição, mas nem por isso os escolhidos escaparam ao critério da especialidade técnica. A dúvida, porém, apareceu em seguida: seriam estes acadêmicos e especialistas também capazes de exercer com eficiência as exigências gerenciais e operacionais que vão enfrentar. Afinal, é longa a lista de problemas que serão deixados pela administração que termina e que estão à espera de soluções urgentes.

Dentre os nomes aplaudidos na composição do secretariado está o de Eleonora Fruet, que reúne as duas condições básicas para ser uma boa secretária de Finanças: é economista bem formada e já mostrou, em cargos ocupados anteriormente, ser também uma boa gerente. Mas... mas Eleonora é irmã do prefeito, o que imediatamente faz lembrar que Gustavo não teria resistido a aderir ao nepotismo.

Sozinha, a nomeação de Eleonora seria até assimilada com naturalidade. Mas ao nome dela se somou outro caso – o da indicação da esposa Márcia para a presidência da Fundação de Ação Social (FAS), de cuja competência para o posto também não há razão para duvidar. Logo, são dois os parentes próximos na equipe do novo prefeito, o que leva à negação do discurso antinepotismo e que, neste quesito, assemelha a nova administração municipal aos governos de Beto Richa e Roberto Requião, tão combatidos pela presença de irmãos e esposas.

Faltam ainda pelo menos 18 nomes para ser anunciados, o que deverá ocorrer somente após a posse. O critério técnico deverá prevalecer, até o ponto, no entanto, em que se tornem irresistíveis as cobranças dos indivíduos e grupos políticos que apoiaram Fruet – desde o início ou à última hora – e se acham merecedores de retribuição. É o que se vai ver depois do dia da posse, em 1.° de janeiro.

Ao anúncio do secretariado se seguiu uma entrevista de Fruet sobre como deverá enfrentar a herança de problemas que receberá. Segundo ele, não são poucos os desafios. Terá de se haver, por exemplo, com dívidas contraídas pela prefeitura com empresas prestadoras de serviço. Com obras iniciadas para as quais não há recursos previstos necessários à sua conclusão. Aliás, uma prática que ele promete acabar: em sua gestão, disse ele, toda obra, antes de ser começada, deverá ter recursos definidos e garantidos para que cheguem ao final.

Não passou em branco, também, o caso do viaduto estaiado da Avenida das Torres. Segundo relatório técnico do Tribunal de Contas, há ali uma irregularidade grave – um sobrepreço de R$ 6,7 milhões. A prefeitura, em nota, nega, mas Fruet não desacredita da seriedade dos 18 técnicos do TC que identificaram o suposto superfaturamento. Mesmo antes da comprovação, Fruet pretende renegociar o contrato com as construtoras.

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