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"É fundamental que o Estado do Paraná continue controlando a Sanepar."

Do senador Alvaro Dias, tucano e de oposição, apoiando o esforço de requião para alijar um grupo privado da gestão da empresa.

Mistério no Centro Cívico: Requião ficou com "o coração em pedaços" – garantem testemunhas – depois de receber em sua sala, no Palácio das Araucárias, um inesperado presente. Um "pen drive" (dispositivo de computador para armazenar dados), que ele abriu em seu computador particular.

A peça foi entregue ao governador na última quarta-feira por uma pequena comitiva de assessores altamente qualificados, de estatais e secretarias, que pediram audiência extra-agenda.

O iracundo Requião ficou, desta vez, constrangido com o que ouviu. Em seguida, chamou um secretário e, visivelmente abatido, ordenou: "Guarde no cofre especial".

As fontes da coluna temem revelar o conteúdo do pen drive, mas adiantam que se refere a conversações telefônicas mantidas por um amigo e conselheiro – a quem devotava irrestrita confiança, a ponto de conseguir que voltasse recentemente a fazer parte do governo – e representantes de setores com os quais Requião vive em conflito.

Na tarde do dia seguinte, ao receber visitas, usou vários adjetivos para qualificar seu estado de espírito. "Chocado", "aliviado" e "muito triste" foram alguns deles. A um dos interlocutores se disse "com coração partido". Para um deputado, sem revelar a quem se referia, falou que fora "miseravelmente traído".

Mas quem mais teria sofrido as conseqüências da ira incontida do governador teria sido uma humilde empregada doméstica que há anos prestava serviços à família na Granja do Cangüiri: teria sido sumariamente demitida por ordem direta do patrão. Quanto ao pivô da raiva, não há notícias de que seja alcançado por punição idêntica. Já não se pode dizer o mesmo quanto ao destino que terão os autores da denúncia, já que virou moda a demissão de quem se arrisca a falar sobre maracutaias no governo.

O segredo do pen drive 2

O caso do pen drive, que tanto desnorteou o seu já instável humor, não é o único motivo que o governador Roberto Requião encontra para encher-se de preocupações. São tantos os problemas que o atazanam que já não encontra tempo para fazer o que deveria – isto é, governar o estado.

A maioria das questões que enfrentou nas últimas semanas tem origem nos próprios arroubos. Apenas está recebendo agora o troco por ter agido com autoritarismo ou ao arrepio da lei. Querem ver uns exemplos:

• Apoiou a invasão dos sem-terra à Fazenda Syngenta e agora passa a carregar em sua biografia a marca de ser o responsável indireto pelo conflito que ocasionou duas mortes.

• Perdeu na Justiça praticamente o último trunfo com que contava para despejar o Dominó da Sanepar, após ter tentado durante cinco anos fazer a ruptura unilateral do pacto de acionistas assinado com o grupo privado.

• Fracassou na tentativa de colocar a Copel no ramo do pedágio. Ao participar do leilão federal e apresentar tarifa muito superior à dos seis primeiros colocados, perdeu a bandeira de que, com ele no governo, seria possível ter pedágio mais barato.

• Teve de lidar com a péssima repercussão da revelação dos gastos (R$ 210 milhões!) do governo com cartão corporativo.

• Foi cobrado pela descoberta de que aumentou exageradamente o quadro de funcionários do estado, que passou de 90 mil servidores em 2003 para 160 mil em 2006 (77% de acréscimo em quatro anos).

• Anda muito apreensivo com coisas feias que poderão vir a público quando o ex-diretor da Imprensa Oficial, João Formighieri, decidir cumprir a promessa de franquear seus arquivos.

Olho vivo

Reação 1 – O Conselho Nacional do Ministério Público – aquele que conseguiu tirar do quadro de promotores o secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari – acaba de encampar a tese de que é inconstitucional o anteprojeto do Requião de dispor sobre cargos e salários do Ministério Público.

Reação 2 – Em nota publicada no seu site, o CNMP afirma que o STF já fixou que, pela Constituição, só o procurador-geral de Justiça tem poder de iniciativa para legislar sobre o Ministério Público. "Dessa forma – diz a nota –, é constitucionalmente impossível ao Senhor Governador, por iniciativa própria, modificar matéria que exige o impulso inicial do próprio MP."

MST – A Funpar (Fundação Universidade Federal do Paraná) está devendo explicações sobre a notícia de que o sem-terra Valmir Mota de Oliveira – um dos mortos no conflito da Fazenda Syngenta – teria salários pagos pela instituição. Há muita gente interessada em saber se há outros (e quantos) militantes do MST na mesma situação.

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