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Nos arraiais políticos de todas as cores e partidos já reina uma unanimidade: o prefeito Beto Richa será reeleito, com folga, no primeiro turno. E daí? Daí que as principais forças políticas do estado já começaram a se movimentar com vistas a 2010, tendo agora como fator que as move a clareza de que Richa praticamente já se credenciou para disputar o governo.

Como esta é uma probabilidade com 99% de acerto, um alto dirigente partidário da oposição mostrou sua erudição lembrando Camões para afirmar que tudo quando antes vinha sendo combinado já está deixando de valer: "Cesse tudo o que a antiga musa canta/ Que um outro valor mais alto se alevanta."

Com isso, concretamente, quis dizer o seguinte: assim que forem contados os votos do próximo dia 5 de outubro, vai se romper a aliança do PSDB de Beto Richa com o PDT do senador Osmar Dias – tido e havido até agora como candidato solitário das oposições ao governo do estado em 2010 e que contava com o apoio do prefeito.

Nem por isso, Osmar Dias poderá deixar de ser candidato, embalado pela força que o sustenta no interior, um trunfo que Beto Richa não possui. Nesse caso, a oposição se dividirá na disputa de 2010, dando chance a um terceiro nome: o vice-governador Orlando Pessuti.

Pessuti terá nove meses de mandato e de poder político com a renúncia de Requião para disputar uma cadeira no Senado ou de deputado federal. Sem mandato é que Requião não quererá ficar, pois, perseguido por inúmeros processos judiciais, precisa ardentemente da imunidade que a condição de parlamentar lhe confere.

Pessuti será, então, o nome mais forte do PMDB e, como governador, terá todas as condições para candidatar-se à permanência no cargo. No mínimo para fazer tudo o que puder para atrapalhar os sonhos de Requião – o desafeto que cultiva em silêncio no coração.

Seriam, então, três os principais candidatos em 2010: Beto Richa, Osmar Dias e Orlando Pessuti. Com um detalhe importante: é provável que o PT se veja impedido de lançar candidato próprio (Paulo Bernardo ou Jorge Samek), pois o candidato de Lula poderá ser o senador Osmar Dias. Lembrem-se: o PDT é partido da base aliada do presidente e eleitoralmente Osmar Dias seria uma opção mais viável do que os nomes que o PT oferece. Este, aliás, é outro fator que tende a afastá-lo de Beto Richa.

E onde fica o senador Alvaro Dias, outro potencial candidato ao governo, nesse quadro? Suas possibilidades não são pequenas. Segundo acredita o mesmo dirigente partidário com quem a coluna analisou as perspectivas da política paranaense, Alvaro pode ser tentado a firmar um acordo com Requião, bom para ambos os lados.

Nesse caso, o senador teria de aproveitar a possível "janela da fidelidade" que o Congresso estuda abrir para sair do PSDB e ingressar em outro partido disposto a dar-lhe legenda para candidatar-se. O PTB parece ser a melhor alternativa. E aconteceria o que, para muitos, ainda parece inimaginável: uma dobradinha Alvaro para o governo, Requião para o Senado.

Esta situação seria facilitada para Alvaro se o irmão Osmar desistisse da candidatura ao governo e tentasse a reeleição para o Senado. Mas nem se Osmar mantiver a disposição de conquistar o governo fará Alvaro abandonar a própria candidatura.

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Olho Vivo

Em família 1

A súmula antinepotismo do STF já está valendo, mas poucos tomaram a iniciativa de obedecê-la. Uma das exceções é João Arruda, sobrinho de Requião, que pediu demissão de uma diretoria da Cohapar. Claro que não sem antes lamentar ter sido vítima não da súmula mas da hipocrisia dos outros: "a hipocrisia tira-me do governo que ajudei a conquistar com o meu trabalho."

Em família 2

Luiz Carlos Delazari é secretário especial da Corregedoria-Geral do Estado. Luiz Fernando Delazari é secretário da Segurança. Fabrício Stadler Correa é presidente da Comissão Permanente de Licitação da Paranacidade e conselheiro do Centran. O primeiro é pai do segundo e sogro do terceiro. Conseqüentemente, o segundo é filho do primeiro e cunhado do terceiro. Em outra ordem, o terceiro é genro do primeiro e cunhado do segundo.

Em família 3

Orlando Pessuti é vice-governador. Regina Fischer Pessuti é assessora da vice-governadoria. Roseli Fischer é diretora do Museu Alfredo Andersen. O primeiro é marido da segunda, que por sua vez é irmã da terceira. Logo, a terceira é cunhada do primeiro. Roseli é aparentada também de um quarto, Nelson Pessuti, conselheiro da Copel, que é irmão do primeiro, cunhado da segunda e também irmão de uma quinta, Neusa Pessuti Francisconi, ex-chefe de núcleo da Educação. Que, por coincidência, tem outro membro da família no governo, o de número seis: Stela Maris Pessuti Francisconi.

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