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Olho vivo

Cadê a bala? 1

O dicionário Aurélio – famoso "pai dos burros" – define a palavra bravata como um substantivo feminino com três siginificados que se completam: 1. Ameaça feita de modo arrogante; 2. Dito ou atitude de fanfarrão; 3. Pretensa valentia. Pois bem, os que, ontem à noite, ficaram de olhos e ouvidos pregados no programa do PMDB do horário eleitoral da tevê, tiveram a ocasião de confirmar o "Aurélio": não passava de fanfarronice a ameaça que o candidato Roberto Requião fizera de disparar uma "bala de prata" com poder para fulminar o adversário Richa.

Cadê a bala? 2

Coisas dantescas seriam reveladas, e de tal grau de imoralidade que se recomendava tirar os crianças da sala. E o que aconteceu? Nada, absolutamente nada. No lugar da suposta e terrível bala apareceu tão somente a figura angélica e simpática da candidata a vice, deputada Rasane Ferreira (PV), descrevendo as bondades que Requião dedica às mulheres, incluindo a própria mãe.

Cadê a bala? 3

Com medo-pânico da bomba que poderia estourar, o PSDB de Richa tomou uma precaução que se revelou inútil: pôs no ar uma solene advertência do ex-governador Orlando Pessuti pedindo aos eleitores para não votar em Requião, embora seja ele do mesmo partido, o PMDB. E avisou: o que sairia no próximo segmento do horário eleitoral, de responsabilidade de Requião, seria outra falsidade das tantas que ele já proferiu para prejudicar inimigos, dentre os quais citou a si próprio e outro ex-vice-governador, Mario Pereira.

Cadê a bala? 4

"Gastaram" o Pessuti? Terão de repetir sua fala no próximo programa? A "bala" virá no programa de quarta? Ou tudo não passava de mais uma bravata?

Apelemos para um raciocínio absurdo e admitamos que os institutos de pesquisa não tenham lá muita responsabilidade pelas previsões que divulgam. Eles estariam protegidos, primeiro, pela impossibilidade prática de os índices serem comparáveis com a realidade; e, segundo, por mais corretos ou errados que estejam seus índices iniciais, sempre poderão alegar que os primeiros prognósticos no final mudaram em razão de "fatos novos" que ocorreram durante o período.

As explicações são plausíveis. Entretanto, há um fator com que os institutos se preocupam muito. Trata-se da própria credibilidade – qualidade em que se assenta o seu negócio. Quanto mais acertarem nas previsões, mais respeitados serão e, logicamente, mais caro poderão cobrar por seus serviços no futuro. Portanto, na reta final das campanhas os institutos "capricham" para que suas previsões acabem confirmadas nas urnas. Esta é a glória que eles sempre buscam.

Evidente que a história não lhes é muito favorável tantos são os erros – às vezes grotescos – que as pesquisas apresentam. Lembremo-nos, porém, que estamos na última semana da campanha que antecede a eleição. Seguindo a lógica de que, neste período, as pesquisas já teriam de apresentar índices muito próximos daqueles que se verificarão nas urnas, teríamos, em tese, o dever de acreditar no Ibope/RPCTV de ontem.

E, na hipótese de seus índices de fato retratarem a tendência do eleitorado nestes momentos finais da disputa, já não teríamos motivo para elucubrações: não haverá segundo turno no Paraná. Beto Richa (PSDB) será reeleito batendo os dois principais adversários por considerável diferença.

O Ibope cravou-lhe ontem 47% de votos, contra 28% de Requião (PMDB), 9% de Gleisi (PT) e 2% na soma dos nanicos. Ou seja, a reeleição de Richa se daria com uma margem de 10 pontos acima dos seus oponentes.

Essa folga pode mudar? Beto Richa pode ter menos votos do que lhe atribui o Ibope? Requião, Gleisi e os demais poderão somar mais do que prevê a aferição feita a cinco dias do pleito? A resposta é sim. Sim, mas é improvável que se invertam as posições. No máximo, podemos supor que, em razão das margens de erro, ainda tenhamos um hipotético segundo turno – no qual, de novo, o Ibope aponta para a reeleição ante qualquer dos dois outros candidatos.

E então, já tarde demais, os derrotados passarão a se perguntar: "Onde foi que eu errei?"

Metodologia

Ibope entrevistou 1.204 eleitores, em 65 municípios, entre 24 a 28 de setembro, por encomenda da Sociedade Rádio Emissora Paranaense S/A. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) sob o protocolo PR-00042/2014.

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