Apelemos para um raciocínio absurdo e admitamos que os institutos de pesquisa não tenham lá muita responsabilidade pelas previsões que divulgam. Eles estariam protegidos, primeiro, pela impossibilidade prática de os índices serem comparáveis com a realidade; e, segundo, por mais corretos ou errados que estejam seus índices iniciais, sempre poderão alegar que os primeiros prognósticos no final mudaram em razão de "fatos novos" que ocorreram durante o período.
As explicações são plausíveis. Entretanto, há um fator com que os institutos se preocupam muito. Trata-se da própria credibilidade qualidade em que se assenta o seu negócio. Quanto mais acertarem nas previsões, mais respeitados serão e, logicamente, mais caro poderão cobrar por seus serviços no futuro. Portanto, na reta final das campanhas os institutos "capricham" para que suas previsões acabem confirmadas nas urnas. Esta é a glória que eles sempre buscam.
Evidente que a história não lhes é muito favorável tantos são os erros às vezes grotescos que as pesquisas apresentam. Lembremo-nos, porém, que estamos na última semana da campanha que antecede a eleição. Seguindo a lógica de que, neste período, as pesquisas já teriam de apresentar índices muito próximos daqueles que se verificarão nas urnas, teríamos, em tese, o dever de acreditar no Ibope/RPCTV de ontem.
E, na hipótese de seus índices de fato retratarem a tendência do eleitorado nestes momentos finais da disputa, já não teríamos motivo para elucubrações: não haverá segundo turno no Paraná. Beto Richa (PSDB) será reeleito batendo os dois principais adversários por considerável diferença.
O Ibope cravou-lhe ontem 47% de votos, contra 28% de Requião (PMDB), 9% de Gleisi (PT) e 2% na soma dos nanicos. Ou seja, a reeleição de Richa se daria com uma margem de 10 pontos acima dos seus oponentes.
Essa folga pode mudar? Beto Richa pode ter menos votos do que lhe atribui o Ibope? Requião, Gleisi e os demais poderão somar mais do que prevê a aferição feita a cinco dias do pleito? A resposta é sim. Sim, mas é improvável que se invertam as posições. No máximo, podemos supor que, em razão das margens de erro, ainda tenhamos um hipotético segundo turno no qual, de novo, o Ibope aponta para a reeleição ante qualquer dos dois outros candidatos.
E então, já tarde demais, os derrotados passarão a se perguntar: "Onde foi que eu errei?"
Metodologia
Ibope entrevistou 1.204 eleitores, em 65 municípios, entre 24 a 28 de setembro, por encomenda da Sociedade Rádio Emissora Paranaense S/A. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95%. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR) sob o protocolo PR-00042/2014.
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