Promete momentos emocionantes a sessão da CPI do Transporte Coletivo na manhã de quinta-feira na Câmara Municipal: estarão lá para depor representantes da Urbs, a empresa municipal que administra Rede Integrada de Transporte (RIT). Um dos temas que precisarão esclarecer diz respeito à bilhetagem eletrônica serviço prestado pela empresa Dataprom em conjunto com o Instituto Curitiba de Informática (ICI).
Empresários que exploram o transporte coletivo enxergam na bilhetagem um possível ralo por onde podem desaparecer apreciáveis receitas do sistema, segundo insinuou na última quinta-feira, em sessão da CPI, o advogado do sindicato das empresas, Sacha Rech. A bilhetagem é uma caixa-preta: ninguém consegue ter acesso claro e total aos seus dados, disse o advogado.
A coisa funciona mais ou menos assim: grande parte dos passageiros que toma ônibus em Curitiba paga a tarifa com cartão eletrônico lido pelas máquinas validadoras existentes nos terminais, estaçõestubo e mesmo dentro dos veículos. Softwares da Dataprom e do ICI contabilizam os pagamentos e os valores são repassados às empresas de transporte na proporção do número de passageiros que transportaram, excluídas as gratuidades, embora essas também sejam registradas.
Mas quem confere a veracidade dos números? Taí um problema: já faz tempo que, estranhamente, a Urbs mandou lacrar os contadores mecânicos existentes nas catracas, de tal modo que é impossível se saber, por comparação, se o que dizem os computadores do ICI conferem com os registros que os contadores mecânicos poderiam fazer.
Segundo dados oficiais, o número de passageiros pagantes do sistema caiu 20% nos últimos dez anos. No entanto, nesse mesmo período, a frota aumentou e os ônibus se tornaram maiores, mas nem por isso, deixaram de trafegar "apinhados". Não deixa de ser um mistério: por que então a bilhetagem eletrônica acusa queda no número de passageiros transportados?
Embora a Urbs, as empresas e passageiros reclamem de falhas, a Dataprom diz que suas máquinas validadoras são infalíveis. Por isso, nem mesmo teme perder o serviço que presta, via ICI, ou ser derrotada numa concorrência direta que a prefeitura queira fazer para escolher empresa por menor preço e melhor qualidade. O contrato com a Dataprom/ICI termina em agosto.
A Dataprom cobra o equivalente a R$ 200,00 por mês de cada ônibus da frota urbana de Curitiba e R$ 70,00 dos que fazem linhas metropolitanas uma disparidade para a qual também se procura explicação. Trata-se de um problema que pouco afeta as empresas, pois todo esse custo está dentro da tarifa técnica (R$ 2,99) que recebem da Urbs. Mas se o número real de passageiros for maior do que aferido e se o serviço custasse menos, a tarifa poderia baixar. E talvez nem necessitar do subsídio para ser mantida em R$ 2,70.



