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Celso Nascimento

Os puristas e os pragmáticos

As executivas do PT e do PDT se reuniram na manhã de ontem para enterrar as desconfianças que um partido tem do outro quanto à aliança para disputar o governo estadual. Da parte do PT, há os que defendem a união em torno do nome do pedetista senador Osmar Dias e os que preferem candidato próprio. No PDT, uns veem inconveniências em aproximar-se dos petistas e outros que acham que, se a frente não for ampliada pela presença do PMDB, o apoio petista será insuficiente para garantir a vitória.

É para a procura de uma solução para estas mútuas suspeitas que os dois partidos iniciaram ontem o seu psicodrama. Essa terapia de grupo já produziu, pelo menos, um diagnóstico: o PT está sofrendo de dupla personalidade. De um lado, sentam-se os "puristas", aqueles que pensam nas velhas bandeiras do partido e se recusam a apoiar al­­­­guém que, com sua história ligada ao agronegócio, seria inimigo do PT. Do outro lado, sentam-se os pragmáticos, isto é, que consideram mais importante ajudar Dilma Rousseff a ter uma grande votação no Paraná do que preocupar-se com firulas ideológicas.

Os puristas não se importam em perder a eleição para governador e nem com o resultado pró-Dilma no Paraná. Por isso pensam até em lançar a candidatura da secretária Lygia Pupatto (Ciência e Tecnologia), mesmo sabendo que ela não detém mí­­­nima densidade eleitoral para conquista nem sequer a metade do ventrículo esquerdo do coração dos paranaenses.

Já os pragmáticos, sabendo disso, agarram-se na ordem – igualmente muito pragmática – emanada do presidente Lula, de que, para enfrentar o presidenciável tucano José Serra no Paraná, Dilma tem de ter a seu lado um bom "puxador" de votos. No caso, o senador Osmar Dias. Não há, entre os petistas paranaenses, nenhum nome capaz de cumprir esta tarefa e nem de representar uma chance de derrotar Beto Richa.

Os pragmáticos petistas tentam tourear as resistências internas para fazer valer a orientação de Lula de colocar Osmar Dias na cabeça da chapa, enquanto trabalha também em outro fronte dificílimo – o de trazer o PMDB do governador Roberto Requião para o seu redil.

O PDT, por sua vez, está mais interessado em eleger Osmar Dias do que de servir de palanque para Dilma. Quer mais em troca do apoio que lhe está sendo pedido. Só com o PT e mais al­­­guns pequenos partidos, as chances de Osmar patinam. Então, que o PT, se quer mesmo ajudar Dilma, que ajude também o PDT a ampliar as chances de Osmar. O que pode ser feito não deixando que o PMDB paranaense caia para as bandas tucanas de Serra e Beto Richa.

Não está sendo fácil construir esta equação. Primeiro, porque a cúpula petista precisa, em primeiro lugar, manter a unidade do partido – isto é, trazer os puristas para o lado pragmático – e, ao mesmo tempo, enfrentar o tradicional jogo pendular de Requião – como aconteceu em 2006, quando variou até a última hora entre Lula e Geraldo Alckmin. Solto, Requião é um perigo, avaliam os pragmáticos.

Também entre os pedetistas, há pragmáticos: consideram que não mais como reconstituir a aliança de 2006 e 2008 com os tucanos e que, portanto, só so­­brou a alternativa de ficar com o PT. Mesmo que o PMDB não seja incluída na cesta partidária.

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