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Já há um – e único – fato consumado na corrida pela disputa de 2010 ao governo estadual: no fim de semana, em Foz do Iguaçu, o senador Osmar Dias declarou-se irreversivelmente candidato ao cargo. Foi durante a primeira da série de reuniões regionais que programou para agregar sugestões ao Projeto Paraná – um conjunto de propostas que, se eleito, constituirá seu plano administrativo.

O acontecimento pode ser visto de duas maneiras. A primeira delas é que a atitude de Osmar de colocar-se como candidato com mais de um ano de antecedência em relação ao prazo fatal para as convenções partidárias (junho do ano que vem) diferencia-se radicalmente do que aconteceu em 2006.

Na eleição anterior, Osmar manteve-se titubeante até os momentos finais. Alegava sobretudo problemas de saúde para adiar a decisão, que deixou para os 46 do segundo tempo. Aflitos com a demora, potenciais aliados acabaram assumindo outras candidaturas, como ocorreu, por exemplo, com o DEM (ex-PFL), que apoiou no primeiro turno o candidato do PPS, Rubens Bueno.

A demora na organização da campanha e a perda de adesões importantes foram dois dos fatores apontados como responsáveis pela derrota de Osmar frente ao candidato à reeleição, Roberto Requião. No segundo turno, a ampla aliança formada pelo seu próprio partido, o PDT, e pelas demais fortes siglas com atuação no Paraná (PSDB, DEM, PPS, PSB) deu a Osmar a força que não teve no primeiro. A tal ponto que lhe faltaram tão somente 5 mil votos para chegar ao governo.

O senador não quer que lhe acusem de cometer o mesmo erro de 2006. E por isso antecipou-se agora ao tempo próprio das decisões. Vem, então, a segunda maneira de encarar o fato: a antecipação não lhe permitiu formalizar uma aliança tão forte quanto a que pretendia.

Vejam só: da aliança original, o mais forte partido era o PSDB. Hoje, armado com um candidato que pode chamar de seu, o prefeito Beto Richa, o PSDB dá claras demonstrações de que pretende abandonar o barco osmarista.

Trata-se de uma defecção que não pode ser desconsiderada, tanto em razão da divisão de um mesmo eleitorado em duas partes, quanto pelo fato de que a eventual decisão dos tucanos em favor de Beto Richa tem o poder explosivo de criar, definitivamente, outro cenário. Nesse caso, abrem-se as portas para que Osmar Dias enfim ceda aos encantos do presidente Lula, do PT e da candidata presidencial Dilma Rousseff para marchar juntos em 2010.

E daí tudo muda de novo: Osmar Dias, numa chapa ligada a Lula e ao PT, teria condições de segurar como aliados o ruralista, conservador e oposicionista DEM? E teria também condições de segurar o eleitorado que lhe parecia cativo, o dos produtores rurais? Ambos, como se sabe, benzem-se com água benta quando ouvem falar no PT.

De qualquer modo, sejam quais forem os demais efeitos provocados pelas antecipação do lançamento oficial de sua candidatura, Osmar Dias já conseguiu um resultado: todos os demais partidos e pretendentes já sabem onde está o marco do qual lidarão a largada para a própria corrida.

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Olho vivo

Coletivo 1

Será hoje à noite a audiência pública convocada pela Urbs para debater a licitação do transporte coletivo que a prefeitura pretende realizar neste ano. Trata-se de uma promessa que o prefeito Beto Richa vem fazendo desde a gestão anterior. Com a licitação, pretende-se interromper a história iniciada em 1956 (53 anos, portanto!) de permissão contínua das empresas que prestam o serviço em Curitiba.

Coletivo 2

A concorrência é outra daquelas que tem muita chance de acabar na Justiça: ou as atuais empresas conseguem meios de manter-se no ramo ou, se se virem ameaçadas, vão buscar em outras instâncias um modo de resguardar os investimentos que fizeram em 53 anos.

Recebíveis 1

Ninguém mais desconhece que a Cohapar – a companhia estadual de habitação – vive crise financeira. Falta-lhe capital até para manter em dia o pagamento aos construtores das poucas casas populares que entrega. Surge, agora, uma versão nova para explicar a origem da crise.

Recebíveis 2

A culpa maior não está só no inchaço de funcionários e no excesso de gastos. Tudo teria começado sob a presidência de Luiz Cláudio Romanelli, atual líder de Requião na Assembleia: teria sido de sua iniciativa a venda de "recebíveis" da Cohapar, com deságio, para outras instituições. Isto é, antecipou o recebimento de boa parte das prestações devidas pelos mutuários e hoje não dispõe de capital para manter o giro.

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