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Demorou, mas Osmar Dias parece ter encontrado o tom mais adequado para não perder eleitores e para dissipar a onda de desconfiança que rondava perigosamente a sua candidatura. A mudança de postura ficou visível, ontem, durante a sabatina à que foi submetido por jornalistas da Folha de S.Paulo e do portal UOL, transmitida ao vivo pela internet. Hoje será a vez de seu oponente, Beto Richa, enfrentar a mesma sabatina.

Os jornalistas, auxiliados por perguntas enviadas também por internautas, questionaram exatamente os pontos mais sensíveis da campanha de Osmar, aparentemente responsáveis pela perda de credibilidade (e de pontos nas pesquisas) que vem apresentando. Ao que parece, o candidato aproveitou a oportunidade para corrigir o rumo, estancar a sangria de votos e reconquistar a parcela do eleitorado que, decepcionada, preferia abastecer o balaio do adversário.

No fundo, viu-se o esforço do candidato para reencontrar o eixo perdido desde que passou a andar em companhia do inimigo de ontem, o ex-governador Roberto Requião, e do PT, partido que carrega o estigma de manter vínculos com o MST – bicho-papão que assombra os proprietários rurais, tradicionais eleitores de Osmar.

O pedetista aproveitou uma das perguntas para resumir o que pensa sobre as duas questões – Requião e reforma agrária. "Eu não preciso concordar com tudo que ele [Requião] pensa. Como governador, eu preciso ter a minha marca e a minha marca é obedecer a Constituição". O candidato se referia à imagem que o ex-governador deixou ao se recusar a cumprir mandados judiciais de reintegração de posse de terras invadidas. "Lá [na Constituição] está escrito que a reintegração de posse deve ser feita e eu vou cumprir. Mas nada de violência. Se de um lado eu sou contra a invasão, por outro eu sou contra o proprietário que não cumpre a função social da terra. Todos os agricultores pensam como eu."

Outra mudança no discurso de Osmar foi a de deixar de fazer críticas indiretas a Beto Richa e partir logo para o ataque direto. Começou acusando o adversário de não cumprir promessas, incluindo as que registrou em cartório. Uma delas a de que, reeleito prefeito em 2008, cumpriria os quatro anos do novo mandato – mas ficou apenas um ano de três meses. Por isso, lembrou Osmar, também não cumpriu a resolver o destino do lixo, iniciar o metrô ou melhorar a Linha Verde.

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Olho vivo

Falta ficha 1

O candidato a senador Roberto Requião pode ter de trocar seu primeiro suplente a qualquer momento. É que a candidatura do empresário Francisco Simeão continua sob contestação judicial e o TSE, talvez já na próxima semana, decida pela impugnação caso siga a jurisprudência fixada em casos semelhantes. O problema é: Simeão não consegue provar sua filiação ao PMDB, condição essencial para obter o registro definitivo.

Falta ficha 2

Embora aprovada pelo TRE paranaense, a candidatura foi questionada pelo Ministério Público Eleitoral. Em recurso, a vice-procuradora-geral Sandra Cureau – aquela mesma que já aplicou várias multas contra Lula e Dilma por propaganda irregular – diz que a ficha apresentada por Simeão, de 1983, "é insuficiente para comprovar a filiação do candidato recorrido", já que dos arquivos do TRE não se extrai nenhuma certidão que possa referendá-la.

Falta ficha 3

A questão é grave. Se Requião não quiser ter a própria candidatura impugnada, terá de indicar um novo suplente em situação regular. A providência pode ser tomada até a véspera da eleição, mas se, depois da eleição, a questão não estiver resolvida, Requião pode ganhar mas não levar o mandato de senador. Francisco Simeão, empresário importador de pneus, é velho amigo do ex-governador. É dele o jatinho que serve o candidato – mas que (em política é assim que funciona!) serve também Beto Richa em suas viagens de campanha.

Polícia

Abib Miguel, o Bibinho, ex-diretor-geral da Assembleia preso no quartel da PM, trocou de advogado. Deixou de ser Alessandro Silvério e contratou Eurolino Sechinel dos Reis, um ex-policial militar.

Massa

Um debate com regras menos rígidas e sem tempo milimetricamente dividido entre os candidatos é o que a Rede Massa promete para a noite do próximo dia 10. Os candidatos poderão escolher livremente a quem perguntar e sobre o tema que quiserem. Mais: só quatro na mesa – Beto, Osmar, Paulo Salamuni e Felipe Bergmann.

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