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Houve um tempo em que o governador Roberto Requião fez um cavalo-de-batalha com as montadoras de veículos instaladas no Paraná. Segundo ele, os incentivos concedidos pelo governo Jaime Lerner para atraí-las, na década de 90, eram lesivos ao estado.

Requião talvez já tenha encontrado razões suficientes para mudar de opinião: nos últimos quatro anos, as montadoras recolheram diretamente aos cofres estaduais mais de R$ 1,5 bilhão em impostos e são responsáveis pela dinamização de vários outros setores industriais que, por sua vez, pagam mais impostos e criam mais empregos. Mais: não fossem as montadoras, o Paraná também teria perdido terreno nas exportações. Dez anos depois das primeiras iniciativas, quem se beneficia com esses avanços é o atual governo. Este é um exemplo de como políticas de atração de investimentos podem, a médio e longo prazos, contribuir para o crescimento econômico e, conseqüentemente, para o social. Daí a estranheza, apontada ontem por esta coluna, em relação ao desprezo devotado pelo atual governo em buscar novos investidores, em manter ou incentivar a expansão dos que já vieram. Ao contrário do que fazem Santa Catarina, São Paulo e outros estados.

É o caso lembrado na edição de ontem: inúmeras indústrias do setor madeireiro estão empreendendo fuga para outros locais, porque sequer contam aqui com garantia de matéria-prima, já que projetos de reflorestamento não são aprovados pelos órgãos ambientais do Paraná. A Tafisa, por exemplo, do grupo português Sonae, informou que não sairá do Paraná, mas confirma que seus projetos de expansão foram deslocados para outros estados.

Além da tradição madeireira, o Paraná apresenta um grande potencial para exploração florestal. Só 3,7% do seu território são ocupados por reflorestamento – uma área que poderia ser duplicada sem prejuízos para o meio ambiente.

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A CPI da Corrupção

O Tribunal de Contas e o Ministério Público Estadual estão chegando à fase final de auditorias sobre a legalidade da compra dos 22 mil televisores alaranjados pela Secretaria da Educação. No MP, o promotor Maurício Cirino dos Santos está concluindo a fase de instrução – num trabalho que começou em abril, já recolheu centenas de documentos, ouviu muitos envolvidos e convocou outros.

Este é um dos assuntos que os deputados oposicionistas Valdir Rossoni e Douglas Fabrício querem incluir na pauta da CPI da Corrupção que pretendem propor nos próximos dias. Eles se dizem chocados com o elevado número de casos suspeitos sobre os quais o governo evita se pronunciar, ora derrubando requerimentos de informações, ora simplesmente não os respondendo. "Não encontramos outro caminho, já que o governo sempre utiliza subterfúgios para não se explicar. Vamos elencar tudo aquilo que apuramos até agora e propor esta CPI", diz Rossoni. Ontem, ele apontou novas razões para justificar a CPI: o gasto de R$ 150 milhões com despesas de alimentação e hospedagem em quatro anos de governo Requião.

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Olho vivo

Geografia 1 – Em nota sobre a construção do superporto em Peruíbe, capaz de inviabilizar o futuro do de Paranaguá, esta coluna erroneamente situou-o no litoral norte de São Paulo. Um atento leitor escreve para corrigir: Peruíbe fica no litoral sul – ainda mais perto, portanto, do principal porto paranaense.

Geografia 2 – O Porto de Peruíbe ficará a apenas 190 quilômetros de Paranaguá, será de fácil acesso pela Régis Bittencourt e por modernas rodovias paulistas, receberá navios de grande porte, terá 15 quilômetros de cais e calado mínimo de 17 metros. Por tudo isso terá todas as condições para absorver grande parte das cargas que hoje saem por aqui. O governo do Paraná está se preparando para encarar essa nova realidade, prevista para 2010?

Recadinho 1 – O presidente do Conselho de Administração da Paranaprevidência, Sérgio Botto, fez chegar ao celular do líder do governo na Assembléia, deputado Luiz Cláudio Romanelli, a seguinte mensagem: "Talvez você tenha cabulado a aula de Direito Constitucional, mas é deputado e jurou seguir a Constituição. Não custa consultar os artigos 157 e 159 da Constituição Federal".

Recadinho 2 – A mensagem é reflexo da luta intestina que tem como pivô o ouvidor-geral Luiz Carlos Delazari. Botto questiona a legalidade da isenção do Imposto de Renda de que Delazari goza como promotor aposentado do Ministério Público: alegou doença cardíaca para conseguir o benefício, mas voltou para o serviço ativo.

Recadinho 3 – Delazari protestou contra a tentativa de Botto de cortar-lhe o privilégio e obteve o apoio de Romanelli, que argumenta que a questão é de exclusiva competência da Receita Federal. Botto não concorda. Por isso, mandou Romanelli ler aqueles dispositivos, segundo os quais o Imposto de Renda, embora federal, é repartido com os estados. Logo, o estado também tem o direito de reclamar.

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"Vamos dar um tiro no pé e seremos mal interpretados pela sociedade."

Do lider do PT na assembléia, deputado Elton Welter, se os deputados decidirem aprovar o projeto que proíbe abertura de processos administrativos no governo baseados em denúncias anônimas.

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