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Celso Nascimento

Por que naufragou o superintendente do Porto?

O que teria acontecido de tão importante a ponto de, repentinamente, o governador Beto Richa decidir demitir o superintendente dos Portos de Paranaguá e An­­tonina (Appa), Aírton Maron, na última sexta-feira? A escolha do seu substituto, o técnico Luiz Hen­­rique Dividino, de reconhecida competência e respeito na área, foi bem recebida – mas esse fato não esclarece por completo o sú­­bito naufrágio de Maron. O novo superintendente atua há 25 anos no setor portuário. Ao aceitar o convite, ele deixa a presidência do terminal privado Ponta do Félix, em Antonina.

Extraoficialmente, informava-se na sexta-feira que a defenestrada administração portuária não estava correspondendo à velocidade que o governo quer imprimir à administração. Nada a ver com corrupção ou com os conflitivos métodos de relacionamento com a comunidade portuária que imperaram durante o governo Requião. Se, de fato, a substituição obedeceu ao critério de eficiência que se exige da equipe, não é improvável que Beto Richa venha a tomar brevemente a mesma atitude em outros setores do governo.

Segundo revelou o secretário da Infraestrutura e Logística, Pepe Richa, a interlocutores com os quais tratou do assunto, os portos do Paraná vinham sendo administrados como se fossem repartições públicas. Não, isto não serve – os portos precisavam ser geridos sob perspectiva empresarial. O raciocínio do governo é que os terminais do Paraná devem funcionar no mesmo ritmo de seus principais usuários, isto é, as grandes multinacionais e as cooperativas gigantes, cujos negócios de bilhões de dólares com o exterior exigem muita velocidade e eficiência nas operações.

Certíssimo. O estranho, porém, é que dias antes da surpreendente demissão Aírton Maron vinha sendo elogiado exatamente – por quem? – pelo setor empresarial que depende do Porto de Parana­guá, o maior exportador de granéis agrícolas do país. As versões não batem.

Um boletim editado semanalmente pela poderosa Federação da Agricultura do Paraná (Faep), com data do último dia 11, noticiava ter o governador Beto Richa recebido ofício assinado pela entidade na qual destacava que "o trabalho da equipe liderada pelo engenheiro Aírton Maron já começou a dar resultados positivos, o que para nós significa uma solução para um passado difícil e que, esperamos, seja rapidamente superado".

A Associação Comercial e In­­dus­­trial de Paranaguá (Aciap) tam­­bém se dirigiu ao governador afirmando que "a confiança da comunidade portuária no atual superintendente da Appa" torna as empresas "convictas de sua continuidade na função para preservar a paz e o desenvolvimento do Porto, deixando para trás os danosos conflitos tão frequentes até 2010".

Como se sabe, Faep e Aciap foram as duas principais entidades a combater a administração de Eduardo Requião. Agora, estavam satisfeitas. Representam empresários fortes. Logo, se os empresários estavam satisfeitos, devem ter sido outros os motivos de insatisfação de Beto Richa com o primeiro administrador que nomeou. Ou, então, o governador deve ter achado que os empresários também são lentos.

Resumo da história: a inesperada demissão de Maron ainda exige explicações mais transparentes.

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