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Passados mais de dois anos de sua administração e quando tudo levava a crer que nem ele mesmo acreditava dar início à construção do metrô, eis que o prefeito Gustavo Fruet viaja a Brasília para pedir ao governo federal que aumente o valor que a presidente Dilma empenhou para o projeto. Os R$ 1,8 bilhão anunciados em agosto de 2013 foram corroídos pela inflação do período, argumentou o alcaide ao ministro das Cidades na última quinta.

Faça-se uma primeira observação sobre o pedido do prefeito: na “pendura” em que a União se encontra, é de se duvidar que a resposta, prometida para o fim do mês, seja positiva. Entretanto, se conseguir o suplemento de quase meio bilhão, Fruet demonstrará que ainda goza de prestígio no Planalto e que dispõe de força até para abrir a mão do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, guardião de centavos.

Mas o problema principal nem é exatamente este. O problema está em questionamentos que ninguém até hoje respondeu a contento:

1 - Curitiba precisa mesmo do tipo de metrô projetado?

2 - O itinerário previsto, do Pinheirinho ao Cabral, basicamente seguindo as canaletas, de fato atende às necessidades do transporte de massa de Curitiba e região metropolitana?

3- Seria uma medida inteligente abandonar quatro décadas de planejamento e investimentos no sistema expresso sobre canaletas exclusivas e que, modernizado a baixo custo, pode transportar quase tantos passageiros quanto o metrô?

4 - Não há jeito de melhorar o transporte de massa com tecnologia mais barata, de execução mais rápida e que atenda o que é atualmente o mais crucial dos problemas – isto é, a integração com os municípios metropolitanos?

Tanto o ex-prefeito Luciano Ducci quanto o atual nunca conseguiram ser convincentes em demonstrar que o metrô, na forma como foi concebido, de fato atende ao propósito de melhorar significativamente o transporte metropolitano, ao preço calculado hoje em R$ 7 bilhões e, se tudo der certo, em seis anos de esburacamento da cidade.

A relação custo/benefício é altamente negativa. Apesar de tudo, insiste-se em levar o projeto à frente. E nem se fala em alternativas mais baratas, mais factíveis e mais funcionais para atender as demandas atuais e futuras.

Esta observação nos remete àquela quarta pergunta: não há jeito de fazer melhor, mais barato e mais rápido?

Monotrilho de 46 metros em Clermont-Ferrand, França.

Há! Já saiu das pranchetas do escritório de Jaime Lerner um pré-projeto que até já teria sido apresentado a Fruet. Entretanto, nem Lerner nem o prefeito falam sobre ele. Parece que teriam até firmado um pacto informal de confidencialidade, quebrado apenas uma vez quando Lerner esboçou a ideia numa reunião na Associação Comercial do Paraná.

Com uma informaçãozinha colhida aqui e outra acolá, porém, já se pode ter noção do que seria o modal proposto por Jaime Lerner: um metrô de superfície, elétrico, monotrilho, fazendo um trajeto circular na cidade de modo a interligar todos os grandes terminais periféricos que até pouco tempo integravam as linhas urbanas com as metropolitanas.

Aproveitando a malha viária existente e sem necessidade de custosas desapropriações, o investimento equivaleria a 10% do que se pensa gastar com o metrô, com a vantagem adicional de implantação em dois anos.

Não se trata de uma ideia totalmente original. O arquiteto Lubomir Ficinski, ex-presidente do Ippuc e ex-diretor da Urbs, já defendia, há anos, algo semelhante, assim como o também arquiteto Germinal Pocá, ex-secretário municipal de Transportes. Ambos já pensavam numa linha circundante à cidade, embora propondo sistemas diferentes: o primeiro, ônibus elétricos; o segundo, metrô elevado. O projeto de Lerner, embora não revelado em detalhes, também não seria original se comparado ao que já existe há muito tempo na Europa, especialmente França e Itália. E lá funciona bem.

Quinta e última pergunta: não seria o caso de colocar as duas opções em discussão com a população para que tudo fique nos trilhos?

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