O PMDB do B (do Beto) dizia ter contabilizado até ontem à noite pelo menos 60% dos votos na convenção estadual do partido, nesta sexta-feira. O senador Roberto Requião, do velho PMDB, não conseguiria somar 30%. Os 10% restantes figuram, segundo os deputados que defendem a coligação com o PSDB de Richa, entre os indecisos e os calados.
A ampla maioria que, supostamente, já teria sido alcançada pelos richistas será devido à adesão do pelotão liderado pelo ex-governador Orlando Pessuti. Ele, assim como Requião, brigava pela candidatura própria (a sua, claro). Mas, percebendo que seria inviável, partiu rapidamente para o plano B B no sentido de mudar o projeto pessoal inicial e de derrotar o desafeto Requião.
Não sai de mãos abanando: o PMDB do B chegou a lhe oferecer a vice de Beto Richa, mas Pessuti, segundo fontes de sua assessoria, decidiu-se à última hora por uma solução que considera mais coerente com a sua histórica fidelidade ao PMDB. Garantiram-lhe a candidatura a senador "avulso" do PMDB, o que lhe permitirá abrir seu palanque para Dilma e Temer e, nada o impede, apoiar também Gleisi Hoffmann, cujo partido, o PT, está nacionalmente coligado ao PMDB.
Para a vice de Beto deverá mesmo ser sagrado o nome do deputado Caíto Quintana, solução muito do agrado dos seus 12 colegas de bancada na Assembleia. Além de emplacar a vice para o partido, os deputados abrem espaço no Sudoeste, tradicional curral eleitoral de Caíto, para assegurar a reeleição de Nereu Moura e abrir território para lançar outros candidatos fortes na região.
Os últimos movimentos do PMDB, se realmente confirmados na convenção do dia 20, definem com maior clareza o quadro eleitoral paranaense. O primeiro efeito é o de evitar a perigosa (para Beto) participação de Requião no pleito. Além de enfrentar um candidato a menos, Richa se vê livre da máquina de triturar que Requião estava pronto para girar em velocidade máxima. Sem Requião no páreo, sua briga tende a ser no "mano a mano" com Gleisi.
A possível polarização entre ambos, porém, não tira o ânimo do deputado Rubens Bueno, do PPS. É possível que se apresente logo como "terceira via" no Paraná, oferecendo, de quebra, palanque e apoio para o presidenciável Eduardo Campos, do PSB.
Outro efeito da articulação do PMDB do B (sempre com a ressalva de que ela ainda depende dos votos secretos da convenção) atinge também o senador tucano Alvaro Dias. Companheiro de chapa de Richa, corria praticamente sozinho para conquistar a reeleição. Agora terá Pessuti a fazer-lhe oposição direta e com alvos definidos para conquistar os professores e policiais que não guardam boas lembranças do então governador (1987-1991) Alvaro Dias.
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