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O dia promete. Ou não. O fato é que o governador Roberto Requião, incomodado com novos documentos que lhe chegaram às mãos, convocou o secretariado para reunião extraordinária às 15 horas de hoje, no Palácio das Araucárias. Quer lavar toda a roupa suja acumulada desde a gestão anterior e, segundo informam esperançosos assessores,

"Botar ordem na casa".

O que precipitou esse encontro vespertino foi um dossiê informalmente intitulado de "mapa do crime" – na verdade uma coletânea de todas as irregularidades e ilícitos cometidos pela administração estadual que estão sendo investigados pelo Tribunal de Contas.

E sabem a quem é atribuída a autoria do documento-bomba? Ao conselheiro Hermas Brandão, que diligentemente reuniu, organizou e resumiu processos de tudo quanto já foi apurado por todas as as inspetorias do Tribunal de Contas em órgãos do governo do estado.

Estariam nesse dossiê elementos que comprovariam a maioria das denúncias feitas contra o governo e que já chegaram à imprensa, como o escândalo envolvendo os aditivos pagos pela Sanepar à Pavibrás, o caso IBPQ/Tecpar, os televisores laranja e a Cequipel, muitas coisas do Porto de Paranaguá, Detran, Copel, Ceasa, Secretaria do Trabalho e Imprensa Oficial – além de outras que ainda nem chegaram à mídia.

O conhecimento da existência desse material teria deixado Requião abalado. O governador receia as conseqüências jurídicas e políticas da evolução das investigações do TC. Requião vai tentar a correção de rumo e a contenção de danos.

Subsiste, porém, uma curiosidade: o que teria levado o conselheiro Hermas Brandão a elaborar o mapa e a entregá-lo a Requião? O quê? Outra curiosidade: bastará a reunião de hoje à tarde para Requião assumir o comando e restabelecer a ordem?

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... e a oposição ajuda

Os presidentes estaduais de cinco partidos que militam na oposição ao governo Requião se reunem hoje cedo. Será – prometem eles – o passo inicial para articular ações conjuntas em meio ao cenário crítico vigente no Paraná. Querem deixar de atuar isolados e formar uma unidade com atuação mais conseqüente na Assembléia Legislativa.

Convidados pelo presidente regional do PPS, Rubens Bueno, à reunião estarão presentes os dirigentes do PDT (senador Osmar Dias), do PSDB (deputado Valdir Rossoni), do DEM (deputado Abelardo Lupion) e do PSB (Severino Nunes). Formalmente, esses partidos perfazem uma bancada de 20 parlamentares – mais do que o quórum mínimo de um terço do total de cadeiras da Assembléia necessário para propor medidas importantes, como a convocação de CPIs.

Entretanto, mesmo eventualmente contando com os votos de alguns dos seis representantes dos independentes PP e PTB(que não participarão da reunião de hoje), as propostas de iniciativa da oposição raramente ultrapassam 18 assinaturas ou votos de apoio. Ou seja: muitos deputados, embora oficialmente perfilem na oposição, não seguem a orientação dos partidos a que pertencem.

Essa questão não passará ao largo das análises que os dirigentes partidários farão na manhã de hoje. Baseados nas recentes decisões do STF e do TSE que reforçaram a tese de que os mandatos pertencem aos partidos e não aos eleitos, acreditam que a situação tende a mudar de agora em diante. Para futuro alívio do líder da oposição, Valdir Rossoni, que no mais das vezes é quem ergue solitária voz para bradar contra atos do governo.

Rubens Bueno resume a motivação da banda oposicionista: "Todos concordam que não é mais possível atuar de forma isolada nem calar-se diante do descalabro que tomou conta do governo".

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Olho vivo

Nova aliança 1 – Processa-se nos bastidores uma articulação partidária capaz de abalar a até agora segura autoconfiança do prefeito Beto Richa na reeleição: o PDT do senador Osmar Dias, seu antigo aliado, está mesmo propenso a lançar candidato próprio à prefeitura de Curitiba. E o nome escolhido para representá-lo seria o do deputado Luiz Carlos Martins.

Nova aliança 2 – Não que Luiz Carlos Martins possa fazer mais votos que Richa. Mas seguramente sua entrada em cena, arrebanhando votos principalmente nas classes C e D, jogará a decisão para um segundo turno. E então o atual prefeito enfrentará a petista Gleisi Hoffmann – fortalecida pelo apoio de quase todos os demais partidos, incluído o PDT entre eles.

Nova aliança 3 – Esse cenário não depende só da vontade do PDT local ou do aborrecimento de Osmar Dias com o fato de Beto Richa demonstrar predileção por manter como seu vice Luciano Ducci – cabo eleitoral de Requião na eleição de 2006. Depende também dos acordos nacionais que prevêem o fortalecimento da aliança PT–PDT.

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"O presidente Lula nos pediu para resolver a questão. Temos boa vontade para resolver o caso."

Do ministro do planejamento, Paulo Bernardo, lembrando a promessa que Lula fez a Requião há três anos, segundo a qual em "15 dias" o paraná se veria livre da multa que paga por não honrar a dívida do estado com o banco Itaú.

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