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A reforma política e partidária é assunto que a eleição municipal deste ano mostra ser urgentíssima. Nunca se viu antes uma salada de tão estranhas e estapafúrdias alianças como as que foram feitas agora, evidenciando que os partidos e a fidelidade aos seus programas de nada valem para os políticos. O que lhes importa é ganhar de qualquer maneira, com qualquer companhia.

É isso que leva as legendas ao mais profundo descrédito junto ao povo e, por extensão, desmoraliza os políticos, que delas se servem apenas para tirar proveito imediato, sem guardar nenhuma coerência com a pretensa ideologia partidária e com seus posicionamentos políticos maiores em nível nacional. As pesquisas estão carecas de monstrar a que ponto chegou o prestígio da classe política por conta – entre outros fatores – da geléia real em que a maioria deles se lambuza.

Vamos a alguns casos, tirados de um roteiro de viagem que um conhecido líder político cumpriu nos últimos dias. Nos palanques em que subiu, encontrou "aliados" do PT, do PSDB, do PCdoB, do DEM, do PMDB, do PP, todos abraçados entre si. Exemplos:

* Em Iporã, no Noroeste do estado, um tucano é vice do candidato do PCdoB a prefeito;

* Em Laranjeiras do Sul, o vice-líder de Requião na Assembléia, deputado Nereu Moura, disputava lugar com o líder da oposição, Valdir Rossoni, para apoiar o candidato do PMDB que tem como vice um do PT;

* Em Pitanga, o PSDB apoia um candidato do PMDB, cujo vice é do PT.

* Em Boa Vista da Aparecida o candidato é do PT, o vice é do PSDB. Situações parecidas multiplicam-se pelo estado inteiro. Pode?

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Coisas da imprensa canalha

Da esquerda à direita, aqui ou na China, políticos não gostam de críticas da imprensa nem de perguntas incômodas. Diante delas, a regra é reagir sempre, ora tentando desqualificar os jornais e seus jornalistas ora até mesmo apelando para a agressão física.

O mesmo governante de um estado do Sul do país que costuma chamar a imprensa de canalha também já chegou ao cúmulo do destrambelhamento quebrando, diante das câmeras, o polegar de um repórter. Outro político brasileiro conhecido pelo destempero – um ex-governador no Nordeste e ex-ministro –, ganhou notoriedade pelo costume de xingar de burros os jornalistas que lhe fazem perguntas que não gostaria de responder.

A mais comum das reações dos incomodados, no entanto, é jogar para a platéia e posar de vestais ofendidas: eles ingressam com processos judiciais nos quais costumam intimidar veículos e profissionais exigindo indenizações bilionárias. Embora abusivas e geralmente ineficazes, tais ações são pelo menos mais civilizadas.

Mas, ontem, um político curitibano, candidato a prefeito, produziu uma fantástica inovação: tendo recebido uma relação de perguntas da repórter Bruna Maestri Walter, desta Gazeta, sobre as relações entre a administração municipal e alguns dos maiores doadores de campanha, a assessoria "vazou" a pauta para blogs jornalísticos da internet.

Pareceu evidente que sua intenção era passar para o distinto público que o jornal estava tentando criar-lhe embaraços com objetivos escusos, não jornalísticos, bem na véspera da eleição. O que o jornal viu como um serviço de esclarecimento ao eleitor, o candidato interpretou como uma ofensa.

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Olho Vivo

Debandada 1

Inconformados com os rumos que o partido está tomando, cerca de 50 peemedebistas da velha guarda de Cascavel acabam de desfiliar-se do partido. Encabeça a lista ninguém menos do que o ex-governador Mário Pereira (assumiu o cargo por nove meses, substituindo Requião no primeiro mandato), além, entre outros, do ex-deputado Fidelcino Tolentino e do professor Marcos Pires de Souza, ex-presidente local do PMDB e ex-reito da Unioeste.

Debandada 2

A saída desses antigos filiados do PMDB parece ser bem sintomática de quem olha para o futuro da política paranaense. Eles abandonaram o candidato a prefeito do PP, com quem o partido estava coligado, e passaram a apoiar o líder das pesquisas, deputado Edgar Bueno, candidato do PDT de Osmar Dias.

O culpado

O candidato do PMDB a prefeito de Curitiba, Carlos Moreira, deu, ontem, a sua última cartada: apelou à Justiça Eleitoral para declarar Beto Richa inelegível. Ele argumenta que as pesquisas do Ibope e do Instituto Vox Populi apresentaram aos eleitores as mesmas perguntas, concluindo que este fato indica que ter havido uma "combinação" entre eles para favorecer o prefeito no noticiário. Pronto: encontrou o culpado pela sua derrota. Donde se conclui, também, que, não fossem as pesquisas desfavoráveis, Moreira seria facilmente eleito prefeito de Curitiba.

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