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Salve-se quem puder

O governo já fez as contas: se mandar para a Assembleia a proposta de reajustar em apenas 5% (em duas parcelas) o salário do funcionalismo, pelo menos 35 dos 54 deputados votariam contra. Isto é, seria mais uma séria derrota a entrar na inédita coleção do governador Beto Richa nos últimos três meses de mandato. Por isso, fontes do Palácio Iguaçu confirmam: está completamente descartada a ideia maluca de dar aumento abaixo da inflação.

São vários, porém, os problemas que ainda precisam ser superados:

• O governador não está disposto a recuar passando a impressão de fraqueza diante dos grevistas e da opinião pública; portanto, convencido por seus conselheiros palacianos, insiste na ideia de que só mandará à Assembleia a proposta de 8,17% – que representa a apenas reposição da inflação – se antes os professores voltarem às salas de aula.

• Outra preocupação é acalmar o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo, que não admite mexer no índice de 5% se não lhe forem garantidas outras receitas que cubram a diferença de 3,17 pontos porcentuais. Caso contrário – até já teria feito circular sua disposição – admite “tirar o time”.

• Aliás, acalmar o secretário não tem sido fácil: no afã de cumprir a missão para a qual veio da Bahia, a convite de Richa, de recuperar as contas estaduais, divulgou a pretensão de privatizar parte da Copel e da Sanepar. Desgostoso, teve de suportar ser desmentido por Beto.

• Fora a venda de ações das estatais, ainda sobrevivem alternativas a serem levadas à mesa das negociações (internas) do governo, dentre as quais a de reduzir os repasses que o Executivo faz para os poderes Legislativo e Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério Público. Eles são superavitários e, com um pouco de boa vontade, poderiam abrir mão de alguns nacos importantes. Mantêm-se, contudo, convenientemente silentes. Não passa pela cabeça dos mais de mil desembargadores, juízes, promotores e conselheiros do TC abrir mão, por exemplo, do auxílio-moradia de R$ 4,3 mil que recebem todos os meses, independentemente da necessidade pessoal deles ou da penúria financeira do estado.

• Por outro lado, diante dos inúmeros motivos de descrédito que já foram dados pelo governo e das relações para lá de estremecidas desde o massacre de 29 de abril, o professorado reluta em reiniciar as aulas sem antes ver chegar à Assembleia o projeto da data-base com os 8,17% de reposição. O impasse é visível e real.

• O deputado Luiz Claudio Romanelli, líder do governo na Assembleia e ao mesmo tempo marido da superintendente da Secretaria de Educação (segundo posto na hierarquia da pasta), já sentiu o perfume que exala do impasse. Tem sido incansável em fazer o meio-campo entre as partes para que entre mortos e feridos salvem-se todos, incluindo deputados acossados por raivosos eleitores.

Na verdade, o que se vê hoje no Paraná é um “salve-se quem puder”. Como chegamos a isto é preciso perguntar a quem gastou mais do que podia e desorganizou tanto a administração estadual.

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