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Olho vivo

Angústia 1

Cresce a angústia no 3.º andar do Palácio Iguaçu com a chegada de indicativos de que os candidatos apoiados pelo governo no segundo turno correm sério risco de derrota no próximo domingo. O PSDB, partido do governador, elegeu prefeitos em apenas 76 (pequenos) dos 399 municípios do estado. E não lançou candidatos próprios em nenhum dos grandes, preferindo apoiar candidatos de legendas aliadas.

Angústia 2

Entre estes, só obteve um êxito: Foz do Iguaçu, onde foi eleito o deputado Reni Pereira, do PSB. O governo já perdeu a eleição de Curitiba e não está seguro de que pode vencer em Londrina com seus aliados Marcelo Belinati (PP), em Maringá com Pupin (PP), em Cascavel com Edgar Bueno (PDT) e em Ponta Grossa com Marcelo Rangel (PPS).

As primeiras pesquisas de intenção de voto indicam a vitória de Gustavo Fruet, derrotando por larga margem seu oponente Ratinho Jr. E daí? E daí que o melhor que o eleitor tem a fazer é esperar até domingo que vem para saber com absoluta e inquestionável certeza o que de fato o eleitor pensa dos candidatos. Lembremo-nos das sondagens feitas já na véspera da eleição do primeiro turno para colocar sob dúvida as de agora – não necessariamente no sentido de desconfiar que as primeiras tenham sido desonestamente manipuladas, mas para suspeitar que, apesar do apuro técnico, elas nem sempre são capazes de captar o verdadeiro sentimento do eleitorado.

Vejam só: na véspera do pleito de domingo retrasado, o Ibope dizia que Ratinho Jr. (35%) e Luciano Ducci (26%) seriam os vencedores. À Gustavo Fruet dava-se o terceiro lugar, com 19%. O Datafolha dava 34%, 24% e 21%, respectivamente. O Instituto Datacenso, contratado pela campanha de Ratinho Jr., com 5 mil entrevistados e apenas 1,4% de margem de erro, previa resultado ainda mais disparatado: 38%, 24% e 15%.

Comparadas com o resultado das urnas, vê-se que estavam todos os institutos bem longe de prevê-lo com aproximação aceitável, pois nem Ratinho Jr. chegou aos 38% (fez 34%) que sua própria pesquisa apregoava nem Gustavo Fruet (27%) estava tão atrás quanto falavam todos os institutos. Luciano Ducci, sempre colocado em segundo lugar, acabou fora da disputa (26%), ultrapassado por Fruet.

Na quinta-feira, o Datafolha (*) deu 52% para Fruet e 36% para Ratinho Jr. Já o Ibope (*) que, saiu na sexta, apontou 49% e 39% respectivamente. Estas previsões refletiriam corretamente a tendência do eleitorado curitibano de apostar tão maciçamente no nome de Fruet? Difícil saber, pois a única contraprova possível é o que só as urnas do dia 28 vão mostrar.

De qualquer maneira, porém, sobressaem destas primeiras pesquisas duas impressões interessantes: Ratinho Jr. está levando para o segundo turno praticamente os mesmos (em número) eleitores que conquistou no primeiro e Fruet conseguiu quase que duplicar a votação. Isto é, ao que parece, a grande maioria dos que votaram em Ducci e Rafael Greca migrou automaticamente para o candidato do PDT.

De que valem os apoios

A outra constatação visível é que apoios de políticos derrotados pouco agregam aos candidatos. Ficou imperceptível, por exemplo, a influência da adesão do senador Roberto Requião e de Rafael Greca a Ratinho Jr., assim como não se pode afirmar que tenham tido qualquer peso no crescimento de Gustavo os apoios de Rubens Bueno (ex-vice de Ducci) ou do diretório municipal do DEM.

Se realmente o eleitorado curitibano se movimentou da forma como Ibope e Datafolha mostraram, mais se deve creditar tal movimento a um fenômeno espontâneo e muito recorrente nas eleições curitibanas: ainda não houve na história da cidade um candidato que se apresente como representante das chamadas "classes populares" que tenha obtido sucesso.

O Ratinho Jr. de 2012 repete o Carlos Simões de 1996 – o radialista popularesco que começou a campanha daquele ano com 45% nas pesquisas e acabou derrotado por Cassio Taniguchi, que, tendo iniciado a campanha com 3% nas pesquisas, obteve no dia da eleição o dobro da votação de Simões (440 mil votos contra 229 mil).

O Datafolha ouviu 1.267 pessoas entre 17 e 18 de outubro. A margem de erro é de três pontos para mais ou para menos. O registro no Tribunal Regional Eleitoral tem o número 679/2012. A pesquisa foi encomendada pela RPC TV e pela Folha de S. Paulo.

O Ibope ouviu 1.001 eleitores entre quarta-feira (17) e esta sexta. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. O levantamento, encomendado pela RPCTV, foi registrado no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) sob o número 687/2012.

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