• Carregando...

Olho vivo

Balançou

O coração do governador Orlando Pessuti balançou para o lado da advogada Ivanise Martins, nomeada ontem por ele para ocupar a vaga deixada pela aposentadoria do desembargador Fernando Vidal no Tribunal de Justiça. Foram insuficientes os apelos que, na última hora, lhe foram levados por cinco dos mais ilustres e antigos membros do Judiciário para que nomeasse o advogado José Hipólito Xavier, que também fazia parte da lista tríplice por indicação da OAB/PR.

Só um 1

Só há um nome paranaense garantido até agora no ministério de Dilma Roussef. É o do atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Ele será substituído na pasta por Miriam Belchior (confirmada ontem), mas foi convidado pela presidente para permanecer no governo em outro posto de nível ministerial, ainda não definido. Osmar Dias, que era cotado para o ministério da Agricultura, dificilmente será escolhido porque o PDT é pequeno demais para ter dois ministérios. Um já é de Carlos Lupi, ministro do Trabalho e presidente nacional da legenda.

Só um 2

O governador Orlando Pessuti ainda luta por uma vaga. Ontem, em Brasília, esteve com o vice-presidente eleito, Michel Temer, e confessou para a imprensa: "fui saber quem de nós do Paraná será ou não convocado para integrar a equipe. Entendemos que mais do que pleitear qualquer cargo, nosso compromisso [com Dilma] é ajudá-la a governar o país".

Antes do choque de gestão, veio o choque da realidade. E a realidade da administração estadual, segundo a equipe que Beto Richa designou para desvendá-la, é, sem trocadilho, chocante: o governador eleito vai encontrar o estado, em 1.º de janeiro, com uma previsão de déficit orçamentário em 2011 da ordem de R$ 1,5 bilhão. Isto é, a receita será insuficiente neste montante para cobrir as despesas já comprometidas.

Qual é a solução? A solução, se­­­gundo Homero Giaco­­­mini, chefe da equipe de transição, é o novo governo começar a implementar já nos primeiros instantes da sua administração aquela que foi a ideia mestra da campanha eleitoral – o tal "choque de gestão".

Por choque de gestão entenda-se, neste caso, fazer de tudo para aumentar a receita (medida que certamente inclui um arrocho na fiscalização e cobrança de impostos) e cortar profundamente as despesas. E, ao mesmo tempo, cum­­­­­­prir as disposições constitucionais que obrigam a destinação de recursos mínimos proporcionais às receitas a setores como saúde e educação. Só a saúde, por exemplo, consome obrigatoriamente 12%; a educação, 25%. Sem falar que a folha de pagamento custa 45%. E sem falar que a segurança pública e outros serviços essenciais custam também muito caro. Das inúmeras pro­­­messas de campanha nem se fala...

Vai daí que cortar despesa sem cumprir as obrigações ou sem dar continuidade a obras em anda­­­men­­to exige mesmo um choque e tanto! Mais fácil e necessário é arrochar a fiscalização de impostos na tentativa de cobrir a maior parte da diferença de caixa. Então, o estado de choque em que mergulhou certamente tenderá a se transferir para os contribuintes no ano que vem.

A herança

De qualquer forma, se considerada como real e verdadeira a situação já levantada pela equipe de transição de Beto Richa – e não há por que duvidar disso – conhece-se agora a "herança maldita" deixada pela era Requião, completada pelos nove meses de Pessuti. Eis alguns itens do inventário:

- Serão necessários R$ 356 milhões além do previsto para completar os 12% da receita que devem ser destinados à saúde pública;

- Os estoques de remédios da farmácia pública vão durar no máximo até fevereiro;

- Os hospitais públicos, tão decantados na propaganda de Requião, ou não foram concluídos, não receberam equipamentos ou não têm funcionários. Quatro mil precisariam ser contratados.

- O ano letivo vai se iniciar com um déficit de professores, pois foram contratados apenas 9,5 mil;

- Faltam escolas e salas de aula; 1.500 das já construídas não poderão ser usadas em razão de inconformidades técnicas ou legais;

- Os prefeitos vão continuar sofrendo de falta de recursos estaduais para financiar o transporte escolar;

- A dívida do Tesouro com a Paranáprevidência, de R$ 3,2 bilhões, precisa ser equacionada;

- Dívidas de R$ 450 milhões impedem o prosseguimento do programa habitacional e a conclusão de 3.300 casas populares.

Haja choque!

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]