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Do saboroso folclore político mineiro vem esta pérola de definição: governar é nomear e demitir; prender e soltar.

Mas isso é só mesmo folclore, tal o simplismo anedótico do conceito. Governar é muito mais complexo – o que exige dos que receberam o múnus eleitoral competência, capacidade de liderança e coordenação, honestidade, responsabilidade, projetos.

Governar não é, pois, apenas mandar. Não é trovejar ordens, perseguir adversários, distribuir cargos a parentes e apaniguados. Não é agir com hormônios alterados, não é fomentar desavenças internas, não é criar inimigos reais e imaginários.

Governar é saber utilizar os recursos públicos de modo a distribuir com justiça o máximo de bem-estar para todos. É formar equipe competente e comprometida com valores e projetos consensualmente definidos, viáveis e indispensáveis para promover o desenvolvimento econômico e social.

Pergunta-se: estes conceitos estão presentes no modo pelo qual o Paraná é governado atualmente? A resposta, infelizmente, é um sonoro não.

Deixemos de lado cada um dos poucos quesitos enumerados acima para examinar um só: há atualmente um projeto de governo claro, visível, aceito pela maioria e sendo executado com persistência e competência, com vistas as construir o futuro desejável para o Paraná diante das transformações que se operam no Brasil e no mundo?

A esse conjunto de premissas chama-se de planejamento estratégico – algo que, embora esquecido nos últimos quatro anos, foi em alguns gratos momentos da história paranaense devidamente valorizado. E graças a isso, desde os tempos de Bento Munhoz da Rocha, Ney Braga em seu primeiro governo, Paulo Pimentel, Jayme Canet e Jaime Lerner, que o Paraná é hoje o que é.

Ao primeiro, deve-se a integração territorial e cultural do estado, a construção de uma identidade nitidamente paranaense. Ao segundo, a implantação das primeiras estruturas de planejamento da administração pública e das agências que permitiram fomentar o desenvolvimento. A Pimentel, os primeiros esforços para dotar o estado de energia e telecomunicações. A Canet, deve-se principalmente a grande expansão da infra-estrutura rodoviária e a modernização da agricultura, sem a qual o estado teria parado no tempo. E a Lerner, a visão de que chegara o tempo da industrialização e da modernização da economia.

Graças a este elenco de ações que se sucederam ao longo de vários governos, todas elas calcadas em bom, claro e sério planejamento e sempre voltadas para a definição de rumos para médio e longo prazos, o Paraná deixou de ser uma província periférica para tornar-se a 5.ª economia nacional.

Alguém sabe responder para onde está indo agora o Paraná? Que rumo está seguindo? O que será o estado dentro de 10, 20 anos?

O papel da oposição

É importante que a oposição cobre do governo – como tem feito – explicações pontuais sobre seus atos. Gasta-se sem controle e sem técnica em propaganda? Que se cobre. Não se fornece remédios a quem precisa? Não se aplica em saúde tudo quanto a lei manda? Administra-se mal o Porto de Paranaguá? A corrupção se alastra e ninguém é punido? Briga-se com setores empresariais? A segurança vai mal? Descumprem-se ordens de reintegração? Manda-se prender ao sabor das conveniências do momento? Xinga-se a imprensa? Não se cumpre o prometido, como no caso do pedágio? Fraudam-se balanços das contas públicas? Ofendem-se instituições e pessoas? Falta sensatez no trato de questões como a dos transgênicos? O hermetismo das informações que deveriam ser públicas? O inchaço de cargos e nomeações?

Que se cobre tudo isso. A oposição cumpriria melhor seu papel, no entanto, se agregasse valor ao bom – mas incompleto – trabalho que realiza. Cabe-lhe questionar também a evidente falta de planejamento de que padece o governo estadual, a paralisia administrativa, o torpor quanto à definição de coisas tão básicas: o que queremos? Com que meios contamos? Como devemos nos organizar? Como vamos realizá-las? Quando?

Que a oposição cobre o estabelecimento claro dessa metodologia e de metas da transformação desejável, que representem de fato ganhos de competitividade da economia paranaense e que melhorem, de modo sustentado, a qualidade de vida dos paranaenses a médio e longo prazos.

O governo do Paraná está devendo tudo isso.

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"Há a contradição entre o que foi apurado e a conclusão final, que isentou os gerentes envolvidos."

Do presidente do Conselho de Administração da Sanepar, Pedro Henrique Xavier, deixando para o Ministério Público resolver o caso Paranasan–Pavibrás.

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