• Carregando...

É visível o desconforto que paira nos gabinetes do Palácio Iguaçu depois que assessores muito próximos perceberam que não “colou” (ou pegou muito mal) a desculpa de que Luiz Abi era apenas um “primo distante” de Beto Richa. A desculpa foi inventada depois que os assessores ouviram o verso “tão longe de mim distante” imortalizado na música brasileira por Chiquinha Gonzaga. Parecia-lhes que, com isto, poderiam manter o governador o mais longe possível do episódio da prisão de Luiz Abi por suposto envolvimento em fraude de licitação no estado.

Está um pouco distante no tempo outro episódio que liga Richa a Luiz Abi. Em setembro de 2010 – na esteira do escândalo da “sogra fantasma” – o juiz Douglas Marcel, da 4.ª Vara da Fazenda, aceitou denúncia contra o ex-presidente da Assembleia Legislativa Hermas Brandão por ter nomeado o mesmo distante primo Luiz Abi para um cargo no gabinete do deputado Beto Richa.

Na distante data de 19 de setembro de 2010 esta coluna registrou a irregularidade, que consistia no fato de, quando da nomeação, Beto já não ser mais deputado e seu gabinete também não existir. Portanto, ele, já então prefeito, “não sabia de nada”.

Inferno 1

Alguns setores veem como “política” a greve dos garis de Curitiba. Seu líder é o presidente do sindicato da categoria, o ex-vereador Manassés Oliveira – o mesmo que montou o “comitê da lealdade” que apoiou a reeleição de Beto Richa à prefeitura em 2010. Manassés era um dos dissidentes do nanico PRTB e foi um dos flagrados por câmeras escondidas recebendo dinheiro de suposto caixa 2 do PSDB na campanha. A greve que deixa a cidade suja teria sido incentivada como forma de “dividir” com o município o inferno astral que arde no Palácio Iguaçu.

Inferno 2

A desconfiança aumentou depois que, mesmo com ordem judicial, 40% dos garis se recusaram a retomar o trabalho. A observação da renitência veio acompanhada do “aparecimento” de inexplicáveis montanhas de lixo onde não deveriam estar – como se caminhões as tivessem jogado ali de propósito. Imagens das câmeras de monitoramento da Guarda Municipal e da Urbs estão sendo examinadas para comprovar (ou não) a suspeita.

Inferno 1

Agora funciona assim: se o governo deve pequena importância (abaixou de seis salários mínimos) e o credor obtém na Justiça o direito de receber imediatamente, é a própria Procuradoria Geral do Estado que indica uma conta bancária com CNPJ da Fazenda de onde o valor pode ser “sequestrado” sem mais delongas. Foi o que aconteceu, por exemplo, com o advogado Gabriel Medeiros, que tinha um RPV (Requisição de Pequeno Valor) a receber do estado. O juiz determinou o sequestro e a PGE indicou agência e conta do Banco do Brasil de onde o dinheiro poderia ser sacado. O método tem tudo para se tornar corriqueiro.

Cavalaria 1

“Foi muita cavalice”, definiu um sócio do Jockey Club do Paraná ao se referir ao frustrado processo eleitoral para escolha da nova diretoria do clube. Duas chapas concorriam à eleição – uma, de situação, presidida por Cresus Camargo Filho (sobrinho do ex-presidente do TJ, desembargador Clayton Camargo), e outra oposicionista que protesta contra o fato de atual diretoria ter, talvez propositadamente, perdido a carta patente que permitiria ao Jockey manter as corridas dominicais. Há mais de seis meses não há mais cavalos nas pistas e apostas nos guichês.

Cavalaria 2

No dia da eleição, sexta-feira passada, cédulas falsas que favoreciam a situação foram flagradas por um membro da chapa de oposição, o advogado Cid Campelo Filho. Armado o escândalo, já que outros eleitores da fila também portavam cédulas grosseiramente fabricadas, tornou-se necessária a intervenção de uma tropa da Polícia Militar para conter os ânimos. As urnas foram recolhidas às pressas e a eleição, cancelada. A atual diretoria termina seu mandato no próximo dia 31 e, se não for nomeada pela Justiça uma junta interventora para colocar ordem na casa e convocar novo pleito, o Jockey ficará acéfalo.

Cavalaria 3

O pano de fundo da briga entre as duas alas é a venda de 300 mil metros quadrados da área do Jockey, que originalmente detinha 900 mil metros, numa das mais valorizadas regiões da cidade – a confluência entre a Linha Verde e a avenida Victor do Amaral, no Tarumã. Os compradores lutavam há cinco anos para obter alvará para construção de um shopping em sociedade com o próprio clube. O alvará saiu na semana passada e a atual diretoria até promoveu jantar de gala para comemorar o feito. O temor é que este tenha sido o primeiro passo para a extinção do centenário clube.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]