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As conversações do governo do estado, por meio da Copel, para a compra da participação da Vivendi no consórcio Dominó (sócio da Sanepar com 39,7% do capital acionário) lembram o caso da Termelétrica de Araucária (UEG).

Em ambos, o governo empenha milhões apenas para sustentar um discurso que esteve na moda lá pelos idos da década de 50 do século passado.

Para defender a idéia (já derrubada na Justiça) de que o grupo privado, que investiu US$ 230 milhões em dinheiro vivo na Sanepar, não pode fazer parte da sua diretoria, o governador Roberto Requião está disposto a tirar dos cofres da Copel o equivalente a 42 milhões de euros para adquirir um pedaço do grupo Dominó.

Deu-se o mesmo na UEG. Da usina que ia explodir, fazia parte, como sócia, a americana El Paso. Requião a queria fora e brigou para tirá-la da jogada. Perdeu na Justiça, inclusive na Corte Internacional de Arbitragem de Paris, que se preparava para condenar o Paraná a pagar uma indenização de US$ 800 milhões pelo rompimento do contrato.

Com a viola em cacos, Requião acabou fazendo um acordo: para não perder os US$ 800 milhões, comprou a parte da El Paso por US$ 300 milhões. E ainda disse que foi um bom negócio, embora não precisasse gastar nada se esperasse o prazo em que se daria, sem custo, a reversão do investimento da multinacional para o patrimônio público, prevista em contrato.

O caso da Sanepar é quase igual. Requião percebeu que, se depender da Justiça, nunca conseguirá ejetar o Dominó da sua diretoria.

O jeito, então, é recorrer de novo ao caixa da Copel para comprar uma parte do capital privado e, assim, assumir de direito à integral gestão da Sanepar. Esse dinheiro não poderia ser melhor empregado em obras novas de energia ou saneamento? Tem dinheiro sobrando?

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Pen drive vira polêmica

O pen drive furtivamente copiado num computador da Copel rendeu discursos, ontem, na Assembléia. O pen drive era de Marlik Bentabet, diretor da empresa francesa Vivendi, e continha registros das tratativas para contratar serviços de advocacia do ex-procurador geral Sérgio Botto. A Vivendi propôs que Botto a representasse nas negociações de venda de sua participação acionária à Copel. Botto recusou: achou baixo demais o valor dos honorários propostos, conforme ele próprio revelou à coluna.

Pois bem: Botto acredita que, por já não pertencer ao Conselho de Administração da Sanepar e não mais chefiar a Procuradoria-Geral há oito meses, estaria livre para atuar como advogado da Vivendi. Por isso, não fosse sua discordância em relação aos honorários, não seria imoral ou ilegal aceitar a causa.

Não é assim que entendem muitos de seus colegas que endereçaram comentários a respeito da carta-confissão de Botto publicada na coluna de ontem. Deputados também entraram na discussão. Um deles foi o tucano Ademar Traiano – aquele que é autor do esdrúxulo projeto que proíbe denúncias anônimas.

Segundo disse o parlamentar em discurso na tribuna, as declarações do ex-procurador "configuram crime que deve ser punido. Como ex-procurador, ele jamais poderia admitir a possibilidade de atuar a favor da Vivendi, já que até pouco tempo ele patrocinou ações do governo contra a Dominó e foi ele quem assinou o ato que tirou o poder do grupo na Sanepar. É inadmissível essa postura".

Segundo Traiano, Botto feriu o artigo 20 do Código de Ética da OAB e o 355 do Código Penal. "O correto seria que renunciasse a seus cargos no conselho da Elejor e na Paranaprevidência sob pena de colocar em xeque qualquer ato de que tenha participado, já que não sabemos a favor de quem ele atua."

E aqui se pergunta: Requião deixará tudo como está?

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Olho vivo

Coincidência 1 – O deputado Valdir Rossoni, líder da oposição na Assembléia, não se rendeu à acusação de que teria produzido um factóide ao denunciar o destinação pelo governo de R$ 384 milhões para ONGs em quatro anos. Segundo o governo, quase todo esse dinheiro foi distribuído para as Apaes – logo, Rossoni estaria agindo contra as crianças atendidas pela instituição.

Coincidência 2 – Ontem, ele revelou novos números: não foram "só" R$ 384 milhões, mas R$ 529,7 milhões o valor dado às ONGs. A diferença de R$ 145,7 milhões refere-se a transferências de bens de capital (equipamentos, reformas, móveis etc.). Rossoni quer saber que instituições foram beneficiadas.

Coincidência 3 – O parlamentar não deixou de observar o seguinte: em 2003, primeiro ano de Requião, foram gastos R$ 41 milhões com ONGs, e, em 2006, R$ 129 milhões – ou seja, 155% de aumento. Por coincidência, 2006 foi ano de eleição.

Pouquinho – Falta bem pouquinho para o governo completar o pagamento do que ficou devendo à Cequipel pela compra dos 22 mil televisores laranjas. Segundo o site Gestão do Dinheiro Público, já foram pagos R$ 18.164.920,00 do total de R$ 18.920.000,00.

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"Se todos estiverem engajados nessa luta, as concessionárias serão obrigadas a baixar a tarifa."

Do deputado Fernando Carli Filho (PSB) presidente da cei do pedágio, cobrando do governo propostas concretas para reduzir o pedágio.

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