O prefeito eleito de Curitiba, Gustavo Fruet, está de volta à cidade e à vida real depois da lua de mel na ilha de Fernando de Noronha. Enquanto esteve fora, a equipe de transição continuou escarafunchando a atual administração municipal na verdade levantando dados para a produzir o inventário da herança que o novo alcaide receberá do prefeito Luciano Ducci em 1.º de janeiro próximo.
Fruet receberá hoje da equipe o primeiro relatório da situação. Preocupante, segundo vazam fontes próximas mas não ainda a ponto de causar a expansão da já proeminente calvície do novo prefeito. Mas como os exames radiográficos e tomográficos a que a equipe de transição se dedica ainda não estão concluídos, não é nada improvável que surjam tumores graves aqui e ali e que venham a exigir operações cirúrgicas urgentes já nos primeiros momentos da nova gestão.
Enquanto isso, a turma da transição trabalha. Gustavo deverá a partir de agora se ocupar quase exclusivamente da composição da sua equipe de governo. Vários nomes, de sua cota pessoal, já estão pré-definidos antes mesmo dos dias sombrios da campanha eleitoral, quando suas chances de vitória pareciam improváveis. Mas há outras definições que ainda dependem de costuras políticas e de arranjos técnico-administrativos, do tipo escolher a pessoa certa para o lugar certo gente talhada e competente para colocar em prática as prioridades do plano de ação que propôs ao eleitorado.
É sob este segundo critério que se concentrará a maior parte do trabalho de Gustavo nesse período pré-posse e que espera concluir antes do Natal. Não o preocupa tanto a distribuição de cargos sob critérios políticos. Feito candidato por uma aliança reduzida a apenas três partidos (PDT, PT e PV) e, no segundo turno, apoiado apenas por facções de outras legendas, o novo prefeito se vê muito pouco preso a compromissos de ordem política. Espera, com isso, montar uma equipe predominantemente técnica e que tenha mais a sua "cara" do que a de aliados de primeira ou de última hora.
Nesse sentido, conta a seu favor também a decisão que já tomaram dirigentes e líderes do PT e do PV de não exigir cargos nem indicar nomes a título de barganha pelo apoio que deram a Gustavo. Toda a avidez pessoal de militantes também será contida, segundo esses mesmos líderes. Da parte do PT, por exemplo, mais do que posições no governo, o partido quer que o novo prefeito faça a melhor gestão possível com o mínimo de interferências político-partidárias.
O PT prefere apostar na ideia de que quanto melhor for a administração de Fruet, mais eficaz e produtivo será seu esperado apoio ao projeto do partido de disputar com Beto Richa o governo do estado em 2014 e de garantir à presidente Dilma Rousseff uma votação vitaminada em Curitiba para a sua reeleição. Tal pragmatismo político leva a outro: se depender do PT, Fruet receberá o máximo possível de ajuda do governo federal para assegurar o sucesso de sua gestão.



