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Celso Nascimento

Um coronel no Senado

Ex-chefe da Casa Militar nos governos Requião e Pessuti, o coronel da ativa da Polícia Militar Washington Alves da Rosa também entra no pacote de gentilezas e facilidades que os políticos costumam trocar entre si. São antigas e muito conhecidas as ligações políticas e de amizade entre os senadores José Sarney e Roberto Requião, mas não se sabia até agora que o governador Beto Richa também se dobra aos pedidos do senador – ainda que, em público, pareçam adversários.

O nome do coronel apareceu ontem na condição de chefe do escritório político que o senador Requião mantém em Curitiba. Foi ele quem deu explicações sobre o troca-troca de funcionários entre os gabinetes de Sarney e Requião para beneficiar a mulher do secretário estadual de Segurança, Reinaldo de Almeida César, segundo foi revelado pela reportagem de Karlos Kohlbach e Heliberton Cesca. A troca de gentilezas deixou felizes todos os envolvidos.

A citação do nome de Washing­ton Rosa na matéria despertou uma pergunta: pode um militar da ativa, da mais alta patente, estar afastado da corporação para dar expediente num escritório político? Sobram coronéis na PM?

O Diário Oficial do Estado, edição do dia 8 de abril passado, dá a resposta: pelo despacho da Casa Civil de número 10925583-1/11 fica-se sabendo que o coronel Washington foi colocado à disposição de Requião por ordem de Richa "para prestar serviços junto ao Senado Federal". E quem paga o salário do coronel? Quem paga é, na terminologia da burocracia oficial, a "origem" – isto é, o coronel continua na folha da Polícia Militar.

Para o público, nada?

Duas edições do Diário Oficial do Estado, publicadas às vésperas do "feriadão" de 7 e 8 deste mês, estão recheadas de atos do governador Beto Richa dispensando de licitação a destinação de recursos orçamentários para hospitais públicos e filantrópicos do Paraná. No total, foram quase R$ 275 milhões para 31 hospitais credenciados do SUS.

O repasse dos recursos está dentro do que preceitua o recentemente lançado Hosp­Sus, um programa da Secretaria Estadual da Saúde de apoio a hospitais. Metade do dinheiro chega ao caixa dos hospitais independentemente do seu desempenho; a liberação da outra metade está condicionada ao cumprimento de metas de atendimento.

Tem gente que botou olho crítico na distribuição desses recursos. Por dois motivos principais: a) hospitais particulares recebem dinheiro, sem licitação, enquanto hospitais públicos continuam apresentando graves deficiências e exigindo vultosos investimentos em recursos humanos e tecnológicos; b) quais foram os critérios que definiram o montante destinado a cada um? Há hospital pequeno classificado para receber R$ 44 milhões enquanto outros foram aquinhoados com frações desse valor.

Esclarecimentos

Por causa dessas duas constatações, o Sindicato dos Ser­­vidores da Saúde já endereçou pedido de esclarecimentos às secretarias da Saúde e da Ad­­mi­­nistração, mas ainda não obteve respostas. Deve ingressar também, possivelmente hoje, com consultas e representações no Tribunal de Contas e no Ministério Público Estadual.

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