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Uma empresa pública paranaense pode ser vendida em breve para a iniciativa privada. É fato inusitado no atual governo, sempre disposto a combater quaisquer ameaças – reais ou imaginárias – que lembrem ganância privatista. Uma política, aliás, que produziu bandeiras luminosas, como a célebre batalha contra a venda da Copel e a contra a participação do grupo Dominó na Sanepar, sem falar da Ferroeste, do pedágio, do porto do Mercosul, dos transgênicos e muitas outras.

A estatal que está sendo preparada para a venda é a Ambiental Paraná Florestas, empresa criada para assumir todos os imensos projetos de reflorestamento da extinta Banestado Reflorestadora, uma subsidiária que não foi incluída na venda do banco para o Itaú.

Na época, quase fim do governo Jaime Lerner, o patrimônio da Banestado Reflorestadora foi inicialmente transferido para a Agência de Fomento e logo depois para a recém-criada Ambiental. Seu patrimônio vale hoje alguns bilhões, tanto pela extensão das terras como, principalmente, pelo valor comercial das lucrativas florestas nelas plantadas.

A proposta de venda foi discutida oficialmente dias atrás pelo conselho de administração da Ambiental. A diretoria se dividiu – houve quem votou contra a alienação, conforme registram as atas da polêmica reunião.

Fontes da coluna não souberam informar se o projeto de privatização nasceu por orientação de Requião – mas duvida-se de que o secretário da Indústria e Comércio, Virgílio Moreira (presidente do conselho) ou o presidente da Ambiental, o ex-deputado Djalma de Almeida Cesar, se aventurariam a colocar a proposta em pauta caso ela estivesse em desacordo com o governador.

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Olho vivo

Plena convicção 1

O advogado Pedro Henrique Xavier, o PHX, informa: ele ganhou a causa que devolveu à Plena Corretora de Seguros o direito de continuar recebendo comissões sobre as apólices que vendeu aos funcionários da prefeitura de Curitiba durante os anos em que manteve contrato com o município. Mas quem de fato ficou alegre com o despacho favorável da 4ª Vara da Fazenda é o empreiteiro Alberto Klaus, pai de um dos diretores da Plena.

Plena convicção 2

A corretora do filho foi abatida em meio ao turbilhão que envolveu a participação de Klaus – dono da construtora Iguatemi – em negócios com a prefeitura. Depois das denúncias de que ele teria usado documentos forjados para participar de licitações, a Iguatemi foi punida pela prefeitura com pena de suspensão temporária. Para a obra de PHX ficar completa, agora só falta a revogação dessa punição.

É guerra

O líder do prefeito na Câmara, vereador Mario Celso Cunha, demonstrou nervosismo quando foi lido e distribuído ao plenário, quinta-feira, um convite do senador Osmar Dias para a reunião que promoveu em Maringá no fim de semana. Irritado, Mario Celso recolheu os impressos e jogou-os ao chão. O gesto serviu para deixar claro que os salamaleques que Osmar e Beto Richa trocam em público servem apenas para esconder a guerra que já se trava nos bastidores pela precedência de um deles para disputar o governo.

Mais para os mais iguais

A linguagem nem sempre compreensível das leis e decretos permite que muitos deles passem "batidos". Você, funcionário público, para quem o governo oferece 6% de reajuste, sabia, por exemplo, que os diretores-gerais das secretarias e presidentes e diretores de estatais tiveram um substancial aumento de salário, bem maior do que o governo oferece para todo o resto? É o que estabeleceu o decreto 4.281 baixado pelo governador Roberto Requião em 18 de fevereiro passado.

Pelo decreto, a gratificação do nível G1 (no qual se enquadram os beneficiários) sobe de R$ 5.748,28 para R$ 9.312, 21 (62% de aumento) para quem é diretor-geral de secretaria e para R$ 8.220 (43%) para quem é presidente ou diretor de empresa ou autarquia. Note-se: estes valores são acrescidos ao salário básico desses servidores.

Com tais reajustes, o salário de um presidente de empresa, por exemplo, ficou apenas 5% menor do que o do governador. Como os vencimentos deste são de R$ 24.500, os de um presidente de estatal paranaense alcança R$ 23.200.

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O projeto do governo que concede aumento de 6% ao quadro geral chega amanhã à votação final na Assembleia, quando a oposição – à qual promete se somar neste caso a bancada do PT – promete insistir numa emenda alterando o porcentual para 15%. As chances de aprovação são praticamente nulas, o que dará mais trabalho ao presidente da Assembleia, Nelson Justus, para conter as ruidosas manifestações de galerias lotadas de servidores.

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