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Ao fundo, o prédio em construção; no primeiro plano, a boca do túnel. |
Ao fundo, o prédio em construção; no primeiro plano, a boca do túnel.| Foto:

O Ministério Público Estadual constrói um novo edifício na Rua Marechal Hermes, no Centro Cívico. Com oito pavimentos, servirá para a expansão das exíguas instalações de sua sede principal, do outro lado da rua, a poucos metros de distância. Como seus vários setores, que agora ficarão em prédios distintos, precisam se intercomunicar constantemente, idealizou-se uma sábia solução: os dois edifícios serão unidos por um túnel sob a Marechal Hermes.

Não se discute a funcionalidade do túnel – cujos custos e demais informações técnicas serão esclarecidos pela instituição na segunda-feira –, mas a solução encontrada não deixa de ser inusitada em Curitiba.

É bem verdade que lembra a lenda do pirata Zulmiro, que há quase dois séculos teria construído um túnel no bairro Vista Alegre das Mercês, em meio ao Bosque Gutierrez, para esconder supostos tesouros que teria amealhado em ataques a outras naus que transportavam riquezas das Américas para as metrópoles europeias. Zulmiro, nome aportuguesado do oficial britânico William Saulmers, teria se refugiado em Curitiba e aqui construído o esconderijo debaixo da terra.

Enquanto isso, começa a subir à superfície a disputa subterrânea que se trava entre ativos grupos de promotores e procuradores do MP estadual para definir quem vai substituir o atual procurador-geral da Justiça, Gilberto Giacoia. A eleição da lista tríplice – que depois será enviada ao governador para escolha do novo titular – será no próximo dia 14.

São sete os candidatos inscritos. Seis deles se organizaram informalmente em duas “chapas” com três nomes cada um, às quais se soma um candidato “independente” (Mateus Bertoncini). Da primeira chapa faz parte o procurador Claúdio Esteves, que fez fama recentemente ao presidir as investigações da Operação Publicano, aquela que desvendou a bilionária corrupção na Receita Estadual de Londrina e que prendeu o primo distante e o amigo co-piloto. Evidentemente, não é o candidato preferido pelo coração do poder, mas os dois outros nomes – Bruno Galatti e Ivonei Sfoggia – são simpáticos a setores influentes do MP, do Palácio Iguaçu e da Assembleia. Um deles até já conta com o apoio explícito do presidente da Alep, deputado Ademar Traiano, cujo nome figura entre os envolvidos na Operação Quadro Negro e denunciado pelo Ministério Público.

Outra chapa conta com duas mulheres – a promotora Fernanda Garcez e a procuradora Maria Lúcia Moreira – e é completada pelo procurador Mário Schirmer. Internamente, há quem aposte neste segundo grupo, não só em razão da forte presença do eleitorado feminino no MP, mas também pelo fato de que cerca de 500 dos 680 eleitores serem promotores e que se acham ali representados.

É dos costumes que o mais votado dentre os três primeiros seja o nomeado pelo governador. Mas não necessariamente. Ele pode nomear até mesmo o último colocado – e é neste ponto final, quem sabe, é que se verá a luz do túnel das conveniências. Ou não.

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