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Nos corredores

Parabéns para quem?

Hoje é o Dia Mundial de Combate à Corrupção. Em Brasília, a data receberá tratamento discreto nos Três Poderes. Da polêmica sobre os "bandidos de toga", passando pela absolvição de Jaqueline Roriz na Câmara dos Deputados e os seis ministros sob suspeita demitidos do governo Dilma, a data não será marcada por um período exatamente simbólico. Sem contar que há duas semanas o Brasil apareceu em 73.º lugar no ranking de percepção de corrupção feito pela Transparência Brasil.

Influência de Alvaro

O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) divulgou ontem uma pesquisa feita com 65 congressistas sobre os colegas que eles consideram como os mais influentes da Câmara e no Senado. Ao todo, 128 nomes foram citados. Dentre os paranaenses, Alvaro Dias (PSDB) foi o mais bem colocado, em 12.º, com 12 votos. Depois dele, abaixo da 50.ª posição, aparecem o senador Roberto Requião (PMDB) e os deputados Dr. Rosinha (PT), Osmar Serraglio (PMDB) e Rubens Bueno (PPS), com dois votos cada. Abelardo Lupion (DEM) e Eduardo Sciarra (PSD) receberam um voto cada.

Governo na cabeça

Os dois parlamentares considerados mais influentes entre todos os 594 foram o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), com 42 votos, e o líder do PT na Casa, Cândido Vaccarezza (PT-SP), com 37. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ficou em terceiro com 35 votos. O presidente nacional do PMDB, Valdir Raupp (PMDB-RO), recebeu apenas um voto e ficou entre os últimos da lista.

Beto Richa (PSDB) esteve em Brasília nesta semana e aproveitou os ares da política nacional para dar o tom da disputa eleitoral de Curi­­­tiba no ano que vem. Segundo ele, os protestos realizados segunda-feira na Assembleia Legislativa fo­­­­ram, além de "uma selvageria pa­­­trocinada pelo PT", uma "tentativa de antecipar a campanha". As declarações seguiram com críticas à gestão da presidente Dilma Rous­­­seff (PT), dos escândalos envolvendo repasses federais a ONGs à privatização de aeroportos.

O governador está, ao menos no que diz respeito à política, certo: 2012 começou no Paraná faz tempo. Só esqueceu-se de dizer que todos os times já estão em campo. Inclusive o dele.

Sobre o protesto na Assembleia, as faixas e o perfil dos manifestantes não mentem. Houve sim uma forte carga político-partidária de oposição a Beto. A princípio não existiria problema nisso, exceto pelo comportamento insensato de alguns participantes.

No duro, a campanha municipal teve início mesmo quando Gustavo Fruet deixou o PSDB e foi para o PDT, em setembro. Frise-se: Fruet agiu dentro do direito dele. Só que até agora as legendas oposicionistas, em especial o PT, estão fragmentadas e não chegaram a um acordo sobre qual estratégia adotar, como ficou evidente no episódio da Assembleia.

Do outro lado, a candidatura à reeleição de Luciano Ducci (PSB) está azeitadíssima. Já circulam pela cidade adesivos com o slogan "Juntos", que frisa a aliança entre o prefeito e Beto. Não resta dúvida de que Richa assumirá o papel de grande cabo eleitoral do prefeito.

E em matéria de campanha antecipada, a dupla não deixa nada a desejar. Só na semana passada, foram dois eventos bem "juntos". O primeiro, um almoço para co­­­memorar o aniversário de um ano da vitória de Beto para o Palácio Iguaçu, o outro, a assinatura de um convênio que prevê o repasse de R$ 45 milhões do estado para a prefeitura para obras de pavimentação em Curitiba.

Ter a máquina administrativa nas mãos é uma facilidade enorme para chamar a atenção do eleitor, quase uma covardia. O PT que o diga. Embora um comportamento não justifique o outro, Lula foi o mestre da arte de usar o poder para fazer propaganda.

Nem bem assumiu o segundo mandato em 2007 e o ex-presidente já trabalhava pela sucessora, Dilma Rousseff. Nunca antes na história deste país houve uma antecipação eleitoral tão grande.

Lula foi tão bem-sucedido no ano passado, dizimando a oposição, que agora todo mundo quer ser Lula e construir o seu próprio nunca an­­­­tes. Dono de uma enorme popularidade no Paraná, Beto dá mostras de que não vai desperdiçá-la. Ducci, apesar da trajetória como deputado e vice-prefeito, ainda é pouco conhecido e precisa de um empurrão do parceiro.

Fica a dúvida sobre o que dentro disso tudo é legítimo. Movi­­mentos sociais, por mais contaminados por ranços partidários que sejam, têm o direito de contrariar o governador e encampar a candidatura de Fruet ou quem quer que seja. Assim como Beto pode sim manifestar o apreço por Ducci.

O problema está nos limites. Ao dar mais importância para a eleição futura do que para os problemas do presente, ambos os lados banalizam a política e desgastam a combalida paciência do eleitor. Fica parecendo uma mera disputa do poder pelo poder.

Alguns até saem ganhando, menos o cidadão comum. Independentemente da máquina utilizada, atropelar o tempo só faz mal à democracia.

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