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Caiu nas mãos de um rondoniense, o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp, a relatoria do projeto de resolução que acaba com a multa mensal de R$ 5 milhões aplicadas pela União ao Paraná. Raupp é um dos 27 membros da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), assim como Osmar Dias (PDT). Se Porto Velho fica a 2.412 quilômetros de Curitiba e o peemedebista já declarou que não sabia bulhufas do assunto até quinta-feira passada, por que Osmar não foi escolhido como relator?

Por culpa dele mesmo. E do governador Roberto Requião. Há dez anos foi criada uma norma na CAE que proíbe que a relatoria de temas que envolvem as finanças de governos estaduais fique nas mãos de senadores que representam o estado envolvido. Mas o que os dois rivais nas últimas eleições para o Palácio Iguaçu têm a ver com isso?

Corria 1997 quando o governador pedetista Jaime Lerner travava uma batalha em Brasília contra os senadores Requião e Osmar (então no PSDB) para aprovar empréstimos internacionais de R$ 456 milhões ao Paraná. O dinheiro seria aplicado em projetos para educação, saneamento e agricultura. Reza a Constituição que é papel do Senado, por meio da CAE, aprovar esse tipo de operação de crédito.

Osmar foi escolhido relator da matéria. Embasado por pareceres técnicos da Secretaria do Tesouro Nacional, foi contra os empréstimos. De acordo com a União, o Paraná não tinha capacidade de endividamento. Requião não deixou por menos, aproveitou a brecha e sobrestou o pedido de Lerner, um dos motivos para a demora de 536 dias até a sua aprovação. Queria todas as informações da saúde financeira do estado e dados do acordo para instalação da Chrysler e Renault na região metropolitana de Curitiba.

Os conflitos entre os dois senadores e membros do governo eram constantes e acalorados. Até que um dia, segundo relatos de funcionários da CAE que seguem no Senado, Requião quase partiu para cima do secretário de Fazenda, Giovani Gionédis. O assunto ganhou os corredores do Congresso e chegou ao presidente do Senado, ACM (PFL-BA).

Toninho Malvadeza (que virou "bondadeza" depois de morto) determinou que, a partir daquele episódio, nunca mais seria escolhido um senador do estado envolvido em matéria financeira para relatar na CAE. A ordem, embora não conste no regimento interno do Senado, tem força de lei até hoje. Por isso o atual presidente da comissão, Aloízio Mercadante (PT-SP), teve de preterir Osmar e optar por um senador do Norte para resolver um assunto do Sul.

Sobre 1997... Lerner acabou vencendo a parada, graças a uma estranha mudança para o PFL. Francelino Pereira (PFL-MG) redigiu o voto vencedor a favor da contratação dos empréstimos, tomando o lugar de Osmar (que foi para o PDT) como relator do caso. A grana saiu, mas Requião e Osmar continuaram unha e carne por anos, mas, como todos sabemos, veio a eleição do ano passado...São as voltas que o mundo dá. Talvez mais rápido em Brasília do que no resto do país.

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Entrevista

A saia-justa de Rocha Loures

Segunda-feira é dia de eleição na Fiep. O deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) era pupilo de Requião até o ano passado e agora terá de ver o pai e atual presidente da federação, Rodrigo da Rocha Loures, brigando contra o candidato do governador, Álvaro Scheffer. Apesar de não conseguir esconder o desconforto causado pela situação, ele defende o pai. Mas evita o choque com Requião.

No que mudou a sua relação com o governador após a briga dele com o seu pai?Houve um afastamento sem que eu conheça as razões. Aludidas ao fato de que a Fiep tenha defendido um dos seus sindicatos junto ao Porto de Paranaguá. Talvez tenha havido por parte do governador a confusão de uma sugestão de melhorias com uma crítica à sua administração.

Seu pai vai ganhar a eleição?Vai. Será uma vitória da disputa franca entre aqueles que querem a independência do sistema industrial do Paraná, que defendem o afastamento da política partidária, contra aqueles que acreditam que em pleno século 21 a intimidade com partidos é uma boa para o crescimento da indústria.

Você foi eleito como um discípulo do Requião. Como fica a sua situação com uma vitória do seu pai?Não há um julgamento emocional da minha relação com quem quer que seja. Imagino que, assim que o resultado for anunciado, o primeiro gesto que deve ser anunciado é da unificação da Fiep. Empresários não são, nem devem ser, políticos.

Você teme uma perseguição no PMDB?Não vejo o porquê. Não há, dentro do partido, relação nenhuma com essa história. Mais uma vez: o PMDB é um partido político, a Fiep não. Temos que trabalhar juntos, cada um no seu papel.

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US$ 10 milhões para Curitiba

Deve ser apreciado na próxima sessão da CAE, terça-feira, um pedido de empréstimo de US$ 10 milhões (R$ 18,5 milhões) para Curitiba. O dinheiro é do Fundo Financeiro para o Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata). A verba será utilizada no Programa de Estruturação de Assentamentos Habitacionais. Além dessa bolada, o município busca dinheiro junto ao governo francês.

Há três meses, o prefeito Beto Richa (PSDB) visitou, em Brasília, o embaixador francês Antoine Pouilliete. Depois disso, franceses visitaram Curitiba para conhecer mais sobre projetos na área de habitação e gostaram do que viram.Devem fechar negócio. Ou seja, mais obras e mais dívidas na capital a um ano das eleições.

Troca-troca

O deputado paranaense Alceni Guerra foi convidado pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, para assumir a Secretaria Distrital de Saúde. Ambos são do DEM (antigo PFL). Guerra, apesar de insatisfeito com o Congresso, deve rejeitar. Arruda já tem outro paranaense no primeiro escalão, o ex-prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, secretário de Urbanismo.Rei da falta

Odílio Balbinotti (PMDB) foi o deputado federal paranaense que mais faltou durante o primeiro semestre. Tem 18 faltas não justificadas, uma justificada e 52 presenças. Está entre os cinco maiores gazeteiros da Câmara.

O jornalista André Gonçalves ocupará interinamente esta coluna durante as férias de Rogério Galindo.

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