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Nos corredores

Só metade

Dos 30 deputados federais paranaenses, apenas 18 compareceram à única sessão deliberativa ordinária desta semana, realizada na terça-feira à tarde, véspera do feriado de Finados. O número está um pouco acima da média nacional. Do total de 513 parlamentares, 317 marcaram presença. Ao final, como era esperado, não houve votações por falta de quórum. Ontem, o plenário ficou reservado apenas para debates, sem presença obrigatória.

Do ministério à oposição?

Recém-transferido do PMDB para o PSD, o ex-ministro da Agricultura Reinhold Stephanes usou a tribuna da Câmara dos Deputados na morna segunda-feira para realçar as críticas sobre o futuro do setor agropecuário no Brasil. "Sem estratégia, será impossível superar os obstáculos de infraestrutura e logística", disse. O discurso foi mais um cutucão público nos peemedebistas, que comandam a pasta, e no governo Dilma. Há alguns meses, Stephanes chegou a declarar que o atual ministro, Mendes Ribeiro Filho, "nunca plantou um pé de alface".

Gomyde e Pelé

O paranaense Ricardo Gomyde deu uma mão a Aldo Rebelo na recepção de convidados ilustres antes da posse como ministro do Esporte, na segunda-feira. Assessor especial da pasta, Gomyde estava na casa de Rebelo quando Pelé chegou, cerca de uma hora antes da cerimônia no Palácio do Planalto. A ajuda comprova a proximidade entre os colegas de PCdoB, em tempos difíceis para os comunistas no governo.

O ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mostrou o lado B do "Brasil Maravilha" tão louvado pelos últimos governantes. Os indicadores sociais do país realmente melhoraram. A questão é que essa evolução está abaixo da média, em especial na comparação com os demais Brics – Rússia, Índia, China e África do Sul.

Há outros dados relevantes (e discrepantes). Da lista de 187 nações, o Brasil ficou em 84.º lugar e subiu uma colocação em relação ao levantamento anterior. Em compensação, é o 11.º da América Latina (atrás de Chile, Argentina, Uruguai, Cuba, México, Panamá, Costa Rica, Venezuela, Peru e Equador).

Bem pior que isso foi ficar no top ten dos países com mais desigualdade. Serve como um banho de realidade. Parece que o bonde da história passou e o brasileiro entrou, mas deixou um braço para fora da porta.

Em linhas gerais, o IDH é uma composição de dados sobre saúde, escolaridade e renda. Nessa salada, fica evidente um dos motivos para o país avançar com o freio de mão puxado. Enquanto os programas de transferência de renda como o Bolsa Família funcionam, a educação impede que o crescimento deslanche.

Entre 2005 e 2011, a renda média do brasileiro subiu de 8.260 para 10.162 dólares (18,7%). Já o número médio de anos de escolaridade aumentou de 6,6 para 7,2 anos (8,3%). Ou seja, a porcentagem de crescimento da renda foi mais que o dobro do aumento de escolaridade.

Claro que não é possível melhorar a educação num passe de mágica. Isso leva décadas, gerações. O medo é perceber que, numa economia aquecida e com pleno emprego, o brasileiro médio não chega nem a completar o ensino fundamental.

Nessa linha, há outro temor: se o Brasil ficou abaixo da média em uma onda positiva para o mundo inteiro, como é que vai ser quando a maré virar? A presidente Dilma Rousseff vem batendo na tecla de que o país está preparado para o aprofundamento da crise financeira mundial, mas os números do IDH não colaboram para essa tese. O país construiu uma economia interna capaz de suportar parte dos tremores externos, porém incompetente para competir em termos de inovação e conhecimento.

Por coincidência, a divulgação do IDH de 2011, na quarta-feira, ocorre na mesma semana da reunião de cúpula do G-20 na França. Enquanto os europeus quebravam o pau discutindo uma possível expulsão da Grécia da zona do euro, Dilma chegou ao evento criticando a forma como os países desenvolvidos têm tratado a crise. A presidente tem sim o direito de falar, assim como os colegas têm o direito de ignorar.

Os ora apedrejados gregos, por exemplo, ocupam o 29.º lugar no ranking de IDH. Outros países que também estão com a corda no pescoço, como Irlanda e Espanha, têm colocações ainda melhores – 7.ª e 23.ª, respectivamente. E o mesmo Brasil que corre para se instalar entre as cinco maiores economias do mundo anda devagar para resolver seus problemas internos.

Em meio a tantos dados e comparações, fica o dilema entre ser uma potência econômica internacional ou um bom país para todos os brasileiros. O ideal é que uma coisa leve a outra. Para que isso ocorra, no entanto, é preciso fazer a lição de casa.

Tarefa acumulada é o que não falta.

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