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Cachoeira deságua na política paranaense

Não vai ficar restrita à briga partidária nacional a CPI para investigar o envolvimento de políticos com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Haverá pelo menos cinco "clássicos regionais". Os confrontos que começaram pelos governos de Goiás e Distrito Federal agora se alastram por Mato Grosso, Santa Catarina e, desde ontem, pelo Paraná.

Em uma mesma interceptação de e-mail da operação Monte Carlo aparece referências ao senador Roberto Requião (PMDB) e ao governador Beto Richa (PSDB) – leia tudo sobre isso na página 13. Requião tem a mãe xingada por um parceiro argentino de Cachoeira, Ricardo Coppola. Sócio de uma empresa de jogos com sede em Curitiba, o mesmo hermano diz que conseguiu conversar com Richa para supostamente tratar da recriação de uma loteria estadual paranaense.

As revelações, apesar de inconclusivas, são como dinamite pura no embate político. Desprezado pelo partido na escalação de nomes para a CPI, Requião já havia abraçado a tese de que as investigações não serviriam para nada. Amenizou as críticas ontem e disse que a comissão precisa convocar Richa.

O tucano negou, sob qualquer hipótese, ter tido contato com Coppola. No contra-ataque a Requião, o deputado federal Fernando Francischini (PSDB) disse que vai pedir uma apuração para saber se algum dos governadores recentes do Paraná recebeu Cachoeira no Palácio Iguaçu. Para bom entendedor, meia sílaba vale por um dicionário inteiro.

Aliás, vale lembrar quem são os três paranaenses que vão integrar a CPI, que será composta por 15 senadores e 15 deputados federais, com número igual de suplentes. Além de Francischini, estão na lista o senador Alvaro Dias (PSDB) e o deputado federal Rubens Bueno (PPS). Ou seja, todos de partidos aliados a Richa.

Alvaro, contudo, tem rusgas escancaradas com o governador desde 2010. Por enquanto, ele ainda não teve tempo de se manifestar sobre como procederá em relação ao caso. Ao que tudo indica, vai agir com "independência", provavelmente a mesma opção a ser feita por Rubens Bueno.

Já Francischini corre outro tipo de risco. Ex-delegado da Polícia Federal, ele é o camisa 10 da oposição na CPI. Mas como o deputado "tolerância zero", como dizia seu slogan de campanha, vai conseguir manter a fama de durão se amaciar para o companheiro de estado?

Em primeiro lugar, é preciso avaliar o caso com cuidado. Mesmo que Richa tenha se encontrado com Coppola – o que, repita-se, o tucano nega peremptoriamente – só existiriam ilegalidades se ele tivesse dado ou prometido contrapartidas ao grupo de Cachoeira. Em quase 16 meses de governo, Richa não fez qualquer gesto que indique a reativação de uma nova estrutura para substituir o Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar), extinto desde 2007.

O que existem até agora são apenas indícios, que apontam muito mais em direção ao time de Cachoeira do que para o governador. Fará bem a Richa, por outro lado, que esse novelo seja totalmente desenrolado. E é função de uma CPI decente colocar tudo em pratos limpos, sem disputas regionais.

Talvez a convocação de Coppola seja, enfim, o primeiro passo a ser dado. Mataria, de uma só tacada, a maioria das dúvidas de catarinenses, mato-grossenses e paranaenses. Resta saber até onde o bairrismo vai ser capaz de impedir que isso aconteça.

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