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Nos corredores

Ética sem paranaenses

Ao contrário da CPI para investigar políticos ligados a Carlinhos Cachoeira, nenhuma das 30 cadeiras do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado é ocupada por um paranaense. O órgão, que vai apurar as denúncias contra o senador goiano Demóstenes Torres, só foi reaberto no ano passado devido ao episódio em que o senador Roberto Requião tomou o gravador de um repórter da Rádio Bandeirantes. O caso, no entanto, foi arquivado por José Sarney (PMDB-AP) antes do começo de qualquer investigação.

Alvaro e Requião

Alvaro Dias (PSDB) até tentou ensaiar um lobby nesta semana para que o colega Roberto Requião (PMDB) fosse escalado para uma das vagas da CPI do Cachoeira. O tucano chegou a tratar o assunto em um discurso em plenário e o PSDB topou ceder uma vaga na comissão para a ala peemedebista "dissidente" do grupo de Sarney. O rebelde agraciado, porém, foi Jarbas Vasconcellos (PE).

Audiência em Curitiba

Curitiba será uma das sete capitais brasileiras que vão receber audiências públicas para debater o Projeto de Lei n.º 2.126/2011, que cria o Marco Civil da Internet. O evento está programado para o dia 17 de maio. A proposta, encaminhada à Câmara dos Deputados pelo Poder Executivo, tenta estabelecer os direitos e deveres de usuários e provedores de internet. Um dos destaques do texto é a vedação ao monitoramento, filtragem ou fiscalização dos pacotes de dados utilizados pelo internauta.

Não vai ficar restrita à briga partidária nacional a CPI para investigar o envolvimento de políticos com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Haverá pelo menos cinco "clássicos regionais". Os confrontos que começaram pelos governos de Goiás e Distrito Federal agora se alastram por Mato Grosso, Santa Catarina e, desde ontem, pelo Paraná.

Em uma mesma interceptação de e-mail da operação Monte Carlo aparece referências ao senador Roberto Requião (PMDB) e ao governador Beto Richa (PSDB) – leia tudo sobre isso na página 13. Requião tem a mãe xingada por um parceiro argentino de Cachoeira, Ricardo Coppola. Sócio de uma empresa de jogos com sede em Curitiba, o mesmo hermano diz que conseguiu conversar com Richa para supostamente tratar da recriação de uma loteria estadual paranaense.

As revelações, apesar de inconclusivas, são como dinamite pura no embate político. Desprezado pelo partido na escalação de nomes para a CPI, Requião já havia abraçado a tese de que as investigações não serviriam para nada. Amenizou as críticas ontem e disse que a comissão precisa convocar Richa.

O tucano negou, sob qualquer hipótese, ter tido contato com Coppola. No contra-ataque a Requião, o deputado federal Fernando Francischini (PSDB) disse que vai pedir uma apuração para saber se algum dos governadores recentes do Paraná recebeu Cachoeira no Palácio Iguaçu. Para bom entendedor, meia sílaba vale por um dicionário inteiro.

Aliás, vale lembrar quem são os três paranaenses que vão integrar a CPI, que será composta por 15 senadores e 15 deputados federais, com número igual de suplentes. Além de Francischini, estão na lista o senador Alvaro Dias (PSDB) e o deputado federal Rubens Bueno (PPS). Ou seja, todos de partidos aliados a Richa.

Alvaro, contudo, tem rusgas escancaradas com o governador desde 2010. Por enquanto, ele ainda não teve tempo de se manifestar sobre como procederá em relação ao caso. Ao que tudo indica, vai agir com "independência", provavelmente a mesma opção a ser feita por Rubens Bueno.

Já Francischini corre outro tipo de risco. Ex-delegado da Polícia Federal, ele é o camisa 10 da oposição na CPI. Mas como o deputado "tolerância zero", como dizia seu slogan de campanha, vai conseguir manter a fama de durão se amaciar para o companheiro de estado?

Em primeiro lugar, é preciso avaliar o caso com cuidado. Mesmo que Richa tenha se encontrado com Coppola – o que, repita-se, o tucano nega peremptoriamente – só existiriam ilegalidades se ele tivesse dado ou prometido contrapartidas ao grupo de Cachoeira. Em quase 16 meses de governo, Richa não fez qualquer gesto que indique a reativação de uma nova estrutura para substituir o Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar), extinto desde 2007.

O que existem até agora são apenas indícios, que apontam muito mais em direção ao time de Cachoeira do que para o governador. Fará bem a Richa, por outro lado, que esse novelo seja totalmente desenrolado. E é função de uma CPI decente colocar tudo em pratos limpos, sem disputas regionais.

Talvez a convocação de Coppola seja, enfim, o primeiro passo a ser dado. Mataria, de uma só tacada, a maioria das dúvidas de catarinenses, mato-grossenses e paranaenses. Resta saber até onde o bairrismo vai ser capaz de impedir que isso aconteça.

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