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"O povo não sabe o que quer, enquanto nós não sabemos o que oferecer. Acabamos nos transformando em uma massa amorfa de porcaria."

Max Rosenmann (PMDB), deputado federal, sobre o descrédito do Congresso Nacional.

Virgínia e Iracema eram duas velhotas da novela das oito que viviam se encrencando para ficar com o cargo de síndica do Copamar, um prédio antigo de Copacabana. Uma passava a rasteira na outra e ambas prometiam mundos e fundos aos moradores para chegar ao poder. No discurso, era ataque para todo lado. Na prática, a administração das duas era quase a mesma coisa.

O exemplo é lembrado pelo senador Flávio Arns para explicar a difícil relação das pessoas com o poder. O alvo do paranaense é o próprio partido, o PT. "É como aquele ditado: dê poder a alguém para saber quem realmente ele é", cita, desencantado com a legenda que o acolhe desde 2002.

Já não é novidade que Arns está com os dois pés e a cabeça fora do partido. Os motivos, até a semana passada, eram três: a postura petista pró-legalização do aborto, o afastamento dos movimentos sociais e o esforço para salvar a pele de Renan Calheiros. Há seis dias, entretanto, veio a gota d’água.

De acordo com a versão preliminar de um estudo que aponta as novas diretrizes do governo federal para a Educação Especial, não serão criadas novas escolas para deficientes. Além disso, as já existentes serão transformadas em Centros de Atendimento. O material, batizado como Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, também restringe a celebração de convênios com entidades do terceiro setor.

Saber das intenções do Ministério da Educação caiu como uma bomba no gabinete do senador. Pai de um garoto com deficiência, Arns é um dos principais defensores no Congresso Nacional de entidades como Apaes, Pestalozzis, escolas para surdos, cegos, autistas e vítimas de paralisia cerebral. Como resposta, ele já mobiliza o setor para protestar contra o ministro Fernando Haddad.

Sobre o destino partidário, o paranaense prefere manter a sua já tradicional calma. Recebeu convites do PDT, de Osmar Dias, e do PSC, de Ratinho Júnior. Garante que não vai se influenciar por ofertas para disputar as próximas eleições – seja para prefeito ou para senador. Diz buscar uma legenda que esteja mais próxima da sociedade, que interaja realmente com os movimentos sociais. Quer um espaço em que haja desapego ao poder.

Embora ele mesmo admita que isso, na prática, não é possível nem mesmo em novela.

Nos corredores

Bate, mas sem força – Acuado pela possível expulsão do PDT, o deputado federal Barbosa Neto diz que entenderia qualquer tipo de punição. "Ser expulso é demais. Uma advertência está de bom tamanho, ou até ajoelhar no milho." O pedetista votou contra a prorrogação da CPMF na Câmara, apesar da bancada do partido ter fechado questão a favor. Na cúpula da legenda, parece que a expulsão foi mais estardalhaço de Barbosa do que uma vontade real do presidente do PDT, Carlos Lupi.

Filosofia tucana – Um dos nove paranaenses que votaram contra a prorrogação da CPMF na Câmara dos Deputados, Luiz Carlos Hauly (PSDB), filosofou nesta semana sobre a arrecadação de impostos e o crescimento do país. Segundo ele, sem uma reforma tributária, o país continua mantendo o sistema "laborcida". Com a redução da carga tributária, porém, se transformaria em "laborgênico". A teoria até é fácil de explicar. Difícil é traduzir do tucanês para a linguagem do baixo clero.

Royalties no plenário – O deputado federal Max Rosenmann (PMDB) foi ao plenário da Câmara discursar na última terça-feira a favor do reequilíbrio do contrato de antecipação de royalties da usina de Itaipu, assinado entre o governo do estado e a União em 2000. Ele e os colegas André Vargas e Ângelo Vanhoni, do PT, fizeram um pedido de informações ao Ministério da Fazenda sobre o caso, há 20 dias. A luta, segundo ele, pode render R$ 1,4 bilhão ao Paraná. Requião briga pela grana desde 2004. Ainda tem mais 3 anos e 3 meses para seguir no ringue.

Revolta no Senado – E desta vez não é por causa de Renan Calheiros. Amanhã, a partir das 14 horas, o Senado realiza uma sessão em comemoração à Revolta dos Colonos. O levante ocorreu nos anos 50 e envolveu 6 mil posseiros no Sudoeste do Paraná. O curioso é que logo depois da celebração volta a entrar em cartaz a rebelião oposicionista no Senado. Para o dia, está prevista a apreciação da mensagem relativa à indicação do economista Luiz Antônio Pagot para o cargo de diretor-geral do Dnit. Por duas vezes, obstruções promovidas por DEM e PSDB inviabilizaram a votação da matéria.

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