• Carregando...

Desde sempre, a humanidade briga por poder com os instrumentos que tem à mão. Do soco foi para a pedrada, daí ao arco e flecha, canhão, espingarda, míssil, bomba atômica... Até que no meio do caminho descobriu uma arma muito mais eficiente. A palavra.

A tese se resume a uma frase: "a política é a guerra por outros meios". Ouvi a teoria na Espanha, do vice-reitor da Universidade Complutense de Madri e especialista em comunicação política e bélica, Alejandro Quintero. Não sei se ele próprio a criou, mas acho que faz cada vez mais sentido.

Campanhas eleitorais fomentam a criação de novas e elaboradas ferramentas de persuasão. Em 2008, Barack Obama assombrou o mundo ao arrecadar mais dinheiro e votos graças à internet. Ao mesmo tempo, não se descuidou com as modalidades antigas, como comerciais de tevê, rádio e até da panfletagem na rua.

No rol dessas armas, existe uma que durante décadas tem sido apontada como uma das mais letais – o debate televisivo. Desde 1960, quando o novato John Kennedy surpreendeu o então vice-presidente Richard Nixon diante de uma plateia de 70 milhões de telespectadores norte-americanos, o mito persiste. E realmente há motivos (ou pelo menos havia) para o glamour.

No Brasil, os debates só ganharam peso com o início da redemocratização, em 1982. Mas o auge foi a campanha de 1989, quando Lula e Fernando Collor realizaram confrontos que entraram para a história. E que, de tão ásperos, criaram a cultura de não-participação do líder nas pesquisas.

No Paraná, Jaime Lerner negou-se a participar de qualquer debate contra Roberto Requião em 1998. Venceu no primeiro turno. Em 2002, Requião justificou o temor de Lerner e venceu Alvaro Dias também em função da performance "olho no olho".

Mas o momento mais memorável dos debates no estado ocorreu no segundo turno da disputa pela prefeitura de Curitiba, em 2000. Tímido, Cassio Taniguchi (DEM) desestabilizou Angelo Vanhoni (PT) com uma pegadinha histórica. Perguntou ao petista sobre o Programa Na­­cional de Economia de Energia Elétrica usando apenas a sigla Procel e Vanhoni, que se assustou com o tema, teve um enorme branco de 30 segundos (ao vivo, pareceram 30 minutos) que lhe arrancou um enorme naco de credibilidade.

Não que Vanhoni tenha tido uma performance terrível, mas o staff de Cassio soube como turbinar o lapso e conduzir o então prefeito à reeleição. Episódios como esse ensinam muito sobre como os marqueteiros políticos veem o debate hoje em dia. A estratégia é entrar em campo para não errar e, ao mesmo tempo, forçar o erro do adversário.

Nessa linha, os esperados confrontos ideológicos ficam em segundo plano.

Assessores e emissoras privilegiam formatos engessados, que permitam aos candidatos atuarem como robôs. Foi isso o que aconteceu no encontro entre presidenciáveis realizado pela Band na semana passada.

O panorama deve se repetir no primeiro debate televisivo entre os candidatos a governador do Paraná, que acontece na próxima quinta-feira, também na Band. A tendência é que Osmar Dias (PDT) parta para a ofensiva, mas não vai surpreender Beto Richa (PSDB) se, por exemplo, insistir apenas na batida história da defesa das empresas públicas ou na contraposição entre um legado lernista e requianista. Serão perguntas esperadas para respostas decoradas.

Se for assim, vai faltar emoção. E sem emoção, não tem audiência que resista. Os números da última quinta-feira não mentem, quando 36,9% da audiên­­cia preferiu acompanhar São Paulo x Inter contra 5,5% que viram a conversa morna entre Dilma, Marina, Plínio e Serra.

Nos corredores

Alvaro é Fruet. E só

Distanciado dos dois principais candidatos ao Palácio Iguaçu, o senador Alvaro Dias (PSDB) já decidiu apoiar apenas o colega de partido Gustavo Fruet nas eleições de 2010. Fruet, que briga por uma vaga ao Senado, deve inaugurar nesta semana um comitê organizado por Alvaro em Ponta Grossa. Segundo Alvaro, será um espaço de apoio para Fruet e José Serra, neutro na disputa estadual.

Soldado no Twitter

Ainda abatido com a polêmica sobre a vice de Serra, Alvaro tem recebido missões pontuais do PSDB durante a campanha. A última delas foi comentar o debate da semana passada na Band no Twitter.

O senador, que tem 28 mil seguidores, gostou do trabalho. Segundo um site que analisa a leitura das mensagens no microblog, os textos dele chegaram a 3,7 milhões de internautas.

Alceni e o crack

Fora da disputa pela reeleição na Câmara dos Deputados, o paranaense Alceni Guerra (DEM) divide-se entre duas missões. No Paraná, trabalha pela eleição do filho, Pedro Guerra (DEM). Nacionalmente, tem municiado José Serra com informações sobre políticas inovadoras de combate ao crack. Ex-ministro da Saúde, Alceni tem estudado o tema há três anos.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]