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Nos corredores

Marina independente

Porta-voz da Rede Sustentabilidade no Paraná, Eduardo Reiner diz que a presidenciável Marina Silva foi, é e continuará "independente" na disputa eleitoral do Paraná. Segundo ele, a possibilidade de participar da campanha no estado acabou quando Rosane Ferreira (PV) desistiu de ser candidata ao Palácio Iguaçu para ser vice na chapa de Requião.

Nada pessoal

De acordo com Reiner, porém, não há nada de "pessoal" no fato de Marina nunca ter apoiado a coligação local do PSB (partido de passagem da ex-senadora) com o PSDB de Beto Richa. "É uma questão de coerência, de não aceitar as alianças tradicionais, como também foi em São Paulo."

Três sonháticos

No Paraná, todos os filiados à Rede que disputam as eleições preferiram se filiar ao PV do que ao PSB. O time local de "sonháticos" (como são chamados os seguidores de Marina) tem Reiner e Gilson Tessaro como candidatos a deputado federal e Evandro Martini para a Assembleia Legislativa.

Tinha tudo para ser uma campanha de primeira no Paraná. O candidato que tenta a reeleição é figura prestigiada da oposição nacional. Os principais oponentes não ficam atrás: um administrou o estado por três mandatos, a outra ocupou a gerência do governo federal por dois anos e meio.

O alto nível, por enquanto, ficou só na expectativa. Cada evento que reuniu Beto Richa (PSDB), Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB) primou pelo ambiente de constrangimento. O ápice foi o debate da última quinta-feira na Bandeirantes.

Na primeira pergunta que fez, Requião logo chamou o tucano pelos dois primeiros nomes, Carlos Alberto. Na sequência, disse que o adversário não gosta de acordar cedo, vive bronzeado (de onde sai o tempo para ficar na piscina?) e é mal criado. Richa retrucou chamando o peemedebista de mentiroso das mais diversas formas e até arriscou um "mitômano".

Oito anos antes, quando quase não segurou a virada de Osmar Dias (PDT), Requião havia ficado desnorteado (não se sabe muito bem o porquê) quando Osmar passou um debate inteiro o chamando de candidato Mello e Silva, em referência ao final de seu sobrenome. Semana passada, Richa nem falou o nome de Gleisi, a tratou apenas como candidata do PT. No revide, a petista tirou do bolso um novo apelido para o governador – "Kinder Ovo" –, alusivo às dezenas de vezes em que já disse ter sido "pego de surpresa" por uma má notícia do próprio governo.

É fato que a ironia faz parte do jogo e tem o seu papel para atrair a atenção da população. Mas deveria ser um recurso para realçar pautas de real interesse público.

Essas aí existem aos montes e quase sempre envolvem problemas do mundo real dos eleitores. Há pelo menos quatro assuntos quicando que renderiam um debate cada. São eles: o descumprimento dos 12% do orçamento para a saúde, o baixíssimo índice de investimentos públicos (tanto da União quanto do estado), a crise que levou o Paraná a dever R$ 1,1 bilhão a fornecedores no começo de 2014, a péssima relação federativa que existe há mais de uma década entre Curitiba e Brasília.

Quando Gleisi, por exemplo, perguntou a Requião sobre a aposentadoria de R$ 29 mil que recebe como ex-governador, poderia ligar o fato a mais uma contribuição para o desequilíbrio nas contas do estado. E mais: o que ela propõe para evitar que esse tipo de benesse seja extirpada, doa a quem doer. Debate público útil deve abordar tanto o diagnóstico de problemas quanto a oferta de uma solução – qualquer um pode ser especialista em apontar os erros, o duro é que existem poucos craques dispostos a resolvê-los.

Comparando com o futebol, o que se viu até agora no confronto entre Gleisi, Requião e Richa são três times montados apenas para não deixar o oponente jogar. Algo como um torneio só entre times treinados por Felipão, Dunga e Celso Roth, cheio de zagueiros e volantes, sem nenhuma inspiração para marcar. O hino dos três poderia ser o jingle que já é utilizado por Requião, o "taca-lhe pau".

Enquanto isso, o Paraná vai descendo o morro da vó Salvelina.

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