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Está no manual de todo candidato a presidente, governador ou senador – a regra número um da campanha vitoriosa é conquistar o apoio dos prefeitos. Em um país com 5.562 municípios, quem abre o olho para as cidadezinhas consegue um diferencial quase imbatível. O mandamento foi seguido ao pé da letra em Brasília e no Paraná durante a semana passada.

Lula sabia exatamente o que queria ao organizar o Encontro Nacional com Novos Prefeitos e Prefeitas. Deu atenção aos figurões das capitais, como Beto Richa, mas se esforçou mesmo para fazer bonito com os representantes dos grotões. Em uma rara oportunidade, fez do interior protagonista da política nacional.

Ao levar cerca de 3,2 mil prefeitos ao Distrito Federal, o presidente conseguiu a proeza de dar capilaridade à candidatura de Dilma Rousseff e, de quebra, colocou no bolso todos os intermediários. Mostrou o desejo de abrir um canal direto com as prefeituras, livrando-as da doentia relação entre elas e os deputados federais. Se vai dar certo, só o tempo dirá.

O fato é que uma das cenas mais tristes que ocorrem diariamente no Congresso Nacional é a peregrinação dos prefeitos de pequenos municípios. Eles vagam de gabinete em gabinete em busca de emendas parlamentares ou influência política para ajudar na execução de convênios. Na maioria das vezes, são recebidos com tanto descaso que até parece que o nobre parlamentar está tirando dinheiro do bolso para ajudar na construção de um postinho de saúde.

Lula sabe – e todo mundo deveria saber – que o dinheiro sai mesmo é da União, ou melhor, do nosso bolso. Por isso falou o que todos os prefeitos queriam ouvir e prometeu desburocratizar o acesso aos 170 programas destinados aos municípios. Disse que todo o acompanhamento dos processos poderá ser feito pela internet, o que acabaria com a relação de subserviência aos deputados – restaria às excelências aquela velha e esquecida missão de legislar.

No Paraná, o palco da política nos últimos dias migrou para Cascavel. Em quatro dias, a cidade recebeu o presidenciável José Serra (PSDB), três candidatos ao governo do estado – Osmar Dias (PDT), Alvaro Dias (PSDB) e Beto Richa (PSDB) – e quatro candidatos ao Senado – Roberto Requião (PMDB), Gustavo Fruet (PSDB), Ricardo Barros (PP) e Abelardo Lupion (DEM). Ninguém abriu mão de um milímetro de espaço.

Uma disputa tão acirrada, porém, leva diretamente à pergunta: não é muito cedo para começar uma disputa eleitoral que só ocorre dentro de 20 meses? No interior, essa é a hora certa. Para Curitiba e região metropolitana a história é outra.

Cidades pequenas exigem campanhas de corpo a corpo. A presença física conta muito, os formadores de opinião têm peso redobrado. Nos grandes centros, o que pesa é a campanha massificada, a presença nos meios de comunicação.

Do ponto de vista eleitoral, Lula agiu certo ao se aproximar dos prefeitos. E por isso despertou a ira dos partidos de oposição, que prometem entrar na Justiça Eleitoral contra o presidente pelo uso do governo federal para um evento claramente eleitoreiro. Em Brasília, Dilma reinou quase sozinha. No Paraná, o interior ainda é terra de ninguém. Felizmente, no bom sentido.

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Nos corredores

Saudades do mar

Eduardo Requião já está há 40 dias no comando da Secretaria de Representação do Paraná em Brasília, mas não esquece de Paranaguá. Ele não deixa de criticar a postura do governo federal quanto à dragagem do Canal da Galheta. "O Ministério dos Portos tem demonstrado que é o mais importante e, ao mesmo tempo, mais incompetente do país", diz o irmão do governador.

Comissão da Crise

Ao menos um paranaense, Alfredo Kaefer (PSDB), integrará a Comissão Especial de Exame e Avaliação da Crise Econômica, na Câmara dos Deputados. O grupo terá 17 membros e as vagas têm sido disputadas a tapa. Entre os figurões da comissão, já estão confirmados Ciro Gomes (PSB-CE) e Armando Monteiro (PTB), presidente da Confederação Nacional da Indústria.

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