• Carregando...

Curitiba não parou porque não tem metrô. Assim como a economia do Paraná cresceu nos últimos anos, mesmo com o pedágio não baixando ou acabando. Ambas as propostas são legítimas, interessam à população, mas há um enorme abismo entre idealizá-las e colocá-las em prática.

São dois casos de sucesso – ou de fracasso – que precisam ficar na memória do paranaense para as próximas eleições. Está no sangue dos políticos prometer coisas que não estão ao seu alcance. No fundo, os eleitores sabem disso, mas cedem aos encantos das promessas mesmo assim.

A começar pelo fiasco mais antigo. Talvez o principal mote de campanha de Roberto Requião (PMDB) em 2002 tenha sido a guerra contra o pedágio. Ele tinha razão, os preços assustavam e ainda assustam qualquer motorista.

O problema foi a estratégia escolhida para o conflito. Re­­quião poderia ter aberto uma negociação de verdade com as concessionárias e evitado o vexame das seguidas derrotas judiciais. Transformou o slogan "baixa ou acaba" em motivo de chacota.

A situação do metrô é mais complicada. A obra foi uma bandeira de Beto Richa (PSDB) na reeleição à prefeitura de Curitiba em 2008. Despontava o homem que exterminaria os engarrafamentos, que traria mais conforto ao cidadão cansado de virar sardinha nos ônibus.

Beto já renunciou à prefeitura e corre o estado pedindo votos para governador. E o metrô? Nem os estudos de engenharia prometidos para o mês passado ficaram prontos.

Está cada dia mais difícil acreditar que a obra sai em curto ou até mesmo em médio prazo, para a Copa de 2014. O fato é que Beto prometeu algo que não tinha, pelas próprias forças, como cumprir. E todas as cifras envolvidas sempre indicaram que isso aconteceria.

A última proposta, de dezembro do ano passado, reduziu o tamanho do sistema de 21 para 12 estações, a um custo de R$ 1,44 bilhão. Dessa quantia, a sugestão era que R$ 960 milhões fossem pagos pelo governo federal e os outros R$ 480 milhões por meio de uma parceria público-privada. Moral da história: a prefeitura teve a ideia, mas nunca teve como pagar a conta.

Está certo propor que o primo rico da federação, a União, coloque dinheiro em um empreendimento que vai beneficiar uma metrópole relevante como Curitiba. Também é coerente buscar uma parceria com a iniciativa privada. Nenhuma das duas coisas, contudo, garantiriam a construção do metrô.

O problema ficou mais evidente no lançamento da segunda versão do Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC 2, há sete dias. Há R$ 38 bilhões disponíveis para mobilidade urbana, mas não estão discriminados recursos para o metrô curitibano, que terá de concorrer com propostas de Porto Alegre e Belo Horizonte. À primeira vista, fica fácil colocar a culpa no governo federal, mas a promessa não nasceu em Brasília.

Talvez ela tenha nascido no coração dos próprios curitibanos, que sonham com uma evolução dos biarticulados. Assim como desejam um pedágio mais barato, que não comprometa os planos de um fim de semana no litoral. E é justamente esse querer dos eleitores e a capacidade para realizar dos candidatos que estão em jogo nas campanhas.

* * * * * *

Nos corredores

Namoro ou amizade

Devido à falta de reserva em voos para Brasília nesta segunda-feira, foi adiada a reunião entre presidentes estaduais e nacionais de PT e PDT que encontrariam-se hoje para definir os últimos detalhes da aliança entre os dois partidos no Paraná para dar suporte à candidatura do senador Osmar Dias (PDT) ao governo do estado.

Casal em paz

Na cerimônia em que substituiu dez ministros na semana passada, o presidente Lula explicou os argumentos que usou para convencer o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a seguir no governo e a não concorrer a deputado federal. "Ele e a mulher (Gleisi Hoffmann) teriam uma briga séria dentro de casa", disse. Pela tese do presidente, não é saudável que marido e mulher participem ao mesmo tempo de eleições.

Dicas de Lula

Na mesma solenidade, o presidente deu outras dicas de como montar um ministério. A principal delas, segundo ele, é jamais convidar uma pessoa que não possa ser demitida. "Quando eles querem sair do governo para participar das eleições é assim, todo mundo sorrindo. Agora, se um deles tivesse sido demitido..."

Em resumo, as duas situações ilustram a velha história do "me engana que eu gosto" na política brasileira. É muito fácil para um político dizer o que vai fazer antes de ser eleito, principalmente se é isso exatamente o que o eleitor quer ouvir. O diferencial é garantir como fazer depois de chegar ao poder.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]