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Nos corredores

O médico e o coordenador

O novo chefe do Escritório de Representação do Paraná em Brasília, Alceni Guerra, vai reencontrar um conterrâneo de Pato Branco na capital, o coordenador da bancada do estado no Congresso, deputado Fernando Giacobo (PR). Perguntado sobre a relação com o parlamentar, Alceni (que é médico por formação e ex-ministro da Saúde), respondeu: "Fui pediatra dele".

Colegas de absolvição

Além de colegas na Câmara dos Deputados até o ano passado, Alceni e Giacobo também foram réus em um mesmo julgamento no Supremo Tribunal Federal, em 2010. Eles foram absolvidos por 6 a 5 em uma ação penal que tratava da licitação da rodoviária de Pato Branco, em 1998. Na época, Alceni era prefeito da cidade e Giacobo proprietário da única empresa participante do certame.

O 1º do PSD

A nomeação de Alceni é, na prática, a primeira de um representante do Partido Social Democrático (PSD) no governo Beto Richa (PSDB). Não deve, entretanto, ser a única. A legenda dissidente do DEM, que ainda está em formação, já decidiu que apoiará o tucano. O pacote deve incluir a aliança para a reeleição de Luciano Ducci (PSB) à prefeitura de Curitiba.

Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo têm sido obrigados a conviver com os efeitos colaterais do poder. Em Brasília, um casal que comanda dois ministérios e consegue passe livre ao terceiro andar do Palácio do Planalto ganha de brinde alvos nas costas. As flechas vêm de todos os lados e as mais venenosas costumam partir dos "amigos".

Quando a presidente Dilma Rousseff resolveu mexer no feudo do Partido da República (PR), o Ministério dos Transportes, sobraram os primeiros respingos na dupla. Representantes da legenda no Congresso (aqueles que sempre aparecem como fontes anônimas, mas todos sabem quem são) tentaram de cara contaminar os paranaenses no caso.

Segundo eles, Paulo Ber­­nardo teria tido controle direto sobre as principais obras viárias do país enquanto foi ministro do Planejamento (2005-2010). No Paraná, teria deixado o serviço para a esposa. Garantiam as tais fontes que, ou Dilma recuava e mantinha a força do PR nos Transportes, ou um novo escândalo iria explodir.

O esperado homem-bomba do partido, no entanto, acabou não soltando nem um traque. Nos depoimentos ao Senado e à Câmara, o diretor afastado do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antonio Pagot, preferiu exaltar qualidades do casal, descrito como por ele como "exigente". Depois das declarações, Paulo Bernardo disse saber que Pagot não mentiria.

Mas e se ele sustentasse o burburinho dos bastidores? Por mais que fosse falso, seria palavra contra palavra. E tome tiroteio por pelo menos mais duas semanas, até que tudo fosse esclarecido.

O atual ministro das Comu­­­nica­­­ções é um caso raro por permanecer praticamente imaculado em escândalos de corrupção ao longo de seis anos no primeiro escalão fe­­­deral. Proteger-se, contudo, será uma tarefa ainda mais complexa para Gleisi. É só lembrar o histórico da Casa Civil e os destinos de José Dirceu, Erenice Guerra e Antonio Palocci.

Além disso, há outros fatores que tornam os dois ainda mais suscetíveis às pancadas. Ambos são de um eixo menos tradicional de poder dentro do próprio partido. O PT paranaense nunca foi um fenômeno eleitoral e a ascensão da periferia incomoda quem sempre esteve no centro – em especial, as alas paulista e gaúcha da legenda.

Além disso, eles não são apenas uma dupla. Existe um time do estado que também sobe nas cotações. Surfam na mesma onda petistas históricos de Londrina, como o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o deputado federal André Vargas. Sem contar os carregadores de piano, como a secretária nacional de Inclusão Digital, Lygia Pupatto.

A parceria entre esse grupo está longe de ser uma novidade na capital. O que pega de surpresa é a coesão, a ascensão relativamente rápida. Poucos deglutiram as novas opções de Dilma, que parece ter desistido de figurões (como Palocci) e passado a apostar em novas lideranças.

Se a mudança de estratégia mexeu no tabuleiro em Brasília, imagine o rebuliço feito no Paraná. Por todas as partes, o PT vive hoje a sua própria luta de classes. Quem sobe acumula força, mas também o rancor de quem ficou por baixo.

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