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Em 1815, o pensador prussiano Carl von Clawsevitz disse que a "guerra é a política por outros meios". Passaram-se dois séculos, duas guerras mundiais e as democracias modernas subverteram a famosa frase. A política, essa sim, transformou-se na guerra por outros meios.

Explica-se: historicamente as batalhas sempre seguiram um protocolo. A briga boa acontecia com hora marcada e com condições climáticas favoráveis. Você chamava o inimigo, escolhia um local estratégico, marcava um horário e só então começava o salve-se quem puder. Exatamente como nos blockbusters do tipo Coração Valente.

Em determinado momento da evolução humana, percebeu-se que matar uns aos outros era cansativo e inócuo. Era assassinar um rival para aparecerem dois. A solução? Realizar eleições.

Pois as disputas eleitorais seguem o mesmíssimo protocolo das guerras. E quem não cumpre as etapas tem muita chance de se dar mal. Por isso o movimento atual de antecipação das candidaturas, especialmente no plano paranaense, pode gerar baixas antes mesmo de o confronto começar.

Em primeiro lugar, porque o cidadão vê a política como uma chateação e não quer precipitar em um ano o fardo que terá de carregar ao longo do segundo semestre de 2010. Além disso, quem chega com antecedência demais ao campo de batalha fica muito mais tempo exposto aos ataques de quaisquer adversários, inclusive os que só fazem espuma e não participam das eleições.

Escaldado pela derrota por apenas 10 mil votos para Roberto Requião (PMDB) em 2006, o senador Osmar Dias (PDT) foi ousado ao começar a percorrer o Paraná oficialmente como candidato a governador a partir do mês passado. Nem a candidatíssima Dilma Rousseff (PT) seguiu essa linha – e inclusive já cansou a língua de repetir que não fala sobre 2010 "nem amarrada".

Dilma e, no caso paranaense, Beto Richa (PSDB), fazem questão de respeitar uma das maiores máximas do jogo de cena político – uma coisa é todo mundo saber que você é candidato, outra é deixar claro que você está fazendo campanha. Graças à precocidade da decisão, Osmar será uma enorme vidraça única ao longo de vários meses.

O senador carregará o ônus de lidar com todas as desgastantes negociações publicamente. Bem antes do recomendável, precisará escolher, por exemplo, entre o PT de Paulo Bernardo ou o DEM de Abelardo Lupion. Receberá inevitáveis pancadas do desafeto Requião e, por último, ainda precisará superar o estresse de uma disputa velada com o irmão Alvaro (PSDB).

Exemplos similares não faltavam a Osmar. O mais famoso deles foi o de Roseana Sarney em 2002. Favorita em todas as pesquisas, precipitou demais a candidatura à Presidência e foi massacrada no escândalo Lunus. Resultado: não conseguiu nem ser candidata.

Pelo que indicam pesquisas recentes, o senador aparece um pouco atrás de Beto Richa, o que dá o prognóstico de uma eleição disputadíssima. Em como todos os confrontos, vencerá quem estiver mais forte durante o período eleitoral, ou seja, entre agosto e outubro de 2010. Ainda assim, é inegável que Osmar tem muitas chances de vitória. Mas será como vencer os 100 metros rasos depois de disputar uma maratona.

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Nos corredores

O que importa é o Planalto

A cúpula nacional do PT deixou bem claro qual será o posicionamento da legenda para 2010. Uma resolução publicada na sexta-feira empurrou para fevereiro a escolha do nome para a disputa da Presidência da República. Antes disso, os pré-candidatos nas eleições estaduais devem sossegar. A meta é coligar-se onde for necessário para fortalecer Dilma Rousseff. Não, o texto não cita o nome da ministra. Mas está cada vez mais claro que não há plano B.

Eu, contra o Bolsa Família?

O PSDB se reúne hoje em João Pessoa (PB) para discutir o futuro dos programas sociais no Brasil. Segundo o senador Alvaro Dias, o encontro na verdade servirá para definir a estratégia do partido em 2010, caso os rivais na disputa presidencial insinuem que a legenda irá, por exemplo, acabar com o Bolsa Família. Os tucanos já estão escaldados em situações como essa. Em 2006, a pecha de privatista levou a nocaute Geraldo Alckmin no segundo turno da disputa com Lula.

Trabalho aos 14 anos

O deputado paranaense Alex Canziani (PTB) apresentou na semana passada uma polêmica proposta de emenda à Constituição que altera a idade mínima do adolescente para entrar no mercado de trabalho de 16 para 14 anos. Segundo ele, "após 10 anos em vigor, a sociedade percebeu a urgência de mudança nesse artigo." Um dia antes da apresentação da PEC, o Senado discutiu a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Há pouquíssimas chances de as duas propostas prosperarem no Congresso.

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