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Nos corredores

Richa no Paraguai

Beto Richa foi o único governador brasileiro que participou, na quinta-feira, da cerimônia de posse do novo presidente do Paraguai, Horácio Cartes, do Partido Colorado. Em Assunção, cruzou duas vezes com a presidente Dilma Rousseff. Os dois trocaram cumprimentos calorosos.

Richa e os liberais

Um dia antes, o paranaense também participou do jantar de despedida do ex-presidente Federico Franco, do Partido Liberal, que não contou com a presença de nenhum representante do governo federal brasileiro.

Terreno na lua

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, voltou a dizer na semana passada que Richa está "comprando terreno na lua" ao tentar costurar o apoio do PMDB para 2014. "O PMDB tem o maior número de deputados estaduais e federais do estado. Fatalmente esses deputados vão querer um candidato próprio para se garantir", avaliou o ministro.

Há dois meses, o Brasil vencia o México em Fortaleza por 2 a 0 e chegava à semifinal da Copa das Confederações. Do lado de fora do Castelão, 80 mil pessoas protestavam, entre outras coisas, contra os gastos públicos com a construção de estádios. Em São Paulo e no Rio, as prefeituras anunciavam a redução de R$ 0,20 na tarifa de ônibus.

Um dia depois, a passagem diminuiu R$ 0,15 em Curitiba e a cidade enfrentou a maior manifestação de todas, que acabou em quebra-quebra no Centro Cívico e nos arredores da Arena da Baixada. A "proteção" do estádio foi feita pela torcida organizada do Atlético. "Nós somos o policiamento", disse na época um dos membros do grupo à Gazeta do Povo.

Sessenta dias se passaram e a situação se amornou. Já não se vê nas ruas os cartazes exigindo educação e saúde "padrão Fifa", nem se ouve músicas comparando salários de professores aos do Neymar. Mas falar em despesas públicas com Copa do Mundo continua sendo um assunto delicado.

Hoje o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, visita Curitiba para a última inspeção sobre o andamento das obras na cidade. Segundo o último balanço, de 10 de julho, a Arena estava 71,43% concluída. No mesmo mês, o presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, anunciou que o preço final da construção havia subido de R$ 184 milhões para R$ 265 milhões.

Valcke, obviamente, vai querer saber quem vai pagar a diferença – clube, prefeitura ou governo do estado. Pelo que informou o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, o Atlético tem "responsabilidade maior". Porém, as "garantias" seriam dadas "em parte" pelas gestões municipal e estadual.

A questão é que ninguém sabe exatamente qual será o tamanho dessa "responsabilidade", nem das tais "garantias". Um dos maiores artífices do acordo para tornar Curitiba uma das subsedes da Copa, o ex-prefeito e atual governador Beto Richa (PSDB) declarou que o estado não vai colocar "nem um centavo a mais" na obra. O secretário municipal da Copa, Reginaldo Cordeiro, disse que a prefeitura não tem "vontade" de aumentar sua participação. Já o Atlético estaria esperando por um parceiro comercial, que assumiria o naming rights da Arena, para bancar os R$ 81 milhões (valor que ainda pode ser alterado). A diferença é que o clube é um ente privado. E não disputa eleição em 2014.

Em paralelo à negociação, há um mal estar evidente na Fifa após os protestos da Copa das Confederações. Não seria de se estranhar um endurecimento da entidade no trato com as subsedes. Chutes no traseiro, como já disse Valcke. A essa altura do campeonato, fica difícil imaginar que deixar de receber o Mundial é um bom negócio (nem parece algo dentro de cogitação). Afinal, a Arena está quase pronta. Porém, também é uma aposta de risco peitar a situação e colocar mais dinheiro público na obra.

De um jeito ou de outro, será interessante ver como os políticos vão sair de uma encruzilhada em que eles mesmos se meteram. Ninguém forçou a prefeitura e o governo do estado a virar parceiros de um clube de futebol. Quem pensava só em bônus, agora tem de mostrar como lidar com o ônus.

Talvez em julho de 2014 a euforia pela festa seja tão grande que os protestos de 2013 vão parecer algo perdido no passado. Ou talvez o gigante esteja apenas tirando um cochilo para acordar ainda mais irritado do que há dois meses.

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