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Nos corredores

Beto e Dilma

Beto Richa está tentando uma audiência com Dilma Rousseff para tentar apresentar as demandas de investimentos federais no Paraná. O primeiro encontro formal entre governador e presidente, no entanto, ocorreu em abril do ano passado. Beto gastou grande parte dos 40 minutos de audiência reclamando da "herança maldita" que havia recebido da gestão Roberto Requião.

Caos na segurança

A principal reclamação do governador era sobre a situação de segurança pública no estado. "A presidente me perguntou sobre a segurança no Paraná e eu disse que assumi numa condição caótica. Temos a pior situação prisional do país e um contingente de policiais inferior ao que existia quando meu pai era governador", disse Beto à época.

"Boa parceria"

Beto também fez um balanço da audiência, dizendo que era o primeiro passo de uma "boa parceria" com o governo federal. Também agradeceu a agilidade do governo na contratação do estudo de viabilidade técnica e econômica para extensão da Ferroeste de Cascavel a Maracaju (MS). Agora, é justamente o "pacotão" de concessão de ferrovias e rodovias que gera discórdia.

Fazendo todas as contas, chega-se a uma conclusão: há algo de errado, e não é de hoje, na relação entre os palácios Iguaçu e do Planalto.

Curitiba fica a 1.366 quilômetros de Brasília. É uma distância enorme. Mas não é nada se comparada ao abismo político que separa historicamente os governos federal e paranaense.

Na semana passada, o estado ficou de fora de duas das medidas mais importantes do ano para a economia. A primeira foi o pacote de concessões de rodovias e ferrovias da União que vai injetar R$ 133 bilhões na infraestrutura do país. A segunda foi o aumento da capacidade de endividamento de 17 estados no valor total de R$ 42,2 bilhões.

Por enquanto, o Paraná só está no mapa do "pacotão" logístico como rota de passagem de trens entre Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio Grande do Sul. E o mais trágico é o fato de que a malha ferroviária já existente no estado não vai poder se conectar à nova. A largura dos trilhos (bitolas) usada atualmente é de um metro, enquanto nos novos traçados ela será de 1,60 metro.

Com isso, será mais rentável exportar a safra do Centro-Oeste do país pelo porto de Rio Grande (RS), perto da fronteira com o Uruguai, do que por Paranaguá. Segundo a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o pacote ainda terá desdobramentos até setembro, quando o Paraná estará "contempladíssimo" com novas obras.

A questão do endividamento parece menos complicada (só parece). De acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o Paraná ainda está tendo as contas avaliadas, mas pode ter o crédito ampliado até o final do ano. O problema, porém, não está nos empréstimos futuros, mas nos que foram solicitados recentemente e que continuam emperrados.

Desde 2011, o Paraná sofre para conseguir a liberação de seis operações de crédito que somam R$ 1,5 bilhão junto a duas instituições internacionais, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Os pedidos há meses patinam na Secretaria do Tesouro Nacional (não se sabe com clareza se por problemas nas contas do estado ou pela burocracia federal).

Se liberados, os recursos atingem quase o dobro dos investimentos de R$ 759,9 milhões realizados pelo Paraná em 2011.

Fazendo todas as contas, chega-se a uma conclusão: há algo de errado, e não é de hoje, na relação entre os palácios Iguaçu e do Planalto. Mas de quem é a culpa atualmente? De ambos os lados.

A gestão Beto Richa manteve até agora a negligência usual do estado nas relações com a União. O exemplo mais óbvio foi a demora de sete meses para nomear um secretário para o Escritório de Representação em Brasília. Sem canal de interlocução, fica difícil ser ouvido na capital federal, uma ilha de políticos cercada de lobistas por todos os lados. Além disso, falta um repertório claro de bons projetos a serem defendidos.

E os três ministros paranaenses, Paulo Bernardo, Gilberto Carvalho e, especialmente, Gleisi Hoffmann, poderiam dar uma ajudinha? Sim. E nem precisariam ser tendenciosos. É só bater o olho no PIB paranaense, o quinto maior do Brasil, e ver que o estado merece uma contrapartida proporcional à sua contribuição para a riqueza do restante do país.

A propósito, nos próximos dias o governo deve apresentar a Lei Orçamentária Anual da União para 2013. Na de 2012, o Paraná apareceu com a previsão do segundo menor volume de investimentos por habitante entre os 26 estados e o Distrito Federal. Se nada for feito, o cenário continuará o mesmo.

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