• Carregando...

Em 2002, Suzane von Richthofen ajudou o namorado e o cunhado a matar os próprios pais. Manfred e Marísia foram assassinados com golpes de barras de ferro enquanto dormiam em casa. O acontecimento chocou o país e expôs uma moça então fidelíssima ao amante. Instigada por ele, foi capaz do pior dos crimes.

Desde quinta-feira passada, a discussão sobre fidelidade política toma conta do Brasil. Na marra, o Supremo Tribunal Federal criou o marco legal que acaba com o troca-troca de legendas para vereadores, deputados estaduais e federais. Mas será que é necessário pôr no papel o que é ser infiel?

Sim. Só que, como muita coisa no país, isso não significa a simples solução de um problema. É só lembrar de Suzana, fiel ao namorado e, ao mesmo tempo, infiel (para não usar outro termo) com os pais.

O STF impôs a fidelidade aos parlamentares e, apesar de ser cobrado para isso, não deverá estendê-la a prefeitos, governadores, senadores e presidente.

Tirando as diferenças entre o sistema eleitoral proporcional e o majoritário, ser fiel é ser fiel – não importa se isso se aplica à política, família ou vida amorosa. Ninguém pode receber o adjetivo respeitando o amásio e, ao mesmo tempo, matando os pais. Questão de moral e ética (outros poços de ambigüidade na política).

Regionalizando a discussão, um caso emblemático. Entre os três deputados federais do Paraná que mudaram de partido desde as eleições do ano passado, apenas um pode perder o mandato, porque fez uma troca depois do dia 27 de março. Hidekazu Takayama foi eleito pelo PMDB, mas passou pelo PAN (que se transformou em PTB) até sossegar no PSC.

Se quiserem, os peemedebistas têm o direito de pedir a cadeira de volta, roubando uma vaga do PSC. Nas eleições proporcionais do ano passado, o PMDB não fez coligação. Mas a única legenda aliada na reeleição do governador Roberto Requião foi o PSC, numa articulação que, curiosamente, envolvia Takayama.

Lendo pela primeira vez, parece conversa de maluco – PMDB e PSC eram coligados na disputa para o Palácio Iguaçu, mas não para a Assembléia Legislativa e Câmara dos Deputados. Valeu a fidelidade para um caso – Requião ganhou a eleição por 10 mil votos – e agora vale a traição de tirar o mandato do PSC. Complicado? Tanto quanto acompanhar o voto de um ministro do Supremo. Mais fácil é copiar a lógica (ou a falta dela) de Suzane von Richthofen, hoje com 24 anos. A propósito, ela e o namorado romperam dias depois de serem presos.

Nos corredores

À casa torna – O ex-deputado federal José Borba está de partido novo, com novos planos. Ele trocou o PMDB pelo PP e irá se candidatar à prefeitura de Jandaia do Sul, no ano que vem. Envolvido em denúncias de envolvimento com o mensalão, ele renunciou ao mandato parlamentar em outubro de 2005. No mês passado, foi um dos 40 indiciados pelo STF no caso. Borba permanece com excelente trânsito na Câmara dos Deputados, principalmente junto à base governista. Há quem diga que isso se deve à sua postura ao renunciar – saiu sem atirar contra ninguém ligado ao Palácio do Planalto. Mesmo sem mandato, tem mais força do que muito deputado iniciante.

TV Ratinho – O deputado federal Ratinho Júnior deve ganhar um espaço como comentarista político na programação do SBT paranaense, a partir do ano que vem. Ele descarta a hipótese de ter um programa só para ele, seguindo os passos do pai. "Será algo ágil, também diferente das entradas que o Paulo Pimentel fazia até há algum tempo nos telejornais", explica. As emissoras afiliadas ao Grupo Paulo Pimentel passaram para o controle de Ratinho (pai) no começo de outubro. Segundo o parlamentar, a sigla GPP também será substituída gradualmente por GMC (Grupo Massa de Comunicação).

Ducci em Brasília – O vice-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, esteve em Brasília na terça-feira para participar de um evento nacional de saúde do seu partido, o PSB. Ele também aproveitou para visitar o gabinete do senador Renato Casagrande (ES), que ganhou notoriedade nacional ao relatar o pedido de cassação de Renan Calheiros no Conselho de Ética. Curiosamente, Ducci não cruzou com Osmar Dias (PDT). O vice-prefeito é o principal entrave para o apoio de Osmar à reeleição de Beto Richa. Apesar disso, nega qualquer diferença. "Tenho um ótimo relacionamento com a bancada do PDT", afirmou.

Vargas para vice – O sonho de ser presidente nacional do PT está cada vez mais distante do deputado federal André Vargas (PT) com a provável reeleição do paulista Ricardo Berzoini. Ao mesmo tempo, ele ganhou força na luta para ser encaixado como um dos três vice-presidentes da legenda. A decisão sobre quem ocupará qual cargo no partido de Lula deve ser anunciada nesta semana. As eleições internas devem ser realizadas no ano que vem.

agoncalves@gazetadopovo.com.br

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]