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Nos corredores - Fruet para federal

O deputado federal Gustavo Fruet deixou de lado na semana passada o plano de concorrer ao Senado antes da convenção estadual do PSDB. Apesar de ser um dos maiores críticos da aliança com o PP, que garantiu a candidatura do também deputado federal Ricardo Barros para a vaga, ele cansou do desgaste e já contabiliza os prejuízos. Recomeçou a campanha para a reeleição na semana passada, ou seja, com três meses de atraso em relação a 2006, quando foi o mais votado no estado.

Sem plano B

Caso Osmar Dias (PDT) não aceite ser candidato à reeleição na chapa tucana, o que deve ser decidido até a próxima terça-feira, o PSDB não trabalha com um nome para a vaga. Ou seja, deve apostar todas as fichas em Ricardo Barros.

Pode parecer pouco diante de um eleitorado de 135 milhões de brasileiros, mas os 7,5 milhões de paranaenses habilitados para ir às urnas em outubro podem fazer um estrago nas estratégias de campanha de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). São 5,5% de votos indispensáveis em uma disputa que promete ser a mais apertada de todos os tempos. O problema é que o voto das Araucárias costuma ser um dos mais indomáveis do país.

Em 2006, tudo apontava para uma reeleição tranquila do governador Roberto Requião (PMDB), mas a vitória contra o senador Osmar Dias (PDT) teve uma margem de 10 mil votos. No mesmo ano, Lula (PT) perdeu os dois turnos para Geraldo Alckmin (PSDB) na eleição presidencial. No primeiro, a diferença foi de 853 mil votos para o tucano.

Só essa vantagem corresponderia hoje a 0,63% dos votos em disputa no Brasil, algo significativo mediante o empate técnico em que se encontram petistas e tucanos. O mais estranho é que Lula havia vencido Serra no Paraná nos dois turnos de 2002. E que hoje o presidente voltou a ser o maior cabo eleitoral do estado.

Por essas e outras reviravoltas os caciques da política nacional veem o comportamento do eleitor paranaense como uma Jabulani chutada a 150 quilômetros por hora. Em caso de dúvida, é melhor não deixar que o adversário bata para o gol. É essa estratégia que norteia as negociações para a escolha dos candidatos a governador.

Do lado tucano, o ex-prefeito Beto Richa é tratado como uma estrela porque promete uma sacolada de votos após a reeleição em 2008. A fama é merecida, afinal ele recebeu 77% dos votos dos curitibanos. Mas não neutraliza as imponderáveis particularidades do Paraná.

Osmar Dias foi o paranaense que mais recebeu votos em uma eleição majoritária na história – 2.776.368, quando foi reeleito para o Senado em 2002. Se repetisse a atuação em uma dobradinha com um candidato a presidente em 2010, teria a oferecer, em números atualizados, cerca de 3% do eleitorado nacional. Por isso é tão cortejado por tucanos e petistas.

Os resultados de Osmar também representam a desagregação do eleitor paranaense. De uma maneira geral, existem pelo menos três estados dentro do Paraná. Grosso modo, há os paranaenses da capital (que se estendem do litoral aos Campos Gerais), os do Norte-Noroeste, influenciados pelos paulistas, e os do Oeste-Sudoeste, mais ligados aos gaúchos.

Quem consegue se estabelecer nos três nichos sem uma perda muito grande em Curitiba e região metropolitana, onde está concentrada a maioria do eleitorado, tem grandes chances de vencer. O duro é superar as diferenças culturais entre as regiões. Assim como é difícil para Beto entrar no interior, é complicado para Osmar entrar na capital.

As mesmas restrições afetam a campanha presidencial. Se já é complicado para um paranaense enfrentar tantas singularidades, imagina para forasteiros. Por isso Dilma e Serra buscam tanto alguém que lhe ofereça esses atalhos e que feche portas para os adversários.

Também por isso nunca uma eleição paranaense foi tratada sob uma ótica tão nacional. Filho de José Richa, um dos fundadores do PSDB, Beto é peça-chave no tabuleiro serrista. Osmar, que construiu a carreira como um político local, sem ideologia marcante, cabe tanto de um lado quanto de outro.

Indeciso sobre tentar a reeleição para o Senado ou candidatar-se a governador, o pedetista mudou de status. Qualquer caminho que ele escolher contribuirá para a eleição do próximo presidente. Além disso, se desistir de se candidatar a governador, Osmar ressuscitará os velhos tempos de acordos brancos que já foram marca registrada das eleições no Paraná.

No caso de um eleitorado indomável, a receita mais prática para evitar surpresas é apresentar poucas opções. É ruim para a democracia. Mas ótimo para os políticos.

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