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Em 31 de agosto do ano passado, quando o governo mandou para o Congresso Nacional o projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2012, um número afrontava o Paraná. A proposta destinava para o estado o segundo menor volume de investimentos por habitante entre as 27 unidades da federação, atrás apenas de São Paulo, irmão mais rico e populoso de todos. Numa comparação apenas entre a Região Sul, a União propôs investir R$ 68,55 por paranaense, contra R$ 132,32 de cada catarinense e R$ 172,55 de cada gaúcho.

Os números contemplavam apenas as despesas "discricionárias", ou seja, aquilo que o governo federal tem autonomia para escolher quanto e onde aplicar. Será que houve algum equívoco ou erro de digitação de um funcionário do Ministério do Planejamento? Não, a situação do estado na divisão dos recursos em Brasília que é historicamente feia mesmo.

Na soma das despesas discricionárias com investimentos entre 2007 e 2010, o Paraná ficou com R$ 1,3 bilhão, Santa Catarina com R$ 2,2 bilhões e o Rio Grande do Sul com R$ 4,6 bilhões. Para ficar bem claro: a cada R$ 100 em investimentos planejados pela União no Sul por conta própria, R$ 56 foram para os gaúchos, R$ 28 para os catarinenses e R$ 16 para os paranaenses. Vale frisar que o Paraná tem uma população similar à do Rio Grande do Sul (10,5 milhões contra 10,7 milhões, respectivamente) e bem mais habitantes que Santa Catarina (6,3 milhões).

Um dos remédios para corrigir no Congresso Nacional as distorções da proposta inicial da LOA feita pelo Poder Executivo seriam as emendas parlamentares. No ano passado, a bancada paranaense conseguiu aprovar mais R$ 364 milhões em investimentos para 2012. Ótimo, não fosse o baixíssimo índice de execução das emendas coletivas – no ano passado, o governo empenhou apenas 10,9% dos R$ 302,6 milhões previstos.

Há algo de errado em todas essas contas. É justo que o sistema federativo brasileiro auxilie a redistribuição das riquezas nacionais, que o ente mais rico ajude a financiar o mais pobre. Difícil explicar, no entanto, por que os gaú­­chos são prestigiados com fa­­tias do bolo três vezes maiores que os paranaenses, sendo que a economia dos dois estados tem uma dinâmica similar.

Talvez a resposta esteja no desleixo do Paraná nas relações com o poder central. O que não é de hoje. Desde sempre o governo do estado não consegue nem articular um es­­critório de representação em Bra­­sília que traga resultados efetivos.

Na semana passada, a estrutura foi desativada "temporariamente". A ideia é corrigir falhas para, a partir de fevereiro, tentar recomeçar com o pé direito. Mas lá se foi um ano de gestão Beto Richa para que isso acontecesse.

Outro erro é achar que há só um culpado, que apenas o governador vai fazer milagre. Falta articulação da bancada (aliás, a sexta maior do país) e, obviamente, uma sintonia mais fina com os poderosos ministros conterrâneos, Gleisi Hoff­­mann e Paulo Bernardo. Para completar, existe uma carência enorme de bons projetos (não basta que­­­rer mais dinheiro, é preciso sa­­­ber onde aplicá-lo e com eficiência).

Por tudo isso junto, brigar por dinheiro em Brasília não é uma questão de bairrismo paranaense ou de passar a perna nos vizinhos. É a correção de uma série de distorções históricas. Elas não foram inventadas pelas autoridades e políticos de hoje, mas são eles que têm o dever de corrigi-las.

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Nos corredores

Alvaro: saúde irritante

Após admitir a hipótese de tentar concorrer à Presidência em 2014, o senador Alvaro Dias (PSDB) tem feito piada com outra possibilidade: de se aposentar. Nas próximas eleições, o tucano estará beirando os 70 anos, mas garante que ainda tem "muita lenha para queimar". "Meus adversários costumam dizer que eu tenho uma saúde irritante", afirmou.

Gleisi convida

Partiram da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, os convites para todos os ministros participarem das reuniões setoriais do governo que começaram ontem. Ela também teria recomendado que todos os colegas trouxessem um CD com informações orçamentárias. Muitos entenderam como um prenúncio do corte de R$ 60 bilhões que deve ser anunciado nas próximas semanas.

Rios em código

Coordenador político da bancada ruralista, o deputado paranaense Moacir Micheletto (PMDB) antecipa que o texto do Código Florestal aprovado no Senado terá poucas mudanças na Câmara. Entre as questões mais polêmicas, talvez apenas a que estipula os limites de preservação nas margens de rios. Micheletto foi o principal responsável pela indicação de Paulo Piau (PMDB-MG) como relator da proposta, que deve ser votada em março.

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