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Nos corredores

Porque não

O motivo da resposta negativa do deputado federal Ratinho Júnior para ser vice de Beto Richa (PSDB) na disputa pelo governo do estado está no futuro – e não no passado. Logo após a derrota para Gustavo Fruet (PDT) na disputa municipal de 2012, Ratinho já havia feito o planejamento para ser candidato a governador ele próprio, mas apenas em 2018.

Nem perto, nem longe

Com a decisão, Ratinho mantém uma distância saudável dos principais grupos de poder no estado – o PSDB de Beto Richa, o PT de Gleisi Hoffmann e o PMDB de Roberto Requião. A ideia é se consolidar como alternativa independente em relação aos três, mesmo que tenha anunciado apoio à reeleição do tucano.

Próxima pressão

Depois da pressão para ser vice de Richa, a próxima pressão sobre Ratinho Júnior deve ser para presidir a Assembleia Legislativa. Se confirmar a expectativa de ser o deputado estadual mais votado, ele deve formar uma bancada "própria" do PSC e aliados com até dez parlamentares.

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    Aldo Rebelo dá uma coçadinha no bigode com uma mão, com a outra segura uma mala preta. "Messi, compañero, precisamos chegar a um acuerdo", diz o ministro. "Un milhón de dólares y la Cuepa es nuestra!"

    Se o hexa está no bolso do Brasil, inevitavelmente precisaria desse tipo de negociação para chegar até lá. E, para comprar a Copa direito, muita gente teria de receber a sua parte – dezenas (ou centenas) de jogadores, treinadores, árbitros e dirigentes. Haja grana.

    Imagine qual seria a resposta do craque argentino. Não faça um cálculo moral, mas financeiro mesmo. No último dia 17, a revista Forbes divulgou a lista com os dez jogadores mais bem pagos do mundo – Messi é o segundo do ranking.

    O craque do Barcelona ganha US$ 64,7 milhões por ano entre salário e participação em campanhas publicitárias. Na frente dele, aparece o português Cristiano Ronaldo, com US$ 80 milhões. O décimo é o meia alemão Özil, com reles US$ 18,8 milhões.

    Sim, Messi daria risada até com uma oferta dez vezes superior à inicial. E tem outra: para que se vender, mesmo que seja por US$ 100 milhões, se ele pode ganhar muito mais dinheiro, por muito mais tempo, sendo campeão mundial? Complicado esse negócio de comprar uma Copa, não?

    Ainda assim, muita gente (inclusive "esclarecidos" de plantão) insiste na bizarra tese de que o governo negociou a taça para o Brasil. O objetivo, claro, seria ajudar a campanha da presidente Dilma Rousseff. O Brasil ganhou, Dilma se reelegeu.

    Por mais que seja complicado descrever o tamanho dessa bobagem, ela carrega uma percepção interessante sobre o atual cenário político do país. As duas décadas de polarização entre PT e PSDB nas eleições presidenciais colaboraram para um processo de idiotização do debate eleitoral, que parece ter chegado ao seu ápice. Toda informação passa por um processo de simplificação irracional.

    Para quem detesta o petismo, Dilma se transformou na vilã para tudo. Havia gente jogando no colo da presidente o tamanho das filas para entrar no Mané Garrincha nos jogos em Brasília. Se falta comida nos estádios, também é culpa da presidente – inclusive para aqueles que outro dia pregavam o #nãovaitercopa.

    Do outro lado, Lula inflama os petistas na idealização de uma "elite branca" que impede o desenvolvimento do país. Esse povo do mal quer acabar com o Bolsa Família e recolocar o Brasil em uma era desemprego e recessão. Um grupo preconceituoso que não tolera a ascensão social.

    No fundo, ambos os lados jogam com a incapacidade de reflexão das pessoas. Mais fácil falar de ódio ao oponente do que tentar entendê-lo. No futebol, isso acaba em briga de torcida, na política, em governos que precisam comprar apoios para se manter de pé.

    Curioso que você deve ter ouvido mais sandices relacionadas à compra da Copa na semana passada do que à última troca na Esplanada, em que Dilma cedeu às pressões do PR de Valdemar Costa Neto para substituir o ministro dos Transportes – César Borges foi para a Secretaria dos Portos, substituído por Paulo Passos. Está aí o exemplo perfeito: o governo merece, sim, ser criticado pelo que faz de errado. Mas não por qualquer boato mirabolante.

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