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Após o surpreendente desempenho na disputa pela prefeitura de Curitiba, em 2012, seria natural pensar que Ratinho Júnior (PSC) fosse o oponente natural à reeleição de Gustavo Fruet (PDT), em 2016. Há dois anos, no entanto, ele vem repetindo que seu objetivo mudou: quer brigar pelo Palácio Iguaçu, em 2018. Levantamento do Paraná Pesquisas publicado na semana passada pela Gazeta do Povo embaralhou esses planos.

Recordista de votos para a Assembleia Legislativa, ano passado, o deputado aparece como favorito absoluto nas intenções de voto para a sucessão municipal. Tem 37,15%, contra 17,16% de Fruet, 9,93% de Luciano Ducci (PSB), 7,23% de Requião Filho (PMDB), 6,62% de Fernando Francischini (SD), 3,43% de Ney Leprevost (PSD), 2,45% de Tadeu Veneri (PT) e 1,96% de Ricardo Gomyde (PCdoB). Os 20 pontos porcentuais de vantagem sobre o segundo colocado obrigaram-no a se assumir como candidato no ano que vem.

Mas o que realmente esses números dizem? Na prática, que Ratinho está no mesmo patamar de 2012. No primeiro turno, ele fez 34,09% dos votos, contra 27,22% de Fruet e 26,77% de Ducci. No segundo, chegou a 39,35%, contra 60,65% de Fruet.

Ou seja, se por um lado conseguiu a proeza de não perder eleitores, por outro, não teve ganhos. É aí que está o dilema: não há indicativos de que o teto de Ratinho mudou. Permanecer no patamar em torno de 40% dos votos em uma metrópole como Curitiba é muita coisa, mas falta musculatura para garantir mais 10 pontos (e um voto) para vencer.

Ratinho já dimensionou no confronto mano a mano com Fruet o peso da rejeição da classe média/alta curitibana. Frequentemente, ele costuma reclamar de uma declaração da então ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, durante a campanha, de que o candidato dela (Gustavo Fruet) tinha "nome e sobrenome". A mágoa traduz a dificuldade de vencer sem ao menos o apoio de uma família tradicional.

De acordo com o Paraná Pesquisas, Ratinho tem 55% das intenções de voto entre os eleitores com ensino fundamental, contra apenas 5% de Fruet. Entre os entrevistados com ensino médio, a diferença cai para 41,18% a 7,84%. No universo dos que têm ensino superior, quem ganha com folga é o atual prefeito – 33,33% a 11,11%.

A percepção original do deputado é de que esse cenário de rejeição dos mais escolarizados se diluiria em uma disputa estadual. No interior, ele conseguiria superar (ou pelo menos amenizar) o preconceito que sofre na capital. Faz sentido.

Apesar de fazer política exatamente do mesmo jeito que um Richa, Requião, Dias ou Fruet, Ratinho encarna o perfil do eleitor "sertanejo universitário". É jovem, divertido e, principalmente, tem a capacidade de falar o que as pessoas querem ouvir. E, como se percebe pelos "clássicos" recentes da música pop, esse dom não precisa ser consistente – vai de dar uma fugidinha com você a comprar um Camaro amarelo.

Se for realmente seduzido pelos números, Ratinho tem grande chance de disputar a prefeitura de Curitiba, em 2016, e repetir a moda de 2012. O curioso é que, do outro lado, Fruet parece se encaminhar para a mesma dança de Ducci. Se não melhorar urgentemente os índices de aprovação da sua gestão, é o pedetista quem corre o risco de não chegar nem ao segundo turno.

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