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A festa de 50 anos da terra eternizada pelo arquiteto Oscar Niemeyer terá como estrela Jaime Lerner. A um ano e oito meses das comemorações, uma lista de 14 obras de revitalização de Brasília proposta pelo paranaense começa a sair do papel em setembro. O lançamento da pedra inaugural do Parque Burle Marx, um enorme complexo com capacidade para receber 10 mil pessoas ao dia, está marcado para o próximo dia 12, com a presença do presidente Lula.

As intervenções têm a intenção de dar um toque curitibano à capital do país. A idéia está escancarada nos projetos da Via Interbairros, que cortará o Distrito Federal da cidade-satélite de Samambaia ao Plano Piloto, e no Taguaparque, em Taguatinga, que terá mirantes, praças de alimentação e anfiteatros. Tudo com a assinatura do Instituto Jaime Lerner e Associados e as bênçãos do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.

Quem prepara terreno para a revolução lernista é o pupilo do arquiteto e também ex-prefeito de Curitiba Cassio Taniguchi. Escolhido a dedo por Arruda para a Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Meio Ambiente e Habitação, Cassio tem de matar um leão por dia para resolver os problemas de uma região que mistura bolsões de pobreza, inchaço populacional e trânsito caótico. Há um ano e meio no cargo, ele ainda concentra forças para melhorar o sistema de transporte público do Distrito Federal, um dos mais caros e disfuncionais do país.

É óbvio que a costura e o batalhão de projetos tem um fundo político. O arquiteto Lerner e os engenheiros Cassio e Arruda são do mesmo partido, o DEM. Desajeitado no papel de oposição ao governo Lula, o antigo PFL não governa nenhum outro estado e pena para ganhar algumas capitais na disputa municipal deste ano.

Ancorado no know-how dos curitibanos, o governador do Distrito Federal tenta realizar obras audaciosas e usar o cinqüentenário de Brasília, em abril de 2010, como um trampolim para a candidatura ao Palácio do Planalto, um semestre depois. Fora da grande política, Lerner ganha prestígio, enquanto Taniguchi volta à cena para um possível novo mandato na Câmara dos Deputados – ele foi eleito em 2006, mas está licenciado.

Sob uma ótica fria, distante das questões eleitorais e partidárias, a iniciativa é interessante. Quem conhece a capital sabe que o projeto urbanístico de Lúcio Costa está com o prazo de validade vencido e que os prédios de Niemeyer são mais belos do que aprazíveis (tem muita gente, muita mesmo, que nem bonito acha). Sem pestanejar, não é preciso nem falar leite quente para saber que uma pitada da antiga funcionalidade curitibana não faria nada mal à árida e desgastada Brasília – "uma solidão só", segundo a certeira definição de Lula.

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Nos corredores

Guerra no PMDB

O lançamento da pré-candidatura da capixaba Rita Camata à presidência da Câmara dos Deputados embaralhou a disputa interna no PMDB. O fato pode provocar um recuo do paranaense Osmar Serraglio, que sonhava com uma disputa interna isolada com o favorito Michel Temer, de São Paulo. Na semana passada, o atual presidente, Arlindo Chinaglia (PT-SP), anunciou que os petistas apoiarão o nome indicado pelo PMDB, o que esquenta o confronto peemedebista.

Olho por olho

O senador Flávio Arns (PT) tenta mobilizar os colegas para tentar derrubar o veto integral do presidente Lula ao projeto de lei que considera portador de deficiência quem enxerga com apenas um olho. Na terça-feira, o paranaense foi à tribuna para protestar contra a atitude do presidente. Arns afirmou que o Supremo Tribunal Federal já considerou a visão monocular uma deficiência e que o presidente tomou uma decisão precipitada, que será facilmente revertida no futuro.

Mr. Burns

A retomada do Programa Brasileiro de Energia Nuclear aumentou as esperanças de aprovação da proposta de emenda constitucional do deputado federal Alfredo Kaefer (PSDB), que libera a construção de reatores pela iniciativa privada. O projeto tem parecer favorável do relator Bruno Araújo (PSDB-PE) e está na fila para ser votado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Para Kaefer, é a chance de gerar energia limpa sem gastar dinheiro público. Para muitos ecologistas, é sujeira pura.

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"A lentidão mesclada pela paralisia produziu canteiros de obras paradas, demonstrando a inoperância administrativa e gerencial do governo e ratificando o PAC como instrumento concebido nas pranchetas de uma campanha de autopromoção."

Alvaro Dias, senador (PSDB-PR), em artigo publicado na internet.

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