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Assim como as pesquisas de opinião mostram Dilma Rousseff com avaliação positiva inédita no primeiro ano de governo na comparação com seus antecessores desde a redemocratização, balanços de fim de ano constataram que a presidente conta com a maioria mais ampla no Congresso de todo o período.

Tanto na Câmara quanto no Senado o governo conta com cerca de 80% dos parlamentares. Entre os 513 deputados, apenas 91 são de partidos da oposição, que ficou reduzida a 17 senadores depois da eleição de 2010.

Nem Lula conseguiu isso. Ele teve 37% de oposicionistas no primeiro mandato e 30% no se­­gundo. Considerando a redução, à primeira vista pode se chegar à conclusão de que o governo do PT dizima gradativamente a oposição que nesse ritmo caminha para a extinção caso perca as próximas eleições presidenciais.

Examinando mais detidamente o apanhado feito pela Folha de S. Paulo em dezembro, vê-se, no entanto, que o governismo no Congresso não é necessariamente o resultado de um bem-sucedido plano engendrado pelo PT. Seria, por assim dizer, mais um hábito do político brasileiro, uma vocação.

Fernando Henrique Cardoso bateu Lula e chegou perto de Dil­­ma em matéria de adversários no Parlamento: na Câmara teve apenas 24,5% de oposicionistas no primeiro mandato e 26% no segundo.

Fernando Collor de Mello foi o presidente com a maior oposição (49% da Câmara) e Itamar Franco durante o mandato tam­­pão de dois anos encontrava resistência em 33% dos de­­putados, enquanto José Sarney, com toda a impopularidade pós-Plano Cruzado, ficou na marca dos 37%.

Esses números nos contam que o Congresso brasileiro, descontadas as excepcionalidades, é uma instituição essencialmente governista, avessa ao contraditório.

Explicam a razão de Dilma Rousseff contar com mais apoio que Lula: trata-se de uma progressão, a cada governo presidido pelo mesmo grupo político amplia-se a adesão. O contrário aplica-se à oposição que nunca foi tão pequena desde a volta da democracia, mas também nunca foi tão grande a ponto de contrapor o Legislativo ao Executivo.

Uma realidade que expressa a ausência de identificação ideológica da sociedade, distorce a função do Parlamento de representar a diversidade de pensamentos e, sobretudo, anula o debate e a fiscalização que o Congresso deveria exercer sobre o Poder Executivo em nome da delegação recebida nas urnas.

Presidentes não governam sem apoio no Congresso, mas maiorias tão exorbitantes desequilibram os pilares da Repú­blica e, por serem artificiais, sem sustentação programática, servem ao poder de turno no lugar de servir ao público.

Deixa disso

Se dependesse do PMDB não ha­­veria reforma ministerial alguma. Os dirigentes sabem que não ganharão nada, mas não querem correr o risco de perder espaço no tiroteio partidário que em ge­­ral toma conta das antessalas des­­se tipo de rearranjo.

A propósito

Se não há nada de irregular nem é justo falar de favorecimento político no direcionamento de verbas para Pernambuco, por que foi mesmo que a ministra da Casa Civil interrompeu o recesso para tratar do assunto?

A mesma dúvida aplica-se à volta ao trabalho do ministro Fernando Bezerra e imediata adoção de agenda de visitas a regiões atingidas pelas cheias, preocupação surgida apenas depois da divulgação do fato. Até então, a despeito do período anual de chuvas, Bezerra estava em férias.

Protagonista

No artigo de sexta-feira sobre o tratamento ameno que a oposição dá ao ministro Fernando Be­­zerra, a razão apontada é a ex­­pectativa do PSDB de ter o governador Eduardo Campos (PE) co­­mo futuro aliado.

Cabe acrescentar: Campos é sonho de consumo eleitoral não só dos tucanos, mas de todos os partidos.

Será figura central das articulações para a eleição de 2014 e, por isso, alvo tanto de assédio quanto de ataques.

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