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Quando antecipou o início da campanha eleitoral de 2010 para 2008, o então presidente Luiz Inácio da Silva precisava do tempo como aliado para "construir" Dilma Rousseff. Para o projeto de reeleição da presidente isso não é mais necessário; oficialmente ela é a protagonista da cena política.

Tampouco Lula necessita de projeção, caso mais adiante decida se candidatar mais uma vez. Hipótese hoje negada – até para que não se antecipe junto com a campanha, na prática, o fim do mandato Dilma – mas sempre uma possibilidade se essa for a maneira mais segura de manter unida a tropa dos hoje aliados.

Ele cumpre, assim, um papel que a presidente da República não poderia desempenhar com a mesma desenvoltura.

Precavido, o ex-presidente iniciou ontem, com uma pré-estreia estratégica no Rio para falar aos operários das obras de reforma do Maracanã, um périplo pelo país ao molde das caravanas dos anos 90 para preparar o terreno para as eleições presidenciais.

Até 18 de maio, vai percorrer pelo menos 10 estados, o que significa exposição garantida no noticiário político, presença junto ao eleitorado de cada canto do Brasil e "amarração" das alianças regionais antes que o adversário lance mão de uma parte delas.

O roteiro prevê três paradas politicamente importantes: nesta semana no Ceará governado por Cid Gomes, do PSB, onde o irmão mais famoso dele, Ciro, acaba de criticar o presidente do partido, Eduardo Campos. Que, segundo ele, não tem "estrada" para governar o país e, além disso, precisa abrir mão dos cargos federais antes de pensar em se contrapor ao PT no plano nacional.

Assim como faz a oposição quando vê na possível candidatura de Campos uma chance de inserir uma cunha na base governista, Lula semeia a cizânia no PSB.

A outra parada, em 14 de abril, será em Minas Gerais, terra do pretendente do PSDB, Aécio Neves, e a terceira em 15 de maio, no Rio, onde PMDB e PT começam a se estranhar seriamente. Ambos – escolhidos não por acaso – são os maiores colégios eleitorais depois de São Paulo.

Em termos de alianças, nada é garantido por enquanto, mas Lula faz o que pode: trabalha para não precipitar brigas e rupturas entre os partidos aliados do governo, um dos efeitos colaterais negativos da antecipação da campanha eleitoral.

À margem

O Supremo Tribunal Federal derrubou a decisão liminar do ministro Luiz Fux que obriga o Congresso a examinar, em ordem cronológica, os vetos presidenciais acumulados há 13 anos.

Não quis intrometer-se em questões "interna corporis". Muito bem, mas em algum momento o STF, na condição de guardião da Constituição, vai ter de se manifestar sobre o fato de o Parlamento ignorar solenemente o preceito que manda os vetos serem votados em 30 dias, sob pena do trancamento da pauta.

Não adianta nada os congressistas cortarem um pou­­­­co da gordura que abunda naquele ambiente para fazer um carinho na opinião pública se é o primeiro a viver na ilegalidade. Continua em dívida com o país.

O processo legislativo, cumpre lembrar, não se encerra com a aprovação de projetos e emendas. Quando há vetos, só se completa com a derrubada ou manutenção da manifestação do chefe do Executivo.

Dinheiro na mão

Em qualquer país onde o orçamento federal fosse para valer, a primeira e mais evidente consequência da não aprovação seria a suspensão do pagamento do funcionalismo.

Valesse a regra, o Congresso não se daria ao desfrute de encerrar o ano legislativo sem aprovar o orçamento do ano seguinte. Sob pena de arriscar-se a ver o que é bom para tosse em matéria de protesto contra a inércia.

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