• Carregando...

Saúde, educação, saneamento, segurança, transporte coletivo. Qualquer eleitor que acompanhe os debates políticos, que leia jornais ou mesmo que converse com conhecidos sobre as eleições municipais sabe de cor a lista dos grandes temas que compõem a agenda política dos nossos candidatos. Não há dúvida de que se trata de assuntos fundamentais, em relação aos quais a boa ou má gestão da prefeitura pode produzir efeitos decisivos sobre a nossa qualidade de vida.

Mas há algo além dessa Política com "P" maiúsculo ou, se quiserem, dessa grande política. Há uma política miúda, diária, cotidiana, em relação a qual todos nós temos certa responsabilidade. Se entendermos por política uma ação cujos efeitos afetam obrigatoriamente a vida de outros que conosco convivem, então todos nós temos uma responsabilidade significativa em relação à qualidade de vida na cidade. O carro estacionado em fila dupla nas saídas das escolas, o som alto do playboy, a gritaria amplificada eletronicamente das lojas populares no centro da cidade, o lixo na rua, o ônibus depredado, a parede pichada, o poste quebrado, o terreno baldio abandonado, o desrespeito à faixa de pedestres e tantas outras pequenas ações cotidianas somadas podem fazer da vida na cidade um pequeno inferno.

Esses dois mundos, a Política e a política, estão, é claro, interligados. A prefeitura cumpre importante papel na regulamentação e no cuidado do espaço público. A ela cabe punir aqueles que desrespeitam regras fundamentais do convívio coletivo.

O problema é que essa política miúda parece ser vista com certo desprezo, coisa sem importância, que não rende votos, e, assim, políticos e cidadãos não atentam para o fato de que a somatória de vários atos individuais auto-interessados pode ter um efeito coletivo muito negativo. Não se percebe que, às vezes, com medidas simples e de pouca visibilidade pode-se produzir resultados muito benéficos sobre as nossas vidas. Simplicidade e pouca visibilidade... Talvez aí resida o menosprezo pelo assunto.

Renato Perissinotto é cientista político e escreve às terças-feiras.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]