A arte de prometer cortesia com o chapéu alheio

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Já reparou que para os candidatos tudo é possível e que governar é a tarefa mais simples do mundo? Tudo pode neste faz-de-conta pré-eleitoral. Tem candidato prometendo aumentar os impostos das casas desocupadas, se é que existem tantas para justificar tal promessa. Se os proprietários não fizerem uso, que as repasse para quem precisa de moradia. Outro vem com a velha idéia do passe livre para estudantes – só não diz quem vai pagar a conta. Tem até promessa de gravadora para editar CDs de artistas locais deixando de lado as leis de mercado e da competência. Onde ficará o depósito de CDs jogados fora, se o lixão da Caximba já está cheio? Há promessas de computadores em todas as escolas públicas e médicos para as famílias e com atendimento domiciliar. Seremos uma Dinamarca com todos os seus bônus e nada de ônus. O horário eleitoral entope nossos ouvidos com promessas vazias, sem conteúdo e a mínima chance de realização. Só se debatem planos quiméricos, genéricos e ideais de campanhas partidárias.

Uma coisa é prometer, a outra é a possibilidade da realização. Não passa pela cabeça dos que prometem a mínima noção do que é fazer o anunciado. Há tempos esperamos que baixem os preços dos pedágios, que não foi feito porque entre o prometido e o executar existem contratos reais muito bem amarrados. Desta promessa só vamos receber o encargo futuro de pesadas custas jurídicas. Brinca-se com a credulidade do povo. É por isso que o índice de "não vou assistir ao horário eleitoral" é alto. Odorico Paraguaçu fazia melhor em Sucupira – o eterno lugar que vive dentro de nós Macunaímas. Acreditamos em tudo, até nas impossibilidades totais, pois a realidade não faz parte do nosso vocabulário.

Sai dos muros e vai para os vidros traseiros

Pintar muros não pode, mas encher as ruas de carros adesivados pode.

Esta, com certeza, será a grande mídia nesta eleição. Os primeiros já estão rodando e a criatividade tupiniquim anda solta. Já enxergamos verdadeiras pérolas ambulantes. É divertido, quando presos nos engarrafamentos, temos o que fazer: ler as propostas dos candidatos. Outro dia, segui o carro do palhaço Lingüiça – candidato a vereador – por vários quarteirões. Eloi Zanetti é especialista em marketing e comunicação corporativa e escreve às quintas-feiras.