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A frase sintetiza um conceito forte que, levado a sério por Jaime Lerner, promoveu mudanças profundas na estética da nossa cidade e no comportamento dos seus habitantes. É no cenário urbano que as pessoas se encontram, trocam experiências culturais e fazem rodar a economia. O poder público, com sua capacidade de planejamento, decisão e execução, precisa criar condições para que isso aconteça.

Foi a criação de cenários como a Ópera de Arame, o Bosque do Papa, o Jardim Botânico e os di­­versos parques e praças que hoje compõem o espaço urbano curitibano, que faz a nossa cidade ser o que é – um lugar gostoso de morar e visitar. Cenários que vestiram o curitibano de orgulho, criando nele senso de pertencimento. "Tenho orgulho de mo­­rar e viver aqui", diz a maioria das pessoas.

Quando o trabalho é feito com arte e bom gosto, todos ganham. O visitante curioso vem conhecer o que foi feito. Hotéis, companhias de transportes, ba­­res, restaurantes, garçons, taxistas e a economia local usufruem dos benefícios diretos e indiretos do turismo. Também ganha o cidadão local, que, ao circular entre os espaços criados, passa a interagir mais com os seus conterrâneos e visitantes. O Paço Mu­­nicipal, restaurado e colocado nas mãos hábeis do pessoal da Fecomércio, tornou-se um simpático ponto de encontro para músicos, artistas e moradores que gostam de andar pelo centro. O mesmo aconteceu com a cafeteria e a loja do Museu Oscar Niemeyer – condições foram cria­­das, o assunto foi tratado com a dignidade merecida e o povo respondeu comparecendo. O lugar está ficando cult. O lúdico e o dileto criam cultura e mo­­vimentam a economia.

Curitiba, considerada por qua­­se 300 anos como apenas um lu­­gar de passagem, até há pouco tempo visitada apenas com um pernoite e uma tarde de andança, hoje, graças à criação dos no­­vos espaços cênicos, precisa de, no mínimo, três dias para ser visitada. Mais cenários para ver, mais tempo de cidade, mais diárias de hotéis, mais gastos locais. Quer re­­ceita mais prática? É comum nos depararmos com os simpáticos ônibus da Linha Turismo cheios de turistas e de curitibanos.

O que faz de Las Vegas – uma cidade no meio do deserto – ser visitada anualmente por mais de 30 milhões de turistas são os seus cenários. Artificiais, mas cenários. O ser humano precisa e se encanta com uma bela paisagem e uma decoração bem trabalhada. Vamos para Paris e vemos a Tor­­re Eiffel – um cenário. Va­­mos a Roma e ele está lá, o Co­­li­­seu, outro cenário. O Rio de Ja­­nei­­ro tem a graça de ser uma cidade de um cenário só, mas mag­­nífico. Curitiba é o que é ho­­je – uma cidade a ser visitada – por causa dos seus cenários. Você já se deu conta disso?

O Parque Barigui, outrora um pântano pestilento, virou um be­­lo lugar para encontros de amigos, animação, arte e atividades esportivas. Do outro lado da cidade a população, por sua própria conta e ordem, se organiza e todos vão ao "cachorródromo" – aquele campo que fica atrás do "Museu do Olho", onde se reúnem centenas de cães e seus donos todos os finais de semana. A feirinha do Largo da Ordem traz geração de em­­prego e renda para mi­­lhares de artesãos e comer­­cian­­tes. Se esses lugares estão dando certo, por favor, não mexam, deixem tudo como está, que o povo sabe o que quer. Só cuidem da segurança e da limpeza e, se possível, deem um empurrão na animação – curitibano demora um pouco para esquentar.

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