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A grande virada nas campanhas eleitorais mundiais começou com o famoso debate Nixon versus Kennedy (1960) na televisão. Kennedy começou a campanha em baixa e ganhou de virada porque soube usar a mídia que despontava na época, a televisão.

Quase cinco décadas, muitos regulamentos e experiências depois, o aproveitamento deste veículo em campanhas eleitorais começa a dar sinais de cansaço. O engessamento das leis eleitorais, a formatação rígida do sistema de perguntas, respostas e réplicas impossibilitam a espontaneidade dos candidatos. Somados à falta de interesse e descrédito do maior interessado, o eleitor, chegamos a um quase saturamento. Ninguém tem mais paciência para ver político debatendo porque, como dizia o Barão de Itararé: "De onde menos se espera é que não sai nada mesmo."

O que ainda está valendo é o velho formato comercial que realmente ajuda a decidir e a tornar os nomes mais conhecidos. Candidato com pouquíssima aceitação tem no seu plano: "Não tenho a mínima chance de ganhar, mas fico famoso e parto para outras empreitadas."

Candidatos e marqueteiros fiquem atentos às novas ferramentas de comunicação que brotam diariamente na web. Os blogs, sites, streamings, a possibilidade da interatividade e a remessa de mensagens em vídeo chegaram para ficar. É uma mídia nova, com seus códigos de uso e aproveitamento ainda não bem compreendidos. Não vai ser nesta eleição, mas na próxima, candidato que quiser interagir com eleitor vai ter de fazê-lo via web.

Compre esperança, eleitor, ainda dou uma de graça para o senhor

Como descendentes de lusitanos herdamos um estado de alma chamado sebastianismo. Em 1578, dom Sebastião, rei de Portugal, sumiu em uma batalha contra os mouros. Por falta de herdeiros, o trono foi parar nas mãos do seu primo, o rei Filipe II da Espanha. Os portugueses, desgostosos por serem governados por um espanhol, rezam e esperam a volta do rei desaparecido até hoje. Este messianismo – acreditar que alguém mais forte virá para resolver os nossos problemas – impregnou o modo de ser luso-brasileiro. Estamos sempre à espera de que o governo resolva nossos problemas. Esperamos ganhar na loteria, que nosso filho seja contratado pelo Barcelona e nossa filha desbanque a Gisele Bündchen. Como povo, somos eternos crentes em salvadores e milagres. Ações próprias e concretas para melhorar nossas vidas, jamais. É nesta fé ingênua que os políticos se sustentam para nos vender esperança. Vote em mim que acabo com as filas nas creches, dou ônibus de graça, educação de Primeiro Mundo, vagas em hospitais e um mundo maravilhoso. Cuidado, eleitor amigo, a esperança é uma grande falsária.

Eloi Zanetti é consultor em marketing e comunicação corporativa e escreve às quintas-feiras.

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